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OS FRUTOS DA ORAÇÃO

 

05.08.1933. Festa da Mãe da Misericórdia. Hoje recebi uma grande e inconcebível graça, puramente interior, pela qual sou grata a Deus nesta vida e na eternidade...  Jesus me disse que o que mais Lhe agrada é quando medito sobre Sua dolorosa Paixão e que, por essa meditação, muita luz desce sobre minha alma. Quem quiser aprender a verdadeira humildade, que medite sobre a Paixão de Cristo. Quando reflito sobre a Paixão de Cristo, consigo compreender claramente muitas coisas que antes não podia compreender. Quero ser semelhante a Vós, Jesus, a Vós crucificado, martirizado, humilhado. Jesus, imprimi na minha alma e no meu coração a Vossa própria humildade. Amo-Vos, Jesus, até a loucura. A Vós despojado, tal como Vos apresenta o profeta, como se não pudesse distinguir em Vós a forma humana devido aos grandes sofrimentos. É nesse estado que Vos amo, Jesus, até a loucura. Ó Deus eterno e incomensurável, o que fez de Vós o amor?... (Diário de Santa Faustina N° 266 e 267)

 

05 de agosto de 1935 — Festa da Mãe da Misericórdia. Preparei-me para esta festa com maior zelo que nos outros anos. Nesse dia, de manhã, tive uma luta interior ao pensar que deveria abandonar a congregação, onde desfrutava de uma especial proteção de Maria. Nessa luta passou-se a meditação e a primeira santa Missa; durante a segunda santa Missa eu disse à Mãe Santíssima: “Quanto me é difícil separar-me dessa congregação que se encontra sob vossa especial proteção, ó Maria!” — Então, vi a Virgem Santíssima, indizivelmente bela, que se aproximou de mim, vindo do altar até o meu genuflexório, estreitou-me ao seu Coração e disse-me estas palavras: Sou vossa Mãe pela infinita Misericórdia de Deus. A alma que cumpre fielmente a vontade de Deus é a que mais me agrada. — Fez-me compreender que cumpro fielmente todos os desejos de Deus e dessa maneira encontrei graça aos Seus olhos. — Sê corajosa, não tenhas medo das dificuldades ilusórias, mas fixa o teu olhar na Paixão do meu Filho e, dessa maneira, vencerás. (Diário de Santa Faustina N° 449)

 

11.10.1933. — Quinta-feira. Procurei rezar a Hora Santa, mas comecei-a com grande dificuldade. Uma espécie de saudade começou a lacerar o meu coração. A minha mente ficou de tal forma obscurecida, que não podia compreender as mais simples fórmulas da oração. E assim passei uma hora de oração, ou antes, de luta. Decidi rezar mais uma hora, mas os sofrimentos interiores intensificaram-se. — Uma grande aridez e desânimo. Decidi, então, rezar uma terceira hora. Durante essa terceira hora de oração, que decidi passar de joelhos sem nenhum apoio, o meu corpo começou a exigir descanso. Mas em nada folguei. Abri os braços em cruz e, embora não pronunciasse palavras, por um ato de vontade eu perseverava. Em seguida tirei o anel do dedo e pedi que Jesus olhasse para esse anel, que é o sinal da nossa eterna união, e ofereci a Nosso Senhor aqueles sentimentos que tive no dia dos votos perpétuos. Instantes após, senti que uma onda de amor começava a envolver o meu coração. Depois deu-se um repentino recolhimento do espírito, os sentidos se acalmaram, a presença de Deus invadiu minha alma. Sabia apenas que existe Jesus e eu. Vi-O da mesma forma que tinha visto no primeiro momento após os votos perpétuos, quando também estava rezando uma Hora Santa. Jesus surgiu, de repente, diante de mim, despido de Suas vestes, coberto de chagas por todo o Corpo, os olhos cheios de sangue e lágrimas, o rosto todo desfigurado, coberto de escarros. Então, o Senhor me disse: A esposa deve ser semelhante ao seu esposo. Compreendi a fundo essas palavras. Aqui não há lugar para qualquer tipo de dúvidas. A minha semelhança com Jesus deve ser pelo sofrimento e pela humildade. Olha o que fez de Mim o amor pelas almas humanas. Minha filha, no teu coração encontro tudo o que Me nega um tão grande número de almas. O teu coração é o Meu repouso; muitas vezes, guardo grandes graças para o final da oração. (Diário de Santa Faustina N° 268.)

 

Uma vez, quando entrei na capela para uma adoração de cinco minutos, e estava rezando por certa alma, compreendi que nem sempre Deus aceita as nossas orações por aquelas almas pelas quais rezamos, mas destina-as a outras almas e, mesmo que não proporcionemos alívio para os sofrimentos no fogo do purgatório, contudo, a nossa oração não se perde. (Diário de Santa Faustina N° 621)

 

É pela oração que a alma se arma para toda espécie de combate. Em qualquer estado em que se encontre, a alma deve rezar. Tem que rezar a alma pura e bela, porque de outra forma perderia a sua beleza; deve rezar a alma que está buscando essa pureza, porque de outra forma não a atingiria; deve rezar a alma recém-convertida, porque de outra forma cairia novamente; deve rezar a alma pecadora, atolada em pecados, para que possa levantar-se. E não existe uma só alma que não tenha a obrigação de rezar, porque toda a graça provém da oração” (Diário, N° 146).

 

"Quando antes do retiro de oito dias fui falar com meu diretor espiritual e lhe pedi autorização para certas mortificações durante esse período — não recebi autorização para tudo o que pedi, mas apenas para algumas. Recebi autorização para uma hora de meditação sobre a Paixão de Nosso Senhor e para uma certa humilhação. Fiquei um pouco insatisfeita por não ter obtido licença para tudo o que tinha pedido. Quando voltamos para casa, entrei por um momento na capela, e então ouvi na alma a voz: Uma hora de reflexão sobre a Minha dolorosa Paixão tem maior mérito do que um ano inteiro de flagelação até o sangue; a reflexão sobre as Minhas dolorosas Chagas é muito proveitosa para ti, e a Mim causa uma grande alegria. Estou admirado que não renunciaste ainda plenamente à vontade própria, mas alegro-Me muito porque tal mudança se dará no retiro." (Diário, N° 369).

 

Hoje ouvi na alma a voz: Oh! Se os pecadores conhecessem a Minha Misericórdia, não se perderiam em tão grande número! Diz às almas pecadoras que não temam aproximar-se de Mim, fala-lhes da Minha grande Misericórdia. (Diário Nº 1396)

 

Disse-me o Senhor: A perda de cada alma mergulha-Me em tristeza mortal. Sempre Me consolas quando rezas pelos pecadores. A oração que Me é mais agradável é a oração pela conversão das almas pecadoras. Deves saber Minha filha, que essa oração sempre é ouvida e atendida. (Diário  Nº1397)

 

Durante a hora Santa, o Senhor me concedeu participar de Sua Paixão. Dividi com Ele a amargura da dor, de que estava repleta a Sua alma. Jesus deu-me a conhecer como a alma deve ser fiel à oração, apesar dos tormentos, da aridez e das tentações, porque em grande parte e principalmente de uma oração assim depende, às vezes, a concretização de grandes desígnios de Deus. E, se não perseveramos nessa oração, transtornamos o que Deus queria realizar através de nós, ou em nós. Que toda alma se lembre destas palavras: “E, estando em agonia, rezou mais longamente”. Eu sempre prolongo uma oração assim, na medida das minhas possibilidades e de acordo com os meus deveres. (Diário, N° 872).

 

"A noite, quando entrei na pequena capela, ouvi na alma estas palavras: Minha filha medita sobre estas palavras: E, estando em agonia, rezava com mais intensidade". Quando comecei a refletir mais profundamente, muita luz se derramou na minha alma. Conheci de quanta perseverança necessitamos na oração; e de uma oração tão penosa depende, não poucas vezes, nossa salvação." (Diário N°157.)

 

Lembro-me que recebi a maior porção de luzes nas adorações que fazia diariamente, durante meia hora, no tempo da quaresma, prostrada em cruz diante do Santíssimo Sacramento. Durante esse tempo, conheci melhor a mim mesma e a Deus, apesar de ter tido muitas dificuldades para fazer essa oração, mesmo tendo autorização dos superiores. Saiba a alma, que para rezar e perseverar na oração deve munir-se de paciência, e vencer corajosamente as dificuldades exteriores e interiores, desânimo, aridez, torpor da alma, tentações exteriores, respeito humano e observância das horas que são destinadas para a oração. Eu mesma passei por isso, se não fazia a oração no tempo a ela destinado, também não a fazia depois, porque as obrigações não me o permitiam; e se a fazia, era com grande dificuldade, porque os pensamentos me fugiam para os meus deveres. Tive uma outra dificuldade, quando a alma fazia bem a oração e saia dela com recolhimento interior e profundo, outros a perturbavam nesse recolhimento. E, por isso, deve ter paciência para perseverar na oração. Acontecia-me muitas vezes que, quando a alma estava mergulhada mais profundamente em Deus, tirava maior fruto da oração e a presença de Deus acompanhava-me durante o dia, tinha maior concentração no trabalho e maior perfeição na minha tarefa. Acontecia que, justamente nessa ocasião, recebia mais advertências por não cuidar das minhas obrigações, por ser indiferente a tudo. Porque as almas menos recolhidas querem também que as outras sejam semelhantes a elas, pois constituem para elas uma contínua ocasião de remorso. (Diário N°147.)

 

“Existem momentos em que não confio em mim mesma, em que estou convencida até o fundo da minha fraqueza e miséria, e sei que nesses momentos posso perseverar desde que confie na infinita misericórdia de Deus. A paciência, a oração e o silêncio – eis o que fortalece a minha alma. Há ocasiões em que a alma deve calar-se e não lhe convém conversar com as criaturas. São momentos em que não está satisfeita consigo mesma e se sente fraca com uma pequena criança. É, então, que a alma agarra-se a Deus com todas as suas forças. Nesses momentos, vivo exclusivamente pela fé e, quando me sinto fortalecida pela graça de Deus, então sou mais corajosa no diálogo e na convivência com o próximo”. (Diário, N° 944).

 

"O silêncio é como a espada na luta espiritual; a alma tagarela nunca atingirá a santidade. Essa espada do silêncio cortará tudo que queira apegar-se à alma. Somos sensíveis à fala e sendo sensíveis, logo queremos responder; não levamos em conta se é da vontade de Deus que falemos. A alma silenciosa é forte; nenhuma adversidade a prejudicará, se perseverar no silêncio. A alma recolhida é capaz da mais profunda união com Deus, ela vive quase sempre sob a inspiração do Espírito Santo. Deus opera sem obstáculo na alma silenciosa". (Diário, N° 477).

 

Virtude sem prudência não é virtude. Devemos rezar, muitas vezes, ao Espírito Santo pedindo a graça da prudência. A prudência compõe-se de: ponderação, consideração inteligente e propósito firme. Sempre a decisão final pertence a nós. Nós temos que decidir, embora possamos e devamos pedir conselho e buscar luz. (Diário, N°1106).

 

Jesus deu-me a conhecer como Lhe é agradável a oração reparadora, dizendo-me: A oração da alma humilde e amante desarma a ira de Meu Pai e alcança um mar de bênçãos. Terminada a adoração, na metade do caminho para a cela, fui cercada por uma multidão de cães negros e grandes, que pulavam e uivavam, querendo despedaçar-me. Percebi que não se tratava de cães, mas de demônios. Um deles disse com raiva: “Por nos teres arrebatado, esta noite, tantas almas, te faremos em pedaços”. — Respondi: “Se essa for a vontade de Deus misericordiosíssimo, podem despedaçar-me, pois eu o mereci com justiça, porque sou a mais miserável dos pecadores, e Deus, sempre santo, justo e infinitamente misericordioso”. — A essas palavras os demônios responderam todos juntos: “Fujamos, porque não está sozinha, mas com ela está o Onipotente!” — E desapareceram do meu caminho como o pó, como o ruído da estrada. E eu, tranquila, terminando o Te Deum, ia para a cela refletindo sobre a infinita e incomensurável Misericórdia de Deus. (Diário de Santa Faustina N° 320)

 

No dia seguinte, sentia-me muito enfraquecida, mas já não tinha nenhum sofrimento. Depois da santa Comunhão, vi Nosso Senhor como O tinha visto numa das adorações. O olhar do Senhor atravessou-me a alma; o menor pozinho não Lhe passou despercebido. Eu disse a Jesus: “Jesus, eu pensei que me levaríeis”. — E Jesus me respondeu: Ainda não se cumpriu inteiramente em ti a Minha vontade, ainda ficarás na terra, mas não por muito tempo. Agrada-Me muito a tua confiança, mas quero que o amor seja mais ardente. O amor puro dá força à alma no momento da agonia. Quando Eu agonizava na cruz, não pensava em Mim mesmo, mas nos pobres pecadores, e rezava ao Pai por eles. Quero que também os teus últimos momentos sejam inteiramente semelhantes aos Meus na cruz. Um só é o preço pelo qual se resgatam as almas — e é o sofrimento unido ao Meu sofrimento na cruz. Só o amor puro compreende essas palavras, o amor carnal nunca as compreenderá. (Diário de Santa Faustina N° 324)

 

† Hora Santa. Quinta-feira. Nessa hora de oração, Jesus me permitiu entrar no Cenáculo e pude ver o que sucedia ali. Emocionei-me profundamente no momento em que Jesus, antes da consagração, ergueu os olhos para o céu e entregou-Se a um misterioso diálogo com Seu Pai. Conheceremos devidamente esse momento apenas na eternidade. Seus olhos eram como duas chamas, o rosto radiante, branco como a neve, toda a postura majestosa, a Sua alma cheia de saudade. No momento da consagração, o amor descansou saciado — o sacrifício fora consumado na sua plenitude. Agora, apenas se cumprirá a cerimônia exterior da morte, a aniquilação exterior — a essência está no Cenáculo. Durante toda a minha vida, nunca tive um conhecimento tão profundo desse mistério como naquela hora de adoração. Oh, como desejo ardentemente que o mundo inteiro conheça este insondável mistério. (Diário de Santa Faustina N° 684)

 

† Quinta-feira. Hoje, embora estivesse muito cansada, resolvi fazer a Hora Santa. Mas não conseguia rezar, nem ficar de joelhos; no entanto, permaneci em oração a hora toda e unia-me, em espírito, com aquelas almas que já glorificam a Deus de maneira perfeita. Ao final da hora, de repente vi Jesus, que olhou para mim profundamente e, com indizível doçura, disse: A tua oração Me é imensamente agradável. Depois dessas palavras entrou na minha alma uma estranha força e uma alegria espiritual. A presença de Deus impregnou toda a minha alma. Oh, o que acontece com a alma que se encontra face a face com o Senhor! Nenhuma caneta conseguiu expressá-lo, nem expressará jamais. (Diário de Santa Faustina N° 691)

 

Existem momentos na vida em que a alma encontra alívio apenas na oração profunda. Queira Deus que, em momentos assim, as almas possam perseverar na oração, isso é muito importante. (Diário de Santa Faustina N° 860).

 

07.01.[1937]. Durante a Hora Santa, o Senhor concedeu-me participar da Sua Paixão. Dividi com Ele a amargura da dor de que estava repleta a Sua alma. Jesus deu-me a conhecer como a alma deve ser fiel à oração, apesar dos tormentos, da aridez e das tentações, porque em grande parte e principalmente de uma oração assim depende, às vezes, a concretização de grandes desígnios de Deus. E, se não perseveramos nessa oração, transtornamos o que Deus queria realizar através de nós, ou em nós. Que toda alma se lembre destas palavras: “E, estando em agonia, rezou mais longamente”. Eu sempre prolongo uma oração assim, na medida das minhas possibilidades e de acordo com os meus deveres. (Diário de Santa Faustina N° 872).

 

Durante as vésperas ouvi estas palavras: Minha filha, desejo descansar no teu coração, pois muitas almas expulsaram-Me hoje de seus corações, e senti uma tristeza mortal. Procurei consolar o Senhor, oferecendo-Lhe mil vezes o meu amor. Senti na minha alma uma aversão ao pecado. (Diário de Santa Faustina N° 866).