A MEDIAÇÃO UNIVERSAL
DE MARIA SANTÍSSIMA.
Parte IX.
A Mediação Universal está intimamente vinculada à Maternidade Espiritual de MARIA Santíssima.
Pela direta cooperação na Obra da Redenção, dando o Seu livre “fiat” à Encarnação do VERBO Eterno, MARIA Santíssima tornou-se verdadeira MÃE de DEUS, Co-redentora do gênero humano, e por conseguinte, Medianeira de Todas as Graças.
Mas pelo mesmo “fiat” que deu ao VERBO o CORPO Santíssimo e o SANGUE Preciosíssimo, deu também a nós a nova vida sobrenatural, constituindo-se nossa verdadeira MÃE Espiritual. Daí se segue que a Mediação Universal está intimamente ligada à Maternidade Espiritual.
Como, porém, a missão da mãe não termina com o nascimento do filho, mas lhe assiste o encargo de lhe conservar a vida e desenvolvê-la, assim também a Missão da MÃE Espiritual não termina com a vida sobrenatural que nos deu, mas cumpre-lhe conservá-la e desenvolvê-la, mediante a continua distribuição das Graças, até chegarmos ao Céu. E este encargo a MÃE Espiritual o exerce como Distribuidora de todas as Graças.
Há três aspectos, portanto, na Mediação Universal: Um relativo à conquista de todas as Graças, pela cooperação da Virgem na Obra da Redenção; outro relativo à Maternidade, que dá a vida sobrenatural pela cooperação na Redenção, e ainda aquele relativo à Maternidade que conserva e desenvolve a mesma vida, pela distribuição de todas as Graças.
Desta consoladora verdade, segue-se que a Mediação encerra um característico maternal. É a MÃE Celeste que atende, a cada instante, aos Seus filhos, cá da terra do exílio.
Ouçamos da boca do Sumo Pontífice Leão XIII que, na Encíclica “Adiutricem populi”, de 5 de setembro de 1895, expõe tão candidamente o Ofício de MÃE exercido, com tanto carinho, pela MÃE Celeste:
“De Coração magnânimo ELA tomou sobre si o múnus tão singular de MÃE, e exerceu-o, uma vez consagrada no Cenáculo, sob o auspício do Céu.
Já naquele tempo, as primícias das gentes cristãs, perceberam Seu auxílio admirável pela santidade de Seu exemplo, pela conselho de Sua Autoridade, pela suavidade de Sua consolação e pela eficácia de Suas santas orações.
Em verdade, MARIA mostrou-se como MÃE da Igreja, Mestra e Rainha dos Apóstolos, aos quais comunicou do tesouro dos oráculos Divinos que conservava em Seu coração.
É indescritível a amplitude de Sua atuação e de Seu Poder, depois da Sua Assunção à Glória Celeste, junto de Seu Filho, segundo a dignidade e claridade de Seus Méritos.
Pois, desde aquele dia, começou, segundo os Desígnios Divinos, a vigiar a Igreja, de tal maneira, e a favorecer-nos, tão maternalmente com Suas Graças e Seu Patrocínio, que, dotada de quase imenso poder, se tornou a administradora daquelas Graças que derivam do Mistério da Redenção do gênero humano, para todos os tempos; do mesmo modo que foi auxiliadora da Obra Redentora.
Por isso as almas cristãs sentem-se tão docemente atraídas por MARIA, como por impulso nativo, a comunicar-lhe confiantes suas intenções e obras, suas angústias e alegrias.
Todas as nações e todos os ritos lhe concederam insignes títulos, sancionados pelo sufrágio dos séculos. Em muitos destacam-se os seguintes:
- NOSSA SENHORA Medianeira (São Bernardo);
- Reparadora da orbe terrestre (Sã Tarcísio);
- Dispensadora da Divina Graças (Officium Graecorum)”
Pasmados ante a magnitude da Maternidade Espiritual de MARIA Santíssima, exclamemos com São Bernardo:
“Aproximemo-nos com filial confiança de nossa MÃE Celeste e, por meio DELA, de CRISTO. O FILHO ouvirá a MÃE, e o PAI ouvirá o FILHO.
Meus filhos, esta é a escada dos pecadores, esta a minha maior confiança, toda a razão da minha esperança.
Pois que? Poderá acaso o FILHO repelir SUA MÃE, ou ser repelido por SEU PAI?
Nem uma, nem outra coisa.
Encontrastes, diz o Anjo, Graças diante de DEUS.
Felizmente.
Sempre Ela encontrará Graça! Busquemos a Graças, e busquemo-la por meio de MARIA, pois o que ELA busca encontra-o, e não pode ficar lograda.”
A nossa humana pequenez poderia estremecer, ante a excelsa dignidade da MÃE de DEUS, e até fugir da Augusta SENHORA, cujo poder se estende sobre a eterna sorte do gênero humano, se a ELA não estivéssemos ligados pelos laços sagrados e íntimos da Maternidade Espiritual.
É esta, das verdades da nossa santa Religião, a que talvez mais nos enterneça o coração. MARIA é nossa verdadeira MÃE, não na ordem natural, mas na ordem sobrenatural.
E a ordem sobrenatural é uma realidade objetiva e até mais real que a própria ordem natural. Portanto, o carinhoso título de MÃE, com que os remidos veneram e saúdam a Santíssima Virgem, não é tão somente uma palavra terna e suave, mas sim, uma palavra que significa uma verdadeira maternidade, que nos deu uma vida nova e sobrenatural.
Daí se segue que nós não somos filhos adotivos de MARIA, mas verdadeiros filhos espirituais, e sendo ELA nossa MÃE Espiritual, Seu amor para conosco, em se tratando da salvação eterna, é incomparavelmente superior ao da nossa mãe, aqui na terra.
A missão da mãe aqui, se restringe à esta vida terrena, que é de pouca duração. A Missão, porém, da MÃE Celeste se estende à vida sobrenatural, que durará por toda a eternidade.
Foi a infinita Bondade e Misericórdia de DEUS, que quis unir no Imaculado Coração da Virgem, a Maternidade Divina, para tudo poder, e a Maternidade Espiritual, para tudo conceder! Uma maternidade entrega-LHE a onipotência suplicante, sobre todos os Tesouros Celestes; e a outra LHE descortina este vale de lágrimas, onde os possa distribuir, à mãos cheias, aos Seus filhos desterrados.
A Maternidade Espiritual de MARIA Santíssima se baseia na Doutrina do Corpo Místico de Cristo, admiravelmente exposta por Pio X, na Encíclica “Ad diem illum”, de 2 de fevereiro de 1904, dirigida ao mundo inteiro, por ocasião do cinqüentenário da definição dogmática da Imaculada Conceição:
“No mesmo seio de SUA Castíssima MÃE, CRISTO não só tomou a CARNE que uniu a SI hipostáticamente, mas além disso, assumiu um Corpo Espiritual, formado por todos aqueles que haveriam de crer NELE. De modo que se pode dizer que, tendo MARIA em Seu Seio o SALVADOR, trazia também todos aqueles cuja vida estava encerrada na Vida do SALVADOR.
Todos, pois, quantos estamos incorporados em JESUS CRISTO, do Seio de MARIA nascemos, à maneira de corpo unido à CABEÇA, pelo que, de um modo Espiritual e Místico, mas verdadeiro, somos chamados filhos de MARIA, e ELA é a MÃE de todos nós.”
Magnificamente nos apresenta esta mesma doutrina o Rev. Pe. Bover S.J. no livro “A Mediação Universal de MAIA” (pg. 67-68):
“Um dos Mistérios mais consoladores da doutrina cristã, é a inefável incorporação de todos os homens em JESUS CRISTO. O FILHO de DEUS dignou-se abraçar todos os homens e uni-los a SI estreitamente, de modo que formam um só Corpo, um só Organismo vivo de que ELE é a Cabeça e os homens os membros; Organismo Divino cujo espírito é o ESPÍRITO de DEUS, e cuja vida é a vida Divina.
Em virtude dessa comunhão vital, os membros são elevados ao Ser e propriedades da sua Divina Cabeça. FILHO de DEUS é CRISTO, e filhos de DEUS são os homens. FILHO de MARIA é CRISTO, e em JESUS CRISTO com JESUS, filhos de MARIA são os homens. Já Santo Ireneu chamava MARIA “a Virgem que nos regenerou para DEUS”. Santo Epifânio e São Pedro Crisólogo chamam-NA, “MÃE de todos os que vivem pela Graça.” Santo Agostinho diz que foi a “MÃE natural da Cabeça e MÃE espiritual dos membros.” São Leão Magno, afirma: “A geração de JESUS CRISTO é a origem do povo Cristão, e o nascimento da CABEÇA é o nascimento de todo o Corpo.”
Santo Alberto Magno diz: “Maria gerou um só FILHO natural, no qual regenerou espiritualmente todos os filhos”, porque, acrescenta “o SENHOR uniu-nos a SI nas entranhas da Virgem.”