Papa Bento XVI - I.PNG

AS VIRTUDES TEOLOGAIS.

 

A VIRTUDE DA FÉ.

Catecismo de São Pio X.

 

Precisamos aprender como devemos agir. Já que Deus nos deu tantas coisas boas, é normal que procuremos viver dentro de Sua Lei, praticando o bem, amando a Deus e ao próximo. Para nos ajudar a bem agir, Deus nos dá uma grande ajuda, soprando dentro de nossas almas as Virtudes e os Dons do Espírito Santo.

 

[A natureza humana é dotada de forças habituais, enraizadas, muitas vezes adquiridas pela repetição constante dos atos correspondentes. Essas forças são chamadas habitus. Os habitus podem ser bons ou maus. Habitus bom, chama-se virtude. Habitus mau chama-se vício. Estamos, aqui, falando da natureza, forças comuns a todos os homens, virtudes naturais.

 

Quando, porém, é o próprio Deus quem sopra em nossas almas essas virtudes, elas já não vem da natureza  e já não são comuns a todos os homens. Elas passam a se chamar virtudes sobrenaturais ou infusas, por ter em Deus sua fonte e por ter a Deus por referência, quando praticamos os seus atos. Assim, uma pessoa pode ser boa por virtude natural de bondade. Esta virtude lhe trará o reconhecimento e o aplauso dos homens, mas não terá nenhum vínculo direto com sua salvação eterna. Quando, pela graça santificante, a virtude é sobrenatural, além do aplauso dos homens, ela terá o aplauso de Deus e lhe servirá para a vida eterna. Essa distinção entre ordem natural e ordem sobrenatural é muito importante.]

 

As virtudes são, então, como que uma força habitual, que não desaparece com facilidade, que nos leva a viver retamente, praticando o bem e evitando o mal. Elas sempre acompanham a graça santificante. Nós recebemos as virtudes pela primeira vez na hora do Batismo. Depois, quando pecamos gravemente, perdemos todas aquelas jóias de Deus. Mas a Confissão, devolvendo a graça, devolve também as virtudes que tínhamos perdido pelo pecado.

 

Quando nós não praticamos atos de virtude, acabamos adquirindo na alma uma força má, que é o contrário da virtude. Esta força má chama-se vício. Os vícios também são muito difíceis de desaparecer da alma. Por isso é preciso muito esforço para não deixar eles entrarem na nossa alma, pois nos levam ao pecado.

 

Como nós veremos adiante, existem virtudes que nos levam a conhecer e amar a Deus - são as virtudes teologais, a Esperança e a Caridade.

 

Mas também existem muitas outras virtudes que nos levam a agir corretamente em tudo o que fazemos. São as virtudes cardeais: PrudênciaJustiçaForça e Temperança.

 

Cada uma dessas sete virtudes, três teologais e quatro cardeais, traz consigo outras virtudes.

 

Por exemplo: praticando atos da virtude de Força, poderemos também agir com Coragem. Já a virtude de Temperança nos ajuda a praticar a Castidade ou ainda a Humildade. E assim por diante. Vamos estudar uma série dessas virtudes, o que nos ajudará a conhecer melhor o fundo de nossas almas, para seguir sempre o caminho do amor de Deus.

 

As Virtudes Teologais

 

As Virtudes Teologais, como o nome indica, são as virtudes que nos fazem agir bem em relação a Deus. Elas são essencialmente sobrenaturais, pois, além de serem dons divinos, elas se dirigem a Deus nos seus atos. E isso deve nos levar a agradecer muito a Deus. Além de nos ajudar a praticar os atos de virtude necessários para o nosso dia a dia, Nosso Senhor nos infunde na alma virtudes tão especiais que nos levam à sua intimidade, nos devolve a imagem e semelhança divinas que perdemos pelo pecado. Vamos ver como isso se realiza.

 

A Virtude da Fé

 

Nosso Pai Celeste revelou-nos os seus segredos divinos. Tudo o que Ele diz é verdade, pois Ele é a Verdade Eterna; Deus não pode nem se enganar nem nos enganar. Por isso devemos aceitar como verdade tudo aquilo que Deus nos revelou, sabendo com segurança que tudo é verdade, e edificar nossas vidas sobre esta base: Devemos crer em Deus.

 

Deus se revelou no Antigo Testamento pelos profetas. Mas, principalmente, Deus se revelou por seu próprio Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Somente quem conhece Jesus conhece também o Pai. Por isso devemos ouvir a palavra de Jesus Cristo, que é o Evangelhoe nas nossas orações sempre meditar e pensar na sua vida, paixão, morte e ressurreição. Foi a Santa Igreja Católica que recebeu de Deus autoridade para nos ensinar tudo aquilo que Deus nos revelou. Devemos obedecer à Igreja, seguir seus mandamentos, suas regras de vida e acreditar em tudo o que ela nos manda crer.

 

Não podemos crer, ou seja, praticar atos de Fé, sem a graça de Deus.  Por isso, devemos sempre pedir a graça santificante. No Batismo, o Divino Espírito Santo nos deu o dom da Fé.  A Fé é como os olhos da alma, com os quais podemos perceber, desde já, os mistérios divinos que contemplaremos face a face no céu.

 

A vida de Fé

 

Não podemos viver sempre na infância. Assim como crescemos e devemos aprender as coisas de gente grande, assim também devemos crescer na Fé e no conhecimento de Deus.  Para isso devemos estudar a santa doutrina, no catecismo, e nas leituras, conferências, ouvindo atentamente o sermão do padre.

 

Não esqueçam que vivemos numa época em que as pessoas se acham capazes de ler qualquer coisa que lhes aparece. E vão trazendo o mal da dúvida para seus corações. Quando o padre dizia: não leia tal livro, ele sabia que a salvação eterna daquelas almas estava em perigo. E não basta crer no íntimo do coração. Devemos também professar a nossa Fé publicamente.

 

Nunca devemos negar a Fé em Deus. Eis o que Jesus disse sobre isso: «Aquele que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, a este negarei eu também diante de meu Pai».

 

Os Pecados contra a Fé

 

Pecamos contra a Fé quando deixamos ela de lado, esquecendo das coisas de Deus, ou quando a colocamos em perigo. Por exemplo:

 

Quem raramente ou nunca vai a Missa; quem não estuda o Catecismo; quem lê livros que ensinam coisas erradas sobre Deus e sua Igreja;peca contra a Fé, principalmente, quem admite dúvidas contra aquilo que aprendemos da Santa Igreja Católica; hoje é comum ouvir: eu sou católico, mas não acredito nesse ponto ou naquele.

 

Há muitos que não acreditam em Adão e Eva, que não acreditam no inferno, ou no demônio. Outros não crêem mais na Presença Real de Jesus na Hóstia consagrada. Eles escolhem do dogma católico o que lhes convém. É esse  o sentido da palavra heresia: escolher, separar  por opiniões próprias. O pecado mais grave contra a Fé comete quem a renega, abandonando a Igreja Católica, passando para falsas religiões.

 

Quem possui a virtude da Fé?

 

A virtude da Fé é própria dos viajantes e peregrinos. Assim são chamados os que ainda vivem neste mundo, onde temos por obrigação trabalhar para alcançar a Pátria verdadeira, no Céu. A Fé, sendo um conhecimento obscuro de Deus, nos faz conhecer com um véu impedindo a visão total. No céu, a visão será face a face, não haverá mais véu. A visão substitui a Fé. Os santos do Paraíso não precisam mais da Fé, pois vêem a Deus tão bem quanto Ele nos vê.

 

Mas aqueles que escolhem alguns pontos do Depósito Sagrado e rechaçam outros não têm mais fé, deixam de ser católicos. Isso é muito sério e se explica: o fundamento da Fé não é a evidência científica das verdades reveladas, mas sim o fato de serem reveladas por Deus. É o princípio de autoridade que fundamenta a Fé. Ora, se uma pessoa nega um dos pontos que seja, está recusando a autoridade daquele que revela. Passa a aceitar os demais pontos, não porque Deus é infalível, mas  porque lhe interessa aceitar. A própria pessoa passa a ser o critério da verdade, o que faz dela seu próprio deus. E ela não é mais católica.

 

Vemos também que a Fé nos ajuda a praticar os três primeiros mandamentos da Lei de Deus: tendo Fé, amaremos a Deus sobre todas as coisas, nunca diremos nada contra Deus e encontraremos muitas alegrias indo à Missa aos Domingos e rezando todos os dias.

 

A Fé é como uma raiz da qual nascem todas as demais virtudes.

 

Por isso devemos REZAR MUITO para que DEUS conserve em nós a FÉ, também nos conceda a FÉ a quem não tem, pois a FÉ é um dom de DEUS e ela só vem com muita muita, muita ORAÇÃO.

 

Quer saber mais, leia...

 

A CARTA ENCÍCLICA de S.S. o Papa Bento XVI: Caridade na Verdade  - CARITAS IN VERITATE

 

 

 

A VIRTUDE DA ESPERANÇA.

Catecismo de São Pio X.

 

A virtude da Esperança é uma virtude infusa por Deus em nossa alma, pela qual nós temos como certa a ajuda divina para alcançarmos o céu. 

 

Pode parecer curioso que seja necessária uma virtude só para isso, além do mais uma virtude teologal, ou seja, toda ela relativa a Deus, mas não é tão difícil entender o por quê.

 

Sabemos que a Fé nos traz um conhecimento certo de Deus. Mas este conhecimento é obscuro, ou seja, conhecemos a Deus mas não podemos ainda vê-Lo.

 

Sabemos também que a virtude da Caridade nos traz o verdadeiro amor de Deus, que esse amor já é um começo da vida eterna, e que no céu, esse amor será eterno e nos encherá de uma alegria e felicidade extrema. Mas sabemos também o quanto é difícil manter nossas almas longe do pecado, como nós abandonamos a Deus com facilidade, perdendo o seu amor.

 

Por isso, poderia surgir em nós uma dúvida sobre nossas possibilidades de alcançar o céu e a vida eterna. Se essa dúvida fosse muito forte, nós desanimaríamos no combate contra nossas imperfeições e contra nossos pecados.

 

É justamente por isso que Deus nos dá a virtude da Esperança. Com ela sabemos que Deus nunca deixará de nos ajudar com suas graças e por isso estaremos sempre prontos para lutar contra as tentações e contra nossos pecados.

 

Estaremos sempre prontos a pedir perdão no confessionário, pois temos certeza que Deus nos perdoará e nos trará novas forças para não mais pecar. Com isso fica claro que nossa vida de virtudes nos ajuda a conquistar o céu, pois quando praticamos o bem e fugimos do mal, recebemos a recompensa de Deus.

 

A virtude da Esperança é, então, a certeza que temos da ajuda de Deus para possuí-Lo, nesta vida, pela graça santificante, e no céu, pela glória eterna.

 

 

Os pecados contra a virtude da Esperança

 

Existem dois tipos de pecados contra a virtude da Esperança: a presunção e o desespero.

 

presunção consiste em acharmos que podemos possuir a Deus, tanto pela graça (na vida terrena) quanto na vida eterna, sem a ajuda de Deus. Isso acontece muito em pessoas que levam uma vida longe de Deus, sem corrigir seus pecados, sem confissão e comunhão, e que acham que, apesar disso, Deus lhes dará a salvação.

 

desespero consiste em achar que nunca poderemos alcançar a vida eterna, ou que Deus nunca nos perdoará dos nossos pecados. Isso acontece com freqüência em pessoas que passam por muitos sofrimentos e não têm confiança no socorro de Deus.

 

Quando sofremos muito, devemos nos voltar para Deus na oração, com firme certeza da ajuda de Deus que, infinitamente misericordioso, nos ajudará a nos levantar da queda do pecado.

 

Quem possui a virtude da Esperança?

 

Todos os fiéis que vivem na terra em estado de graça.

 

No céu, os bem-aventurados não possuem mais esta virtude porque já vivem na possessão eterna de Deus e não podem, assim, esperar alcançá-la.

 

Na nossa vida, precisamos viver sempre em função da Fé e da Esperança que Deus nos dá. Essa vida se realiza, na verdade, pelo amor de Deus que é a terceira virtude teologal, a Caridade.

 

Rezemos muito para que Deus aumente e conserve sempre em nós esta virtude.

 

Quer saber mais, leia...

 

A CARTA ENCÍCLICA de S.S. o Papa Bento XVI:  Salvos pela Esperança – SPE SALVI.

 

 

 

A VIRTUDE DA CARIDADE.

Catecismo de São Pio X.

 

Assim como a Fé é a virtude que nos dá o conhecimento certo de Deus, assim também a Caridade é o verdadeiro amor de Deus.

 

Para que nossa alma tenha verdadeiro amor por uma pessoa é preciso que ela primeiro conheça esta pessoa. Não podemos amar quem não conhecemos.

 

A Fé nos dá o conhecimento. A Caridade nos faz amar a Deus como Ele é, como O conhecemos pela Fé. A Caridade é a terceira virtude teologal, porque é Deus quem a infunde em nosso coração e, sobretudo, porque ela nos faz amar a Deus. Ela é toda relativa a Deus.

 

Amamos a Deus por causa da Sua perfeição infinita e de sua bondade. Deus é o próprio amor. Por isso, quando amamos alguém na caridade, esse amor nos foi dado por Deus.

 

Muitas vezes acontece de Deus chamar uma alma mais generosa a um amor mais elevado. Ele  descobre, por assim dizer, os segredos do seu Divino Coração, quando vê no coração de alguém uma correspondência ao infinito amor que Ele nos demonstra. É na intimidade da oração, no silêncio interior, que podemos descobrir este caminho luminoso e pleno.

 

O Amor por si mesmo e o Amor ao Próximo

 

Porém, para manifestar a Caridade na nossa vida, além de viver em estado de graça, além de rezar e desejar estar unidos a Deus, devemos amar a nós mesmos e ao próximo. O que quer dizer isto?

 

O amor a Deus compreende, implicitamente, o amor de Suas obras. Entre elas, mais do que todas, devemos amar as que mais se parecem com o próprio Deus. Aqui na terra, são os homens que receberam de Deus esta semelhança.

 

Por isso, devemos amar a nós mesmos e ao próximo, porque aí descobrimos um pouco como é Deus. Antes de amar ao próximo, devemos amar a nós mesmos. Claro, não devemos amar nossas fraquezas, nossos pecados, mas sim aquilo que em nós manifesta a grandeza e a bondade de Deus.

 

Devemos amar a nós mesmos porque conhecemos a nós mesmos e também porque devemos desejar a nossa própria salvação acima de tudo. Devemos amar nossa alma, criada semelhante a Deus, remida pelo Sangue de Cristo e predestinada à glória do Paraíso.

 

Como provamos o amor por nós mesmos?

 

Trabalhando para a nossa salvação. Vida de oração, freqüência dos Sacramentos, cumprindo em tudo a Santa Lei de Deus.

 

Devemos amar ao próximo, em Deus, por amor de Deus, na medida em que o próximo é digno desse amor, ou seja, na medida em que ele reflete essa bondade infinita de Deus.

 

Nosso próximo, em primeiro lugar, são nossos pais e familiares, nossos amigos, nossos conhecidos, etc. Às vezes, devemos manifestar nosso amor a Deus fazendo o bem a alguém que não conhecemos. Alguém que ajudamos na rua, uma informação que damos, um copo d'água, uma esmola... Mas devemos sempre nos lembrar que o amor ao próximo depende inteiramente do amor de Deus.

 

A virtude da Caridade deve ser praticada sempre. É um mandamento de Deus, o primeiro mandamento de Sua Lei: Amar a Deus sobre todas as coisas. Deus quer ser amado e quer que amemos aqueles que Ele ama. De diversas maneiras Deus provou que nos ama: primeiro, nos criando, nos tirando do nada; depois, apesar do pecado de Adão e Eva e de todos os nossos pecados, nos salvando pela morte na Cruz de Seu Filho. Ele pede nossa retribuição, que consiste em louvá-Lo, glorificá-Lo, obedecê-Lo e amá-Lo sempre. Por isso devemos rezar, assistir à Santa Missa, cumprir nossas obrigações para com Ele e para com o próximo.

 

Pecados contra a Caridade

 

Todos os pecados mortais, pois eles são ofensas a Deus que ferem seu amor por nós. Ao pecar, nos colocamos acima de Deus;

 

Preguiça ou tibieza espiritual: fraquezas nos atos de amor a Deus, como o desânimo na oração, distração na Missa, fraqueza nas mortificações, etc.

 

Ódio contra Deus: é o pecado que vai diretamente contra o amor de Deus; é a fuga e o abandono de Deus. Devemos rezar por tantas almas que encontramos, que manifestam o ódio de Deus, muitas vezes pelo indiferentismo religioso, apenas deixando a Deus de lado, não querendo saber dele.

 

Devemos aumentar muito nossas orações, para que DEUS aumente e conserve sempre em nós a VIRTUDE DA CARIDADE, e a conceda aos que não a possui ou estão distante DELE.

 

Quer saber mais, leia...

 

A CARTA ENCÍCLICA de S.S. o Papa Bento XVI: Deus é Amor – “DEUS CARITAS EST”