Bento XVI na Missa de encerramento
do Sínodo dos Bispos para a África.
A Igreja conjuga sempre evangelização
e promoção humana, seguindo assim Jesus Cristo.
25.10.2009 - O Papa Bento XVI presidiu na manhã deste Domingo, na Basílica de São Pedro a Missa de encerramento da II assembléia especial do sínodo dos bispos para a África que de 4 a 25 de Outubro debateu no Vaticano o tema a igreja ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz, vos sois o sal da terra vos sois a luz do mundo.
Fiel ao projeto de Deus, a Igreja conjuga sempre evangelização e promoção humana, adaptando assim aquela “forma sacerdotal” que é a de Cristo, no caminho do amor. É partilhando até ao fim a condição dos homens e mulheres do seu tempo que a Igreja testemunha a todos o amor de Deus, semeando a esperança. – Palavras de Bento XVI, na homilia da Missa, partindo dos textos deste domingo, a começar pela primeira Leitura, do Profeta Jeremias.
“O projeto de Deus não muda. Através dos séculos e das convulsões da história, Ele visa sempre a mesma meta: o Reino da liberdade e da paz para todos. E isso implica a sua predileção pelos que se encontram privados de liberdade e de paz, por aqueles que foram violados na sua dignidade de pessoas humanas. Pensamos especialmente nos irmãos e irmãs que na África sofrem pobreza, doenças, injustiças, guerras e violências, migrações forçadas”.
Recordando depois a cura do cego Bartimeu, Bento XVI fez notar que o episódio evangélica se situa no caminho que conduz Jesus a Jerusalém, onde se consumará a Páscoa, a sua Páscoa sacrificial, que o Messias vive, a nosso favor.
“Caros Irmãos, demos graças porque o misterioso encontro entre a nossa pobreza e a grandeza de Deus se realizou também na Assembléia para a África, que hoje se conclui. Deus renovou a sua chamada: Coragem, levanta-te… E também a Igreja que está em África, através dos seus Pastores, vindos de todos os países do Continente, de Madagáscar e das outras ilhas, acolheu a mensagem de esperança e a luz para caminhar pela estrada que conduz ao Reino de Deus. Vai, a tua fé te salvou”.
Sim, insistiu o Papa, é a fé em Jesus Cristo – bem entendida e praticada – que guia os homens e os povos à liberdade na verdade – à reconciliação, à justiça e à paz.
“Assim é a Igreja no mundo: comunidade de pessoas reconciliadas, promotoras de justiça e de paz; sal e luz no meio da sociedade dos homens e das nações. Foi por isso que o Sínodo reafirmou com vigor – e manifestou – que a Igreja é Família de Deus, na qual não podem subsistir divisões com base étnica, lingüística ou cultural”.
Referindo-se ainda à segunda Leitura da Missa, da Carta aos Hebreus, o Papa fez notar “uma outra perspectiva” que esta oferece. Isto é, que “a Igreja, comunidade que segue Cristo no caminho do amor, tem uma forma sacerdotal”.
“O sacerdócio de Jesus Cristo não é primariamente ritual, mas sim existencial” – refletiu Bento XVI. Embora não seja abolida a dimensão do rito, este – como se vê claramente na instituição da Eucaristia – assume significado a partir do Mistério pascal. Este supera, cumprindo-os, os antigos sacrifícios. Nascem assim um novo sacrifício, um novo sacerdócio e também um novo templo, todos eles coincidindo com o mistério de Jesus Cristo.
“Também a Comunidade eclesial, na esteira do seu Mestre e Senhor, está chamada a percorrer decididamente a sua estrada de serviço, a partilhar profundamente a condição dos homens e mulheres do seu tempo, para testemunhar a todos o amor de Deus, semeando assim a esperança”.
É “conjugando sempre a evangelização e a promoção humana” que a Igreja transmite a mensagem de salvação – sublinhou o Papa, evocando a Encíclica “Populorum progressio” de Paulo VI: é isso o que os missionários têm feito e continuam a fazer no campo, “promovendo um desenvolvimento respeitoso das culturas locais e do ambiente segundo uma lógica que, passados mais de 40 anos, aparece como a única capaz de fazer sair os povos africanos da escravidão da fome e das doenças”.
“Isto quer dizer transmitir o anúncio da esperança seguindo uma forma sacerdotal, ou seja, vivendo em primeira pessoa o Evangelho, procurando traduzi-lo em projetos e realizações coerentes com o princípio dinâmico fundamental – o amor”.
Nestas três semanas – observou o Papa – a II Assembléia especial do Sínodo dos Bispos para a África confirmou o que já João Paulo II fizera notar e foi recentemente recordado na Encíclica “Caritas in veritate”, isto é, que – em tempos de “globalização” - “se impõe renovar o modelo de desenvolvimento global”, para que nenhum povo dele fique excluído.
“A globalização (advertiu Bento XVI) é uma realidade humana e como tal modificável segundo um ou outro posicionamento cultural. A Igreja atua com a sua concepção personalista e comunitária para orientar o processo em termos de relacionalidade, fraternidade e partilha”.
“A urgente ação evangelizadora, de que muito se falou nestes dias, comporta também um premente apelo à reconciliação, condição indispensável para instaurar na África relações de justiça entre os homens e para construir uma paz eqüitativa e duradoura, no respeito de cada indivíduo e povo; uma paz que tem necessidade e se abre ao contributo de todas as pessoas de boa vontade, para lá das respectivas pertenças religiosas, étnicas, lingüísticas, culturais e sociais”.
“Coragem, levanta-te, Continente africano!” – encorajou Bento XVI, a concluir.
“Acolhe com renovado entusiasmo o anúncio do Evangelho para que o rosto de Cristo possa iluminar com o seu esplendor a multiplicidade das culturas e linguagens das tuas populações”.
Ao mesmo tempo que oferece o pão da Palavra e da Eucaristia, a Igreja empenha-se também a agir, com todos os meios disponíveis, para que a nenhum africano falte o pão de cada dia. Para tal, juntamente com a obra de primária urgência que é a evangelização, os cristãos são ativos nas intervenções de promoção humana”.