Passio Domini.jpg

Que é a Verdade?

 

Explica Santo Agostinho: «Que é a verdade? O Filho de Deus. Que é a terra? A carne. Interroga-te donde nasceu Cristo, e vê por que a verdade germinou da terra; (...) a verdade nasceu da Virgem Maria» (En. in Ps. 84, 13).

> Em Mensagem de Natal 2012.

 

> A Verdade se fez alimento...

> O Esplendor da Verdade...
> Caridade na Verdade...

> A Fé e a razão na Verdade...

> A Verdade se fez alimento...

> Ladainha da Humildade... 

> A Prática da Humildade...

 

Oh, meu Jesus, nada melhor para a alma do que a humilhação. No desprezo está o segredo da felicidade. Quando a alma conhece que, por si mesma, é nada e miséria e que tudo o que tem de bom em si é apenas dom de Deus; quando a alma percebe que tudo lhe foi dado gratuitamente, e que dela é só a miséria, isso a mantém em contínua humildade diante da majestade de Deus, e Deus, vendo a alma em tal disposição, persegue-a com Suas graças. Quando a alma aprofunda-se no abismo da sua miséria, Deus utiliza a Sua onipotência para enaltecê-la. Se existe na terra uma alma verdadeiramente feliz, é apenas a alma verdadeiramente humilde. De início, sofre muito com isso o amor próprio, mas Deus, após o corajoso combate, concede à alma muitas luzes, pelas quais ela conhece como tudo é desprezível e cheio de ilusão. Apenas Deus está no coração dela. A alma humilde não confia em si mesma, mas põe toda a sua confiança em Deus. Deus defende a alma humilde e Ele mesmo se preocupa com os problemas dela, e então a alma permanece na maior felicidade, que ninguém poderá compreender. (Diário de Santa Faustina N°593)

 

+ Ó meu Jesus, Vós sabeis a quantas coisas tive que me expor por dizer a verdade. Ó verdade, tantas vezes oprimida, que trazeis quase sempre uma coroa de espinhos! Ó Verdade eterna, fortalecei-me para que eu tenha a coragem de dizer a verdade, ainda que tenha que pagar isso com a vida. Ó Jesus, como é difícil acreditar nisto, quando se vê na vida um procedimento contrário àquilo que se ensina aos outros. (Diário de Santa Faustina, N° 1482)

 

Foi por isso que, no retiro, depois de uma longa observação da vida, decidi fixar firmemente o meu olhar apenas em Vós, ó Jesus, o mais perfeito dos modelos. Ó eternidade, que desvendarás muitos mistérios e mostrarás a verdade!... (Diário de Santa Faustina, N° 1483)

Santo Afonso Maria de Ligório..jpg

#Santo Afonso Maria de Ligório

 

TERCEIRA PARTE - REGULAMENTO DA VIDA DO CRISTÃO

 

CAPÍTULO III - DA PRÁTICA DAS VIRTUDES CRISTÃS

 

§. I. PRÁTICA DA HUMILDADE 

 

Quem não é humilde não pode agradar a Deus, que não pode tolerar os orgulhosos. Ele prometeu ouvir aqueles que oram a ele, mas se uma pessoa orgulhosa orar a ele, o Senhor não o ouvirá; aos humildes do encontro ele espalha suas graças: "Deus superbis resistit, humilibus autem dat gratiam" Deus resiste aos orgulhosos, mas dá sua graça aos humildes (Tg. 4: 6). 

 

A humildade se divide em humildade de "carinho" e humildade de "vontade". A humildade afetiva consiste em guardarmo-nos pelo miseráveis ​​que somos, que nada sabemos e nada podemos fazer senão prejudicar. Quanto ao bem temos e fazemos, tudo vem de Deus, e vamos praticar. 

 

Quanto à humildade de afeto, portanto, por isso nunca depositamos confiança em nossas forças e em nossas intenções; mas sempre desconfiamos e tememos a nós mesmos. "São Filipe Neri” disse: "Aquele que não tem medo caiu". Pois nunca nos gloriamos em nossas coisas; como em nossos talentos, nossas ações, nosso nascimento, nossos parentes e afins. Portanto, é bom que nunca falemos de nossas obras, exceto para mencionar nossos defeitos. E o melhor é nunca falar de nós, nem bem nem mal: porque mesmo falando mal, muitas vezes surge em nós a vanglória de ser elogiado, ou pelo menos de ser tido por humilde, de modo que a humildade se reduz ao orgulho. Pois não nos indignamos conosco após o defeito. Isso não é humildade, mas orgulho, e também é arte do diabo nos fazer desconfiar em tudo e deixe a boa vida. 

 

Quando nos virmos caídos, digamos como dizia Santa Catarina de Gênova: "Senhor, estes são os frutos do meu jardim". Então, humilhemo-nos e levantemo-nos imediatamente do defeito cometido com um ato de amor e dor, propondo-nos a não cair novamente e confiando na ajuda de Deus. E se por infortúnio cairmos de novo, sempre o faremos. Pois vendo as quedas dos outros, não as admiramos; mas tenhamos pena deles e agradeçamos a Deus, implorando-lhe que mantenha suas mãos sobre nós; caso contrário, o Senhor nos punirá, permitindo que caiamos nos mesmos pecados e talvez piores do que eles. Pois consideremo-nos sempre os maiores pecadores do mundo; e isso mesmo sabendo que os outros têm mais pecados que os nossos; pois as nossas faltas cometidas depois de tantas luzes e graças divinas pesarão mais sobre Deus do que as faltas dos outros, embora em maior número. Santa Teresa escreve: "Não acredite que você lucrou com a perfeição, a menos que você se prenda ao pior de tudo e não deseje ser colocado depois de tudo."

 

Então a humildade da "vontade" consiste em ter prazer em ser desprezado pelos outros. Quem merecia o inferno merece ser pisoteado pelos demônios para sempre. Jesus Cristo quer que aprendamos com ele a sermos mansos e humildes de coração: "Discite a me, quia mitis sum, et humilis corde" “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11. 29). Muitos são humildes de boca, mas não de coração. Dizem: "Sou o pior de todos: mereço mil infernos". Mas então, se alguém os repreende ou diz uma palavra de que não gostam, eles se afastam com orgulho. Estes são como ouriços, que são imediatamente tocados, todos se tornam espinhos. Mas como? você diz que é o pior de todos e então não pode tolerar uma palavra? O verdadeiramente humilde, diz São Bernardo, considera-se vil e quer ser considerado vil também pelos outros.

 

Portanto, se quereis ser verdadeiramente humildes, quando receberdes alguma admoestação, recebei-a com paz e agradecei a quem vos admoesta. São Crisóstomo diz que o justo, quando é corrigido, se arrepende do erro cometido; mas o orgulhoso lamenta que o erro seja conhecido. Mesmo quando são injustamente acusados, os santos não se defendem, exceto quando a defesa é necessária para evitar o escândalo dos outros, caso contrário, calam-se e oferecem tudo a Deus.

 

Pois quando receberes algum insulto, suporta-o com paciência e aumenta o amor dos que te desprezam. Esta é a pedra de toque para saber se uma pessoa é humilde e santa. Se ela se ressentir, mesmo tendo feito milagres, diga que é um caniço vago. O Padre Baldassarre Alvarez disse que o tempo das humilhações é o tempo de ganhar tesouros de méritos. Você ganhará mais recebendo desprezo com paz, do que se você fizesse dez jejuns a pão e água. 

 

As humilhações que fazemos para nós mesmos são boas aos outros, mas vale muito mais a pena aceitar as humilhações que os outros nos fazem, porque nestas há menos nossas, e há mais de Deus; portanto, há um lucro muito maior se soubermos suportá-lo. Mas o que pode fazer um cristão se não sabe sofrer o desprezo de Deus? Quantos desprezos sofreu Jesus Cristo por nós? Bofetadas, zombarias, chicotadas, cusparadas na cara? E, se trouxermos amor a Jesus Cristo, não apenas não nos ressentiríamos aos insultos, mas ficaríamos satisfeitos com eles, vendo-nos desprezados, como Jesus Cristo foi desprezado.

 

Fonte: S. Alfonso Maria de Ligório, "TRABALHOS ASCETICOS" Vol. X, pp. 2 - 322, Roma 1968

 

S. Tomás de Aquino, resume os 12 degraus de humildade que se encontram na Regra de S. Bento, o pai do monaquismo ocidental:

 

1) Ter os olhos sempre baixos, manifestando humildade interior e exterior; 

2) Falar pouco e sensatamente, em voz baixa;

3) Não ser de riso pronto e fácil;

4) Manter-se calado, enquanto não for interrogado;

 

5) Observar o que prescreve a regra comum do mosteiro;

6) Reconhecer-se e mostrar-se o mais indigno de todos;

7) Julgar-se, sinceramente, indigno e inútil em tudo;

8) Confessar os próprios pecados;

 

9) Por obediência suportar, pacientemente, o que é duro e difícil;

10) Submeter-se, obedientemente, aos superiores;

11) Não se comprazer na vontade própria;

12) Temer a Deus e ter presente tudo o que ele mandou.

 

A humildade está, essencialmente, no apetite, na medida em que alguém refreia os impulsos do seu ânimo, para que não busque, desordenamente, as coisas grandes. Mas a regra da humildade está no conhecimento que impede que alguém se julgue melhor do que é. E o princípio e raiz dessas duas atitudes é a reverência que se presta a Deus. 

 

Por outro lado, da disposição interior do homem procedem alguns sinais exteriores de palavras, atos e gestos, que revelam o que está oculto no íntimo, como também ocorre com as outras virtudes, pois, "pelo semblante se reconhece o homem; pelo aspecto do rosto, a pessoa sensata". (Ecl. 19, 26), diz a Escritura. 

 

Por isso, nos alegados graus de humildade figura um que pertence à raiz dela, a saber, o 12º: "temer a Deus e ter presente tudo o que nos mandou". 

 

Mas nesses graus há também algo que pertence ao apetite, como o não buscar, desordenadamente, a própria superioridade, o que se dá de três modos. Primeiro, não seguindo a própria vontade (11º); depois, regulando-a pelo juízo do superior (10º) e, em terceiro lugar, não desistindo em face de situações duras e difíceis (9º).

 

Aparecem também graus relativos à estima em que alguém deve ter ao reconhecer os próprios defeitos. E isso de três modos: primeiro, reconhecendo e confessando os próprios defeitos (8º). Depois, em vista desses defeitos, julgando-se indigno de coisas maiores (7º). Em terceiro lugar, considerando os outros, sob esse aspecto, superiores a si (6º).

 

Finalmente, nessa enumeração já também graus relativos à manifestação externa. Um deles, quanto às ações, de modo que, em suas obras, não se afaste do caminho comum (5º). Outros dois referem-se às palavras, quer dizer, que não se fale fora do tempo (4º), nem se exceda no falar (2º). 

 

Por fim, há os graus ligados aos gestos exteriores, como, por exemplo, reprimir o olhar sobranceiro (1º) e coibir risadas e outras manifestações impróprias de alegria (3º).

 

Fonte: S. Tomás de Aquino, na Suma Teológica (II-IIae, q.161, a.6)

 

O primeiro degrau a subir para o Céu: a Humildade.

 

Ao pecar, o homem enchera o seu caminho de obstáculos, mas este ficou facilitado quando Cristo o pisou com a Sua ressurreição e transformou um carreiro estreito numa avenida digna de um rei. A humildade e a caridade são os dois pés que permitem percorrê-la rapidamente. Todos são atraídos para as alturas da caridade, mas a humildade é o primeiro degrau que é preciso subir. Porque levantas o pé acima de ti? Afinal queres subir ou queres cair? Começa pelo primeiro degrau, ou seja, pela humildade, e ele te permitirá subir.

 

Eis porque o nosso Senhor e Salvador não Se limitou a dizer: «Renuncie a si mesmo», mas antes acrescentou: «Tome a sua cruz e siga-Me». Que significa: tome a sua cruz? Suporte tudo o que lhe é penoso, pois é assim que caminhará atrás de Mim. Assim que tiver começado a seguir-Me, adaptando-se à Minha vida e aos Meus mandamentos, encontrará no seu caminho muitas pessoas que o contradirão, que procurarão desviá-lo, que não apenas troçarão dele mas o perseguirão. Essas pessoas não se encontram somente entre os pagãos que estão fora da Igreja; encontram-se até entre os que, vistos do exterior, parecem estar na Igreja.

 

Portanto, se desejas seguir Cristo, toma a tua cruz sem mais demora e suporta os maus sem te deixares abater. «Se alguém quiser vir Comigo, tome a sua cruz e siga-Me.» Se quisermos pôr isto em prática, esforcemo-nos, com a ajuda de Deus, por fazer nossas estas palavras do apóstolo Paulo: «Se tivermos de que nos alimentar e vestir, contentemo-nos com isso». Há o perigo de, ao procurarmos mais bens terrestres do que aqueles de que precisamos, «querendo enriquecer», virmos a «cair na armadilha da tentação, numa quantidade de desejos absurdos e perigosos, que precipitam as pessoas na ruína e na perdição» (1Tm 6,8-9). Que o Senhor Se digne tomar-nos sob a Sua proteção e livrar-nos desta tentação.

 

Fonte: São Cesário de Arles (monge e bispo) in Sermão 159