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Sobre a Vida Interior.

 

> A direção espiritual...

 

Pedi hoje ao Senhor que se dignasse instruir-me sobre a vida interior, porque por mim mesma não posso compreender nem pensar nada de perfeito. E o Senhor me respondeu: Fui teu Mestre – Sou e serei. Procura fazer com que o teu coração se assemelhe ao Meu Coração manso e humilde. Não reclames nunca os teus direitos. Suportes todas as vicissitudes da vida com grande serenidade e paciência. Não te defendas quando toda a vergonha recair sobre ti injustamente. Permitas que triunfem os outros. Não deixes de ser boa quando perceberes que estão abusando da tua bondade. Quando for necessário, te defenderei Eu mesmo. Sê grata pela menor graça Minha, porque essa gratidão Me obriga a conceder-te novas graças… (Diário de Santa Faustina Nº 1701)

 

Hoje conversei com o Senhor, que me disse: Existem almas pelas quais nada posso fazer. São as almas que observam incessantemente os outros e não sabem o que se passa em seu próprio interior. Falam incessantemente dos outros, até na hora do silêncio estrito, que é destinado ao diálogo Comigo. Pobres almas, não ouvem as Minhas palavras, seu interior permanece vazio, não Me procuram no interior do próprio coração, mas na tagarelice, onde nunca estou. Sentem o seu vazio e, no entanto, não reconhecem a própria culpa; e as almas em que Eu reino em toda a plenitude são para elas um contínuo remorso de consciência. Em vez de se corrigirem, o coração delas enche-se de inveja e, quando não voltam à razão — afundam-se ainda mais. O coração, até agora invejoso, começa a odiar. E, já próximas do precipício, invejam os dons que concedo às outras almas, quando elas mesmas não sabem e não querem aceitá-los. (Diário de Santa Faustina Nº 1717)

 

† A alma nobre e delicada, ainda que a mais simples, desde que possua uma fina sensibilidade, vê Deus em tudo, encontra-O em toda parte, sabe encontrar a Deus até debaixo das coisas mais obscuras. Tudo para ela tem significado, a tudo dá grande valor, por tudo agradece a Deus, de tudo tira proveito para si, e atribui toda a glória a Deus. Confia Nele e não se confunde quando chega o tempo das provações. Ela sabe que Deus é sempre o melhor Pai e dá pouca importância ao respeito humano. Segue fielmente o menor sopro do Espírito Santo e alegra-se com esse Hóspede espiritual, agarrando-se a Ele como uma criança à sua mãe. Onde outras almas param e se atemorizam — ela passa sem medo e sem dificuldades. (Diário de Santa Faustina Nº 148)

 

"Uma vez, oprimida tão terrivelmente por esses sofrimentos, entrei na capela e pronunciei do fundo da alma estas palavras: Fazei de mim, ó Jesus, o que quiserdes. Eu Vos adorarei em toda parte. E faça-se em mim toda a Vossa vontade, ó meu Senhor e meu Deus, que eu glorificarei a Vossa infinita Misericórdia. Por esse ato de submissão afastaram-se aqueles terríveis tormentos. Então, vi Jesus, que me disse: Eu estou sempre no teu coração. Uma alegria inconcebível penetrou a minha alma, (enchendo-a) de um grande amor a Deus, do qual se inflamou o meu pobre coração. Reconheço que Deus nunca permitirá mais do que possamos suportar. Oh! nada mais temo, pois se Ele envia à alma grandes tormentos, sustenta-a com uma graça ainda maior, mesmo que não a percebamos. Um só ato de confiança em momentos assim dá maior glória à Deus do que muitas horas de consolos passadas em oração. Vejo agora que, quando Deus quer manter a alma nas trevas, não há livro nem confessor algum que a consiga iluminar." (Diário de Santa Faustina Nº 78)

 

Quando fiquei a sós com a Santíssima Virgem — Ela me instruiu sobre a vida interior. Disse-me: A verdadeira grandeza da alma consiste em amar a Deus e humilhar-se em Sua presença, esquecer inteiramente de si e não considerar-se nada, porque grande é o Senhor, mas somente pelos humildes tem predileção, aos orgulhosos sempre se opõe. (Diário de Santa Faustina Nº 1711)

 

Ouvi estas palavras:  Se não amarrasses as Minhas mãos, enviaria muitos castigos à Terra. Minha filha, o teu olhar desarma a Minha ira. Embora a tua boca se cale, clamas a Mim tão poderosamente que o Céu todo se move. Não posso fugir ao teu pedido, pois não Me buscas longe, mas no teu próprio coração. (Diário de Santa Faustina Nº 1722)

 

Pedi hoje fervorosamente a Jesus pela nossa casa, para que se dignasse retirar essa cruzinha que desceu sobre nosso convento. O Senhor me respondeu: As tuas orações são aceitas por outras intenções, mas não posso retirar essa pequena cruz, até que reconheçam o seu significado. No entanto não deixei de rezar.  (Diário de Santa Faustina Nº 1714)

 

Depois da santa Missa saí para o jardim, para fazer a minha meditação, porque a essa hora ainda não havia pacientes no jardim, e então eu podia ficar à vontade. Quando meditava sobre os benefícios de Deus, o meu coração inflamava-se de um amor tão forte que parecia que o meu peito arrebentaria. Então, Jesus colocou-se diante de mim e disse: O que estás fazendo aqui tão cedo? — Respondi: “Estou meditando sobre Vós, sobre a Vossa misericórdia e bondade para conosco. E Vós, Jesus, o que fazeis aqui?”. — Saí ao teu encontro, para te cumular de novas graças. Estou à procura de almas que queiram aceitar as Minhas graças. (Diário de Santa Faustina Nº 1705)

 

Quando ia para a varanda, entrei por um momento na capelinha. O meu coração mergulhou numa profunda oração de adoração, glorificando a inconcebível bondade de Deus e Sua misericórdia. Então ouvi na alma estas palavras: Sou e serei para ti, tal como Me glorificas. Experimentas a Minha bondade já nesta vida e naquela futura a experimentarás em toda plenitude. (Diário de Santa Faustina Nº 1707)

 

Ó Cristo, a minha maior delícia é ver que Vós sois amado, que ressoe a Vossa honra e glória, especialmente a honra a Vossa Misericórdia. Ó Cristo, até o último instante da vida não cessarei de bendizer a Vossa bondade e Misericórdia. Com cada gota de sangue, com cada pulsação do coração, bendigo a Vossa misericórdia. Desejo transforma-me toda num hino de adoração a Vós. E, quando já estiver no leito da morte, que a última batida do meu coração seja um hino amoroso para bendizer a Vossa insondável Misericórdia. (Diário de Santa Faustina Nº 1708)

 

Hoje o Senhor me disse: - Farás três dias de retiro antes da descida do Espírito Santo. Eu mesmo te orientarei. Não seguirás qualquer norma obrigatória nos retiros nem utilizarás livros para a meditação. A ti compete ouvir as Minhas palavras. Como leitura espiritual, lerás um capítulo do Evangelho de São João. (Diário de Santa Faustina Nº 1709)

 

Hoje acompanhei Jesus, quando, na Ascensão, estava entrando no céu. Era quase meio dia e me envolveu uma grande saudade de Deus. Coisa estranha, quanto mais sentia a presença de Deus, tanto mais ardente era o desejo de contemplá-Lo. Então me vi em meio a uma grande multidão de discípulos e Apóstolos. Estava também a Mãe de Deus, Jesus dizia-lhes que fossem pelo mundo - ensinando em Meu Nome! - Elevou as mãos, abençoou-os e desapareceu numa nuvem. Vi a saudade da Santíssima Virgem. A sua alma sentia saudade de Jesus com toda força do amor, mas estava tão tranquila e submissa a Deus, que em seu Coração não havia um só pulsar diferente da vontade de Deus. (Diário de Santa Faustina Nº 1710)

 

† J.M.J. Vilnius 04.02.1935 Retiro de oito dias.

 

Jesus, Rei de Misericórdia, neste momento, novamente encontro-me a sós Convosco. Por isso suplico-Vos por todo o Vosso amor, de que está inflamado o Vosso divino Coração, destruí completamente o amor-próprio em mim e, por sua vez, inflamai o meu coração com o fogo do Vosso amor puríssimo. (Diário da Irmã Faustina, N° 371)

 

À noite, terminada a conferência, ouvi estas palavras: Eu estou contigo. Nesse retiro, Eu te confirmarei na paz e na coragem, a fim de que não te faltem forças para cumprir os Meus desígnios. Por isso, nesse retiro, riscarás por completo tua vontade própria e, em troca, se cumprirá em ti toda a Minha vontade. Fica sabendo que isso te custará muito, por isso, escreve numa folha em branco estas palavras: “A partir de hoje não existe em mim a vontade própria”, e risca-a. Do outro lado escreve estas palavras: “A partir de hoje cumprirei a vontade de Deus, em toda parte, sempre e em tudo”. Não te assustes com nada, o amor te dará forças e facilitará o cumprimento. (Diário da Irmã Faustina, N° 372)

 

O sacerdote disse-me estas profundas palavras, de que existem três graus no cumprimento da vontade de Deus: O primeiro é quando a alma cumpre tudo o que está exteriormente determinado pelas ordens e regulamentos; o segundo grau é quando a alma segue as inspirações interiores e as cumpre; o terceiro grau é quando a alma, entregue à vontade de Deus, deixa a Deus a liberdade de dispor dela, e Deus faz com ela o que Lhe apraz, sendo assim um instrumento obediente nas Suas mãos. E esse sacerdote me disse que eu me encontrava no segundo grau desse cumprimento da vontade de Deus e, no entanto, devo esforçar-me para atingir o terceiro grau da obediência à vontade de Deus. Essas palavras atravessaram-me profundamente a alma; vejo claramente que, muitas vezes, Deus dá ao sacerdote o conhecimento do que se passa no fundo da minha alma. Não me admiro disso absolutamente, mas, antes, rendo graças a Deus por haver tais eleitos. (Diário de Santa Faustina N° 444)

 

Agora compreendo bem que o que mais une a alma a Deus é a renúncia de si mesma, ou seja, a conformidade da nossa vontade com a vontade de Deus. É isso que torna a alma verdadeiramente livre e possibilita um profundo recolhimento do espírito, torna leves todas as dificuldades da vida, e suave a morte. (Diário de Santa Faustina N° 462)

 

Infinita bondade de Deus na criação dos anjos

 

29.09.1935. Festa de São Miguel Arcanjo: Fui unida interiormente a Deus. Sua presença dominava-me profundamente e me enchia de paz, alegria e assombro. Após tais momentos de oração, vejo-me cheia de força, de uma estranha coragem para os sofrimentos e a luta; nada me assusta, ainda que o mundo todo esteja contra mim; todas as adversidades atingem-me só superficialmente e não têm acesso ao íntimo, porque lá reside Deus, que me fortalece e enche de Si. Diante de Seu escabelo desfazem-se todas as armadilhas do inimigo. Deus me mantém com Sua força nesses momentos de união; Sua força comunica-se a mim e me torna capaz de amá-Lo. Por suas próprias forças, a alma nunca chega a esse ponto. No começo dessa graça interior o medo tomava conta de mim, e eu comecei a me guiar pelo temor, isto é, a entregar-me a ele, mas em breve o Senhor deu-me a conhecer o quanto isso Lhe desagradava. E também esta tranquilidade, foi Ele próprio quem a deu para mim. (Diário de Santa Faustina N° 480)

 

Deus, que sois felicidade no Vosso próprio Ser e não necessitais, para essa felicidade, de nenhuma criatura, visto que sois a plenitude do amor em Vós mesmo: pela Vossa insondável misericórdia chamais à existência as criaturas e lhes dais participar da Vossa eterna felicidade e da Vossa eterna vida divina interior, em que viveis, um só Deus, Trino nas Pessoas. Em Vossa insondável misericórdia criastes os espíritos angélicos e os admitistes ao Vosso amor, à Vossa divina intimidade. Vós os tornastes capazes de eterno amor; e, embora os tenhais cumulado, Senhor, tão generosamente com o esplendor da beleza e do amor, isso em nada diminuiu a Vossa plenitude, ó Deus, nem tampouco aquela beleza e amor Vos completaram, porque Vós sois tudo em Vós mesmo. E, se lhes destes participar da Vossa felicidade e lhes permitis existir e amar-Vos, é unicamente em virtude do abismo da Vossa misericórdia. É em virtude da Vossa inconcebível bondade que Vos bendizem sem fim, humilhando-se aos pés da Vossa majestade e cantando seus hinos eternos: “Santo, Santo, Santo…”. (Diário de Santa Faustina Nº 1741)

 

Jesus ama as almas ocultas. A flor escondida é sempre a mais perfumada. Criar em mim mesma um refúgio para o Coração de Jesus. Nos momentos difíceis e dolorosos, entoo para Vós, ó Criador, um hino de confiança, porque o abismo da minha confiança em Vós e em Vossa Misericórdia é sem medida. (Diário da irmã Faustina N°275)

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O Diretor Espiritual.

 

A alma deve rezar, por um bom tempo, pedindo ao Senhor um diretor espiritual, e pedir a Deus que Ele mesmo se digne escolhê-lo. O que teve início com Deus — será divino, e o que teve início de maneira puramente humana — será humano. Deus é tão misericordioso que — para ajudar a alma — Ele mesmo escolhe para ela um tal guia espiritual. E iluminará a alma para que saiba que este é aquele diante do qual ela deverá desvendar-se — nos mais ocultos recônditos da sua alma, como diante de Nosso Senhor. E, quando a alma reflete e conhece que Deus fez tudo isso, deve pedir-Lhe ardentemente que conceda muitas luzes ao seu diretor para que possa conhecê-la, e não mude um diretor assim, a não ser que ocorra algo de importante. Da mesma forma que rezou muito e fervorosamente antes da escolha do confessor, a fim de discernir a vontade de Deus, também quando quiser trocá-lo deve rezar ardorosamente, para saber se realmente é da vontade de Deus que deixe aquele e escolha um outro. Se não tiver a expressa vontade de Deus nesse particular, não troque, porque a alma sozinha não irá longe, e o demônio apenas está esperando que a alma que busca a santidade guie-se por si mesma, e então, de forma alguma, conseguirá atingi-la. (Diário de Santa Faustina N° 938)

 

Constitui exceção aquela alma que é dirigida diretamente por Deus, mas o diretor perceberá logo que determinada alma é dirigida pelo próprio Deus. Deus lhe dará a conhecer isso clara e expressamente, e uma tal alma deve ficar sob o controle ainda mais rigoroso do diretor do que qualquer outra pessoa. Nesse caso, o diretor não tanto dirige e indica os caminhos que a alma deve percorrer, mas antes julga e confirma que a alma está indo pelo caminho certo e que está sendo guiada por um bom espírito. Nesse caso o diretor deve não apenas ser santo, mas também experiente e prudente, e a alma deve antepor o ponto de vista dele ao ponto de vista do próprio Deus, pois só assim estará a salvo de ilusões e desvios. A alma que não submeter suas inspirações ao rigoroso controle da Igreja, isto é, do diretor, demonstra que está sendo guiada pelo espírito mau. O diretor deve ser extremamente cuidadoso neste caso e pôr à prova a obediência dessa alma. O demônio pode ocultar-se até sob o manto da humildade, mas não sabe vestir o manto da obediência, e aí se manifesta todo o seu trabalho. Mas o confessor não deve temer exageradamente uma alma assim, porque, se Deus coloca aos seus cuidados uma alma tão excepcional, também lhe dá uma grande luz divina com relação a ela, pois, de outra forma, como poderia julgar bem tão grandes mistérios que existem entre a alma e Deus? (Diário de Santa Faustina N° 939)

 

Eu mesma sofri muito e fui muito provada nesse sentido. Por isso o que estou escrevendo é apenas o que experimentei em mim mesma. Foi só depois de muitas novenas, orações e penitências que Deus enviou-me um sacerdote capaz de compreender a minha alma. Haveria muito mais almas santas, se houvesse mais diretores experientes e santos. Quantas almas procuram sinceramente a santidade e, não conseguindo dar conta sozinhas, quando vêm os momentos de provações, abandonam o caminho da perfeição! (Diário de Santa Faustina N° 940)

 

Ó Jesus, dai-nos sacerdotes zelosos e santos. Oh, que grande é a dignidade do sacerdote, mas também que grande é a sua responsabilidade. Muito te foi dado, ó sacerdote, mas também muito será exigido de ti... (Diário de Santa Faustina N° 941)