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Apresentação.

 

Santo Afonso (1696-1787) é conhecido como o “Doutor da Oração”. Talvez por isso mesmo diga, na introdução a esta sua obra, que nunca tinha escrito nada mais útil. O que é dizer muito, uma vez que chegou a publicar mais de cem obras durante sua longa vida.

 

Sobre a oração Santo Afonso falou e escreveu muito. Mas, principalmente foi um homem que muito orou: em média dedicava oito horas diárias à oração. Podia, pois, recomendar a todos que fizessem pelo menos uma hora de oração diária, além de frequentes e rápidas preces nas diversas oportunidades do dia.

 

Nesta sua obra, o santo doutor trata da oração enquanto pedido, prece, súplica e também agradecimento. Não trata dos outros aspectos da oração, como também não se prende apenas à oração vocal. Fala da absoluta necessidade que temos de pedir a Deus a salvação e de como o devemos fazer.

 

Foi em 1757 que pela primeira vez Santo Afonso publicou um “Breve tratado sobre a necessidade da oração, sua eficácia e as condições com que deve ser feita”.

 

O texto foi publicado como apêndice da obra “O cristão santificado”, do seu confrade o Pe. Januário Sarnelli, um livro que, por sinal, tinha como finalidade levar todos os cristãos a fazerem diariamente a oração mental.

 

No inicio do ano seguinte, o santo reviu o texto e o acrescentou à nova edição dos seus “Opúsculos Espirituais”. Na ocasião prometeu que em breve publicaria uma obra especial e mais trabalhada, em que desenvolveria também uma tese teológica: a graça de orar é dada normalmente a todos e, mediante a oração, todos podem obter de Deus os outros auxílios necessários para a salvação. No mesmo ano de 1758 ele escreveu para Remondini, seu editor em Veneza: “Esse livro sobre a oração é obra única e muito útil para todos. E não é apenas uma obra ascética ou espiritual: é também teológica e me está dando muito trabalho...”

 

Em novembro de 1758 o texto foi entregue a um editor de Nápoles e já estava impresso em março do ano seguinte. O titulo seguia o estilo da época: Do grande meio da Oração Para conseguir a salvação eterna e todas as Graças que queremos de Deus Obra Teológico-ascética do Revmo. Padre Dom Afonso de Ligório Reitor-Mor da Congregação do SS. Redentor Utilíssima para todo o tipo de pessoa.

 

Como era seu costume, já no dia 5 de abril Santo Afonso enviou um exemplar revisado dessa edição napolitana para ser reimpresso em Veneza, o que iria garantir maior divulgação para a obra. Essa nova edição foi publicada entre junho e agosto do mesmo ano de 1759. Até a morte do autor, em 1787, foram publicadas 10 edições. Note se que, já em 1761, foi publicada em Nápoles uma edição contendo apenas a primeira parte, omitida a dissertação teológica. Isso, aliás, tornou-se praxe em praticamente todas as edições populares da obra. É o que fazemos na presente edição, na qual se suprimiram também as referências ao pé da página. A tradução, feita pelo Pe. Henrique Barros, C.SS.R. (1890-1969), foi-nos graciosamente cedida pelas Edições Paulinas. Para facilitar a leitura, foram feitas algumas modificações na linguagem.

 

Como já o dissemos, mais vezes Santo Afonso escreveu sobre a oração, dando um destaque especial à oração mental e à meditação. Ainda em 1742 compôs um texto breve, de mais ou menos quarenta linhas: “Resumo do modo de fazer a oração mental”. Texto que nos foi conservado em uma de suas cartas mas que, ao que tudo indica, era um dos muitos folhetos que o santo costumava distribuir ao povo durante as Missões. De 1745 a 1750 temos um esquema de palestra sobre a necessidade da oração mental, possivelmente para clérigos que se preparavam para a ordenação sacerdotal.

 

Finalmente, na obra “Vitorias dos Mártires”, há, como apêndice, um texto de mais ou menos setenta linhas: “Avisos necessários para a salvação de pessoas de qualquer estado de vida”. É como que um apanhado geral da doutrina sobre a oração. Composto provavelmente antes de 1775, o texto foi também distribuído como volante durante as Missões. Aí é que se encontra em sua forma literal a frase, talvez a mais conhecida, do grande missionário: “‘É CERTO QUE QUEM REZA SE SALVA, QUEM NÃO REZA SE CONDENA”.

 

O santo, que tanto insistia na obrigação de os pregadores falarem frequentemente sobre a necessidade da oração, não podia deixar de dar o exemplo. De todos os modos insistia com seus missionários redentoristas para que fossem homens de oração e pregadores da oração. Julgava que os frutos das Missões estavam garantidos onde ficava implantado o hábito da oração mental. Quando em 1771 publicou os “Sermões Breves para todos os domingos do ano” resumiu em três pregações toda a sua doutrina sobre a oração. Aliás, um resumo adaptado desses textos já foi publicado pela Editora Santuário no livreto “Conversando sobre a Oração”. Não poderia deixar de lembrar ainda outro livreto seu: “Maneira de conversar continuamente e familiarmente com Deus” também publicado por nós numa adaptação (Conversando sobre como conversar com Deus). Nessa pequena obra está todo o esforço do Santo Doutor da Oração para nos ajudar a fazer da oração uma realidade sempre presente a todos os instantes da vida. Fl. Castro, C.SS.R

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A Jesus e a Maria.

 

Vós, Verbo encarnado, destes o sangue e a vida a fim de obter para as nossas orações, como prometestes, um valor tão grande que elas nos alcançam tudo que pedimos. E nós, ó Deus, somos tão descuidados da nossa salvação, que nem pedir queremos as graças necessárias para nos salvar! Por este meio, pela oração, nos destes a chave de todos os vossos divinos tesouros. E nós, porque não pedimos, queremos permanecer em nossas misérias. Ah, Senhor! Iluminai-nos e fazei-nos conhecer quanto valem, perante o Pai eterno, as orações feitas em vosso nome e por vossos merecimentos.

 

Consagro-Vos este meu livrinho. Abençoai-o e fazei com que todos quantos o tiverem em suas mãos, resolvam a orar sempre e se esforcem por despertar também o fervor nos outros, a fim de que empreguem este grande meio de salvação.

 

Também a Vós, Maria, grande Mãe de Deus, consagro esta obra. Protegei-a e abençoai a todos que a lerem com espirito de oração, para recorrerem em todas as necessidades ao vosso Filho e a Vós, Despenseira das graças e Mãe de misericórdia, Vós que não sabeis deixar partir desalentados os que se encomendam a Vós. Sois a Virgem poderosa, alcançais de Deus para os vossos servos tudo o que pedis para eles.

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Ao Verbo Encarnado Jesus Cristo.

 

DILETO DO ETERNO PAI, BENDITO DO SENHOR, AUTOR DA VIDA, REI DA GLÓRIA, SALVADOR DO MUNDO, DESEJADO DAS NAÇÕES, DESEJO DAS COLINAS ETERNAS, PÃO CELESTE, JUIZ UNIVERSAL, MEDIANEIRO ENTRE DEUS E OS HOMENS, MESTRE DA VIRTUDE, CORDEIRO SEM MANCHA, HOMEM DAS DORES, SACERDOTE ETERNO, VÍTIMA DE AMOR, FONTE DE GRAÇA, BOM PASTOR, AMANTE DAS ALMAS, dedica esta obra Afonso, pecador.

 

Fonte: A Oração – Santo Afonso Maria de Ligório