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A FÉ DA MÃE DE DEUS e nossa Mãe.


Santo Afonso de Ligório

 

A bem-aventurada Virgem, assim como é Mãe do amor e da esperança, também é Mãe da fé. "Eu sou a Mãe do belo amor, do temor e do conhecimento e da santa esperança" (Eclo 24, 24).

 

Acertadamente tal se chama, diz S. Irineu, porque o dano que Eva com sua incredulidade causou, Maria o reparou com sua fé. Palavra essa que Tertuliano confirma, dizendo: Eva deu crédito à serpente, em oposição à palavra de Deus e com isso trouxe a morte; nossa Rainha, ao invés, crendo na palavra do anjo, segundo a qual devia ser Mãe do Senhor e permanecer virgem, gerou ao mundo a salvação.

 

De acordo está com isso a seguinte sentença, atribuída a S.Agostinho: Dando Maria seu consentimento à Encarnação do Verbo, abriu aos homens o paraíso por sua fé.

 

Identicamente exprime-se também Ricardo de S.Vítor, com referência à palavra de S.Paulo: O marido infiel é santificado pela mulher fiel (I Cor 7,7). E Maria, diz Ricardo, essa mulher fiel, porque com sua fé salvou Adão e a toda descendência dele.

 

Por causa desta fé, proclamou-a Isabel bem-aventurada: "E bem-aventurada tu, que creste, porque se cumprirão as coisas que da parte do Senhor te foram ditas" (Lc 1,45).

 

Porque abriu seu coração à fé em Cristo, é Maria mais bem-aventurada do que por haver trazido no seio o corpo de Jesus Cristo.

 

 

Via o Filho na manjedoura de Belém e cria-o Criador do mundo. Via-o fugir de Herodes, sem entretanto deixar de crer que era ele o verdadeiro Rei dos reis. Pobre e necessitado de alimento o viu, mas reconheceu seu domínio sobre o universo. Viu-o reclinado no feno e confessou-o onipotente. Observou que ele não falava e venerou-lhe a infinita sabedoria. Ouviu-o chorar e o bendisse como as delícias do paraíso. Viu finalmente como morria vilipendiado na cruz, e, embora outros vacilassem, conservou-se firme, crendo sempre que ele era Deus. "Junto à cruz estava a Mãe de Jesus" (Jo 19, 25).

 

Aqui observa S.Antonino: Maria ficou firme na sua jamais abalada fé na divindade de Cristo. Em memória disso, explica o Santo, é que no Ofício das Trevas se conserva uma única vela acesa.

 

Com muito acerto, S. Leão refere a Maria a seguinte passagem dos Provérbios: A sua candeia não se apagará de noite (31,18).

 

Vem a propósito agora o texto de Isaías: Eu calquei o lagar sozinho, e das gentes não se acha homem algum comigo (63,3).

 

Comentando-o, observa S.Tomás: As palavras "homem algum" devem ser acentuadas por causa da Virgem, cuja fé nunca vacilou. Assim Maria – conclui S.Alberto Magno – exercitou a fé por excelência; enquanto até os discípulos vacilaram em dúvidas, ela afugentou toda e qualquer dúvida.

 

"Virgem da luz para todos os fiéis", é título que lhe dá S.Metódio, justamente por causa dessa sua inabalável e grande fé.

 

S.Cirilo de Alexandria saúda-a como Rainha da fé ortodoxa.

 

A própria Santa Igreja atribui aos merecimentos de sua fé a extirpação de todas as heresias. "Alegra-te, ó Virgem Maria, porque sozinha extirpaste todas as heresias".

 

Dizem os Cânticos: Feriste o meu coração, minha irmã, esposa minha, com um dos teus olhares (4,9).

 

Na explicação de S.Tomás de Vilanova os olhares de Maria foram a sua fé, pela qual se tornou tão agradável a Deus.

 

- Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!

 

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