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ATO DE REPARAÇÃO AO CORAÇÃO SACRATÍSSIMO DE JESUS.

(Carta Encíclica do Papa Pio XI - 1928)

 

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravar-mos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração. Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as próprias culpas, mas também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade não Vos querendo como pastor e guia, ou, faltando às promessas do batismo, sacudiram o suavíssimo jugo da vossa santa Lei.

 

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente dos costumes e imodéstias do vestir, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra Vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

 

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniqüidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que Vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

 

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e pelos nossos próximos, impedir por todos os meios novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número de almas possível.

 

Recebei, oh! benigníssimo Jesus, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até á morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde Vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Assim seja.

 

(“Miserentissimus Redemptor”, Carta Encíclica de Pio XI sobre o dever da reparação ao Sagrado Coração de Jesus de 8 de Maio de 1928)