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VISITA PASTORAL

DO PAPA BENTO XVI.

 

O mundo precisa de uma igreja pobre e livre que fale ao homem de hoje: Bento XVI na homilia da Missa celebrada em Brescia, prestando homenagem ao Papa Paulo VI. Dirigindo-se aos leigos católicos o Papa indicou-lhes os desafios de hoje: migrações, crise econômica e educação dos jovens.

 

(8/11/2009) Bento XVI efetua neste domingo, dia 8, uma visita pastoral a Brescia e Concesio – norte da Itália – lugares que testemunharam o nascimento e a formação de Giovanni Battista Montini – Papa Paulo VI.

 

A primeira etapa do percurso rumo à cidade de Brescia foi uma visita ao Santuário de Boticcino Sera, município de Valverde, que guarda a urna com os restos mortais de Santo Arcangelo Tadini (um sacerdote bresciano que viveu entre 1846 e 1912, uma figura límpida e fascinante com um grande amor a Deus e aos homens, homem austero e de grande ternura).

 

É necessário rezar e trabalhar para que nasça um mundo fraterno onde cada um não viva para si mesmo mas para os outros: disse Bento XVI dirigindo a sua breve saudação, não prevista, á multidão congregada fora da igreja paroquial de Botticino Será. O Papa quis assim antecipar alguns temas que poderiam constituir a chave de leitura desta visita pastoral: caridade e solidariedade. Em Brescia, onde chegou ao meio da manhã, o Santo Padre presidiu a celebração da Santa Missa.

 

Na homilia Bento XVI meditou sobre o mistério da Igreja, prestando homenagem ao grande Papa Paulo VI que a ela consagrou a sua vida inteira. A Igreja - recordou – é um organismo espiritual concreto que prolonga no espaço e no tempo a oblação do Filho de Deus, um sacrifício aparentemente insignificante em relação ás dimensões do mundo e da historia, mas decisivo aos olhos de Deus.

 

Como diz a Carta aos Hebreus – também no texto deste domingo, a Deus bastou o sacrifício de Jesus, oferecido “ uma só vez”, para salvar o mundo inteiro porque naquela única oblação está condensado todo o Amor divino, como no gesto do óbolo da viúva de que fala o Evangelho deste Domingo está concentrado o amor daquela mulher a Deus e aos irmãos. A Igreja, que incessantemente nasce da Eucaristia – salientou depois Bento XVI – é a continuação deste dom, desta super-abundância que se exprime na pobreza do tudo que se oferece no fragmento do pão consagrado. É o Corpo de Cristo que se dá inteiramente.

 

Na sua homilia da Missa em Brescia o Papa quis depois sublinhar a visão de uma igreja pobre e livre que recorda a figura evangélica da viúva. “É assim que deve ser a Comunidade eclesial para conseguir falar á humanidade contemporânea. O encontro e o diálogo da Igreja com a humanidade deste nosso tempo estavam particularmente a peito a João Batista Montini em todas as estações da sua vida, desde os primeiros anos de sacerdócio até ao Pontificado. Ele dedicou todas as sua energias ao serviço de uma Igreja o mais possível conforme ao seu Senhor Jesus Cristo, de maneira que encontrando-a , o homem contemporâneo possa encontrá-LO, porque d’Ele tem absoluta necessidade. Este é o anélito de fundo do Concilio Vaticano II a que corresponde a reflexão do Papa Paulo VI sobre a Igreja.

 

Ele – recordou hoje Bento XVI – quis expor programaticamente alguns dos pontos salientes na sua primeira Encíclica Ecclesiam suam de 6 de Agosto de 1964 quando ainda não tinham sido publicadas as Constituições conciliares Lúmen gentium e Gaudium et spes.

 

Com aquela Encíclica o Pontífice propunha-se explicar a todos a importância da Igreja para a salvação da humanidade, e ao mesmo tempo, a exigência que entre a Comunidade eclesial e a sociedade se estabeleça uma relação de conhecimento e amor recíproco. “Consciência, renovação, diálogo: estas as três palavras escolhidas por Paulo VI para exprimir os seus pensamentos dominantes – como ele os definiu – no inicio do seu ministério petrino e as três palavras referem-se á Igreja”. Antes de mais a exigência que ele aprofunda a consciência de si mesma: origem, natureza, missão, destino final; em segundo lugar, a sua necessidade de se renovar e purificar olhando para o modelo que é Cristo; finalmente o problema das suas relações com o mundo moderno.

 

Nesta sua homilia, dirigindo-se agora especialmente aos bispos e padres, Bento XVI salientou que a questão da Igreja, da sua necessidade no desígnio de salvação e da sua relação com o mundo permanece também hoje absolutamente central.

 

“A reflexão do Papa Montini sobre a Igreja é hoje mais do que nunca atual; e mais ainda é precioso o exemplo do seu amor por ela, inseparável do amor por Cristo. O mistério da Igreja – lê-se na Encíclica Ecclesiam suam - não é simples objeto de conhecimento teológico, deve ser fato vivido, em que a alma fiel, antes de ser capaz de definir a Igreja com exatidão, a pode apreender numa experiência conatural.

 

Isto pressupõe uma vida interior robusta que é “a grande fonte da espiritualidade da Igreja, condiciona-lhe a receptividade às irradiações do Espírito de Cristo, é expressão fundamental e insubstituível da sua atividade religiosa e social, e é ainda para ela defesa inviolável e renascente energia no seu difícil contacto com o mundo profano.”.

 

Prosseguindo a sua homilia, Bento XVI dirigiu-se depois ao laicado católico sublinhando que as migrações, a crise econômica e a educação dos jovens constituem os desafios de hoje.

 

Fonte: Rádio Vaticano.