Mártires em Silêncio...
† Nos momentos difíceis, fixarei o meu olhar no aberto e silencioso Coração de Jesus na cruz, e das chamas fulgurantes que irrompem do misericordioso Coração de Jesus fluirão para mim força e vigor para a luta. (Diário de Santa Faustina N° 906)
Durante esta Quaresma, sentia frequentemente a Paixão de Nosso Senhor no meu corpo; sentia no fundo do meu coração tudo o que Jesus sofreu, embora exteriormente em nada se manifestassem os meus sofrimentos — sabe deles apenas o confessor. (Diário N° 203).
07.02.[1937]. Hoje disse-me o Senhor: Estou exigindo de ti um sacrifício perfeito de oblação — o sacrifício da vontade. Nenhum outro sacrifício pode-se comparar com esse. Sou Eu mesmo que dirijo a tua vida e faço tudo de tal forma que sejas para Mim contínuo sacrifício. Farás sempre a Minha vontade e, para completar esse sacrifício, te unirás a Mim na cruz. Sei o que podes. Eu mesmo te darei muitas ordens diretamente, mas atrasarei e farei depender de outros a possibilidade da sua execução. Mas o que as superioras não conseguirem, Eu mesmo completarei diretamente em tua alma. E, no mais oculto recôndito da tua alma, haverá um sacrifício perfeito de holocausto, e não só por algum tempo, pois deves saber, Minha filha, que esse sacrifício durará até a morte. Mas virá o tempo em que Eu, o Senhor, satisfarei todos os teus desejos. Sinto por ti uma predileção, como por uma hóstia viva. Que nada te atemorize, porque Eu estou contigo. (Diário de Santa Faustina N° 923)
Hoje estava limpando o quarto de uma das irmãs. Apesar de me esforçar por limpá-lo com o maior cuidado, durante todo o tempo da limpeza ela andava atrás de mim e dizia: “aqui tem um pouco de pó, ali uma pequena mancha no chão”. A cada indicação sua, eu limpava até dez vezes a mesma coisa, só para satisfazê-la. Não é o trabalho que cansa, mas esses resmungos e excessivas exigências. Não lhe foi suficiente todo aquele meu martírio do dia inteiro, mas ainda foi se queixar para a mestra. — “Olhe, madre, que irmã incompetente, que nem sabe fazer as coisas depressa”. — No dia seguinte fui executar o mesmo trabalho sem uma palavra de explicação. Quando começou a me incomodar, pensei comigo: “Jesus, é possível ser mártir em silêncio, pois não é o trabalho que tira as forças, mas esse contínuo martírio”. Conheci que algumas pessoas têm o dom especial de incomodar os outros. Põem os outros à prova como podem. Nada adianta a uma pobre alma, quando cai nas suas garras; as melhores intenções são mal interpretadas. (Diário N°181 e 182).
Um dia, após a santa Comunhão ouvi esta voz: Desejo que Me acompanhes quando vou aos doentes. — Respondi que bem queria, mas em seguida comecei a refletir como poderia fazê-lo, pois as irmãs do segundo coro não acompanham o Santíssimo Sacramento, são sempre as irmãs diretoras que o fazem. Pensei depois comigo mesma que Jesus daria um jeito. Um pouco depois, a madre Rafaela mandou chamar-me e disse-me: “A irmã irá acompanhar Nosso Senhor, quando o padre for visitar os doentes”. — E por todo o tempo em que estive na provação, sempre andei com a vela acesa, acompanhando o Senhor e, como um cavaleiro de Cristo, procurava sempre cingir-me com o cinto de ferro, pois afinal não convinha acompanhar o Rei vestida como de costume. E esta mortificação eu oferecia pelos doentes. (Diário N°183).
† 25.04.1933 - Permissões mensais.
Ao passar perto da capela, entrar nela.
Rezar nos momentos livres de obrigações.
Aceitar, dar, emprestar coisas pequenas.
Uma segunda merenda de manhã e uma à tarde.
Algumas vezes ter licença de faltar no recreio.
Igualmente, às vezes, poderei não participar dos exercícios em comum.
Às vezes, poderei não participar das orações da noite, ou da manhã.
Às vezes ficar, por algum tempo depois das nove, ocupando-me dos meus trabalhos ou fazer os exercícios espirituais.
Quando tiver um pouco de tempo, escrever ou anotar alguma coisa.
Falar ao telefone.
Sair de casa.
Quando estiver na cidade, entrar numa igreja.
Visitar as irmãs doentes.
Entrar na cela de outras irmãs, em caso de necessidade.
Algumas vezes beber água fora de hora.
Pequenas mortificações
Rezar o Terço da Misericórdia Divina, com os braços abertos.
No sábado, uma parte do rosário com os braços abertos.
Algumas vezes, fazer orações, prostrada no chão.
Nas quintas-feiras, fazer a Hora Santa.
Nas sextas-feiras, alguma mortificação maior pelos pecadores agonizantes. (Diário de Santa Faustina N°246)
† Não julgar nunca a ninguém, ser indulgente com os outros, e severa para comigo mesma. Tudo referir a Deus e, aos meus próprios olhos, sentir-me o que sou — a maior miséria e o nada. Nos sofrimentos, comportar-me com paciência e calma, sabendo que com o tempo tudo passará. (Diário de Santa Faustina N°253)
21.12.[1936]. Contínuos rumores e conversas até o meio- dia, e depois do meio-dia o rádio fica sempre ligado, de modo que sinto a falta do silêncio. Meu Deus, e eu que esperava ficar em silêncio, pensando que poderia conversar apenas com Deus e aqui está acontecendo o contrário. Agora, porém, nada me perturba, nem as conversas, nem o rádio. Numa palavra — nada. A graça de Deus fez com que, quando rezo, nem mesmo sei onde me encontro. Sei apenas que a minha alma está unida com o Senhor, e assim passam os meus dias neste hospital. (Diário de Santa Faustina N° 837)