A Estrada Real.
Amados de DEUS, em uma época na qual a humanidade passou a ignorar a verdade de nossa fé e existência, cumpre-nos mais uma vez fazer ecoar nos corações de nossos irmãos o chamado para trilharmos o reto caminho que nos leva a salvação de nossas almas.
Atualmente, segundo consenso mundial, o autor da importantíssima obra “Imitação de CRISTO”, foi o Frei alemão Tomás de Kempis, nascido em 1380, na aldeia de Kempen, próxima a Colônia. Esse abençoado Frei foi monge agostiniano, sendo ordenado sacerdote em 1412. Durante seus 91 anos de vida, viveu no Mosteiro de Santa Ana, onde foi responsável pela condução das almas daqueles que chegavam para se entregar a CRISTO, ou seja, mestre de noviços.
Tomás de Kempis entregou sua bendita alma a nosso SENHOR em 1471, na cidade de Zwolle, distrito de Utreque. É importante ainda que se registre, que o referido Frei além de ser inspirado por DEUS em seus diversos escritos (livros), também foi agraciado com Locuções interiores de nosso SENHOR JESUS CRISTO; como fica muito claro em diversas páginas da abençoada Obra “Imitação de CRISTO”.
Desse referido livro, transcrevemos o seguinte texto:
“A Estrada Real da Santa Cruz”
A muitos parece dura esta linguagem: “Renuncia a ti mesmo, toma a tua cruz e segue a JESUS CRISTO”. (MT. 25, 41)
Pois os que agora ouvem e seguem, docilmente, a palavra da Cruz, não recearão a sentença da eterna condenação.
Este sinal da Cruz estará no Céu, quando o SENHOR vier para julgar.
Então, todos os servos da cruz, que em vida se conformam com CRISTO crucificado, com grande confiança chegar-se-ão a CRISTO Juiz.
Por que temes, pois, tomar a Cruz, pela qual se caminha ao reino do Céu?
Na Cruz está a salvação; na Cruz a vida; na Cruz amparo contra os inimigos; na Cruz a abundância da suavidade Divina; na Cruz a fortaleza do coração; na Cruz o compêndio das virtudes; na Cruz a perfeição da santidade.
Não há salvação da alma, nem esperança de vida, senão na Cruz.
Toma, pois, a tua cruz, segue JESUS e entrarás na vida eterna.
O SENHOR foi adiante, com a Cruz às costas, e NELA morreu por teu amor, para que tu também leves a tua cruz e nela desejes morrer.
Porquanto, se com ELE morreres, também com ELE viverás.
E, se fores seu companheiro na pena, também o serás na Glória.
Verdadeiramente, da Cruz tudo depende e em morrer para si mesmo está tudo; não há outro caminho para a vida e para a verdadeira paz interior, senão o caminho da Santa Cruz e da Continua mortificação.
Vai para onde quiseres, procura o quanto quiseres e não acharás caminho mais sublime em Cima, nem mais seguro embaixo, do que o caminho da Santa Cruz.
Dispõe de ordena tudo conforme teu desejo e parecer, e verás que sempre, hás de sofrer alguma coisa, de bom ou mau grado teu; o que quer dizer que sempre haverás de encontrar a cruz... Ou sentirás dores no corpo, ou tribulações no espírito. Ora serás desamparado de DEUS, ora perseguido pelo próximo, e, o que é pior, não raro serás molesto a ti mesmo.
E não haverá remédio, nem conforto que te possa livrar ou aliviar. Cumpre que sofras quanto tempo DEUS quiser. Pois DEUS quer ensinar-te a sofrer a tribulação sem alivio, para que de todo te submetas a ELE, e mais humilde te faças pela tribulação.
Ninguém sente tão vivamente a Paixão de CRISTO como quem passou por semelhantes sofrimentos.
A cruz, pois, está sempre preparada, e em qualquer lugar te espera. Não lhe podes fugir, para onde quer que te voltes, pois em qualquer lugar a que fores, a levarás contigo, e sempre a encontrarás em ti mesmo.
Volta-te para cima ou para baixo, volta-te para fora ou para dentro, em toda a parte acharás a cruz; e é necessário que sempre tenhas paciência, se queres alcançar a paz da alma e merecer a coroa eterna.
Se levares a cruz de boa vontade, ela te há de levar e conduzir ao termo desejado, onde acaba os sofrimentos, posto que não seja neste mundo. Se a levares de má vontade, aumenta-lhe o peso e fardo maior te impões; contudo é forçosa que a leves.
Se rejeitares uma Cruz, sem dúvida acharás outra, talvez mais pesada.
Pensas escapar aquilo de que nenhum mortal pode eximir-se?
Que santo houve no mundo sem tribulação?
Nem JESUS CRISTO, SENHOR nosso, esteve uma hora, em que toda a SUA Vida, sem dor e sofrimento. “Convinha – disse ELE – que CRISTO sofresse e ressurgisse dos mortos, e assim entrasse na SUA Glória.” ( Lc. 24, 26).
Como, pois, buscas outro caminho que não seja o caminho real da Santa Cruz? Toda a vida de CRISTO foi Cruz e Martírio; e tu procuras só descanso e gozo? Andas errado, e muito errado, se outra coisa procuras, e não sofrimentos e tribulações, pois toda esta vida mortal está cheia de misérias e assinalada de cruzes.
E quanto mais uma pessoa faz progressos na vida espiritual, tanto maiores cruzes encontra; muitas vezes porque o amor lhe torna o exílio mais doloroso. Mas, apesar de tantas aflições, o homem não está sem o alívio da consolação, porque sente o grande fruto que lhe advém à alma pelo sofrimento da cruz.
Pois, quando de bom grado a toma às costas, todo o peso da tribulação se lhe converte em confiança na Divina consolação. E quanto mais a carne é cruciada pela aflição, tanto mais se fortalece o espírito pela graça interior.
E, às vezes, tanto se fortalece pelo amor das penas e tribulações que, para conformar-se com a Cruz de CRISTO, não quisera estar sem dores e sofrimentos, pois julga ser tanto mais aceito a DEUS, quantos mais e maiores males sofre por SEU Amor.
Não é isto virtude humana, mas Graça de CRISTO, que tanto pode e realiza na carne frágil, que o espírito com ardor abraça e ama o que a natureza aborrece e de que foge.
Não é conforme a inclinação humana levar a cruz, amar a cruz, castigar o corpo e impor-lhe sujeição, fugir às honras, aceitar as injúrias, desprezar-se a si mesmo e desejar ser desprezado, suportar as aflições, desgraças e não almejar prosperidade alguma neste mundo.
Se olhares somente a ti, reconheces que de nada disso és capaz. Mas se confiares em DEUS, o Céu te concederá a fortaleza e sujeitar-se-ão teu mando o mundo e a carne. Nem o infernal inimigo temerás, se andares escudado na fé e armado com a Cruz de CRISTO.
Portanto, como bom e fiel servo de CRISTO, dispõe-te a levar a Cruz do teu SENHOR, por teu amor crucificado.
Prepara-te a sofrer muitos contratempos e incômodos nesta vida miserável, pois em toda a parte, onde quer que estiveres, ou te esconderes, os encontrarás. Convém que assim seja e não há outro remédio contra a tribulação da dor e dos males, senão sofrê-los com paciência.
Bebe, generoso, o cálice do SENHOR, se queres ser seu amigo e ter parte com ELE.
Entrega a DEUS as consolações, para ELE dispor delas como LHE aprouver.
Tu, porém, dispõe-te a suportar as tribulações, e considera-as como as consolações mais preciosas, porquanto “não tem proporção as penas do tempo com a Glória futura” (Rom. 8, 18) que havemos de merecer, ainda que tu só as devesses sofrer todas.
Quando chegares a tal ponto em que a tribulação te seja doce e amável por amor de CRISTO, deves dar-te por feliz, pois achaste o Paraíso na terra.
Enquanto o padecer te é molesto e procuras fugir-lhe, andas mal, e em toda parte te persegue o medo da tribulação. Se te resolveres ao que deves, isto é, a padecer e morrer, logo te sentirás melhor e acharás paz. Ainda que fosses arrebatado, como São Paulo, nem por isso estarias livre de sofrer alguma contrariedade.
“EU – diz JESUS – mostrar-lhes-ei o quanto terão de sofrer por Meu Nome.” (At. 9, 16).
Não te resta, pois, senão sofrer, se pretendes amar e servir a JESUS para sempre.
Oxalá fosses digno de sofrer alguma coisa pelo Nome de JESUS!
Que grande glória resultaria para ti, que alegria para os santos de DEUS e que edificação para o próximo!
Pois todos recomendam a paciência, ainda que poucos queiram praticá-la.
Com razão devia padecer, de bom grado, este pouco por amor de CRISTO, quando muitos sofrem pelo mundo coisas incomparavelmente maiores.
Fica sabendo, e tem por certo, que tua vida deve ser uma morte continua, e quanto mais cada um morre a si mesmo, tanto mais começa a viver para DEUS.
Só é capaz de compreender as coisas do Céu, quem por CRISTO se resolve a sofrer toda adversidade.
Nada neste mundo é mais agradável a DEUS, nem mais proveitoso a ti, que o sofrer, de bom grado, por CRISTO. E se te dessem a escolher, antes deverias desejar sofrer adversidade por amor de CRISTO, do que receber muitas consolações, porque assim serias mais conforme a CRISTO e mais semelhante a todos os santos.
Porquanto não consiste nosso merecimento e progresso espiritual em ter muitas doçuras e consolações, mas em sofrer grandes angústias e tribulações.
Se houvera coisa melhor e mais proveitosa para a salvação dos homens do que o padecer, CRISTO, de certo, o teria ensinado com palavras e exemplos.
Pois claramente exorta Seus discípulos e quantos o desejam seguir, a que levem a cruz, dizendo: “Quem quiser vir após MIM, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, e siga-ME.” (Lc. 9, 23)
Seja, pois, de todas as lições e estudos este o resultado final:
“Cumpre-nos passar por muitas tribulações, para entrar no Reino de DEUS.” (At 14, 21).
Ao encerrarmos a transcrição dessas inspiradas palavras do Frei Tomás de Kempis, deixamos um breve apelo:
- Este texto necessita ser muitas vezes lido, e profundamente meditado; frase por frase...
“Louvado seja nosso SENHOR JESUS CRISTO e Sua Santíssima MÃE!”