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PADRE GABRIELE  AMORTH

 

Famoso Exorcista da diocese de Roma.

 

O ocultismo

 

Creio que o ocultismo é a verdadeira religião de Satanás, aquilo que mais se opõe ao verdadeiro Deus e á verdadeira religião; e aquilo que mais se opõe ao homem, com as suas aspirações espirituais e a sua racionalidade, que o estimula a estudar e procurar uma explicação racional de tudo quanto é objeto do seu conhecimento.

 

Para tomarmos consciência destas afirmações, temos de partir dos fundamentos da nossa fé, baseada na revelação, e que tem um claro ponto de partida: “Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças” (Dt 6,4-5). É o enunciado que está na base do Decálogo: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de minha face”. (Ex 20,2-3). É o grande início que antecede a explosão da revelação, com a Encarnação de Cristo, único Salvador e único Mestre.

 

“Tirai Deus e o mundo encher-se-á de ídolos”. Não se trata apenas da observação de um escritor contemporâneo, que espelha uma constatação recorrente em toda a história. O Santo Cura d’Ars exprimia o mesmo conceito, mas por outras palavras: “Tirai o pároco de uma paróquia e em menos de dez anos adorarão as bestas”.

 

Gosto muito de me referir ao Livro Sagrado por experiência, a Bíblia de onde provém todo e qualquer ensinamento sobre o homem. O Antigo Testamento é a história da fidelidade de Deus e da infidelidade de Israel. De todas as vezes que o povo hebraico vira as costas a Deus, entrega-se à idolatria.

 

É matemático que, na proporção em que se verifica um decréscimo da religião, dá-se um aumento da superstição; e, deste modo, permite-se a entrada do ocultismo e todas as suas ramificações. É o nosso mundo que, deste modo, se afastou de Deus e de todas as formas religiosase se enterrou até o pescoço na idolatria, na superstição, no ocultismo.

 

O que é ocultismo

 

Não é fácil definir o ocultismo. Há quem amplie o conceito e quem o restrinja (pessoalmente, prefiro a concepção mais extensa); os próprios termos utilizados para defini-lo são, muitas vezes, substituíveis e não exprimem conteúdos claramente delimitados.

 

Substancialmente, ocultismo é acreditar na existência de entes ou forças não experimentáveis no plano normal da sensibilidade, mas através dos quais é possível dominar tudo, utilizando práticas específicas que são aprendidas mediante a investigação, a iniciação e o exercício.

 

Quem se dedica ao ocultismo julga adquirir conhecimentos e poderes que os outros não tem e que estão além das leis físicas ou racionais: leitura do pensamento, materialização de objetivos, conhecimento do futuro, influências benéficas ou maléficas sobre quem quiser, domínio sobre as forças naturais, contato direto com os espíritos (quais? Nunca se diz!), relacionamento com os mortos e – por que não? - como os OVNIS, com os extraterrestres e outras forças do gênero.

 

É explícita a rejeição da religião e da razão. Da religião porque se trata de entidades, de forças, de poderes que não provêm de Deus: nem na sua existência nem no seu uso. Da razão porque se trata de seres e de poderes que estão totalmente fora de qualquer possibilidade de estudo ou de controle racional, que escapam de qualquer possibilidade de exame científico. Só por isso se vislumbra uma relação direta com a magia, a adivinhação, a astrologia, o espiritismo, o satanismo e certos aspectos da maçonaria.

 

Mais do que relação, diria que o ocultismo é o tronco a partir da qual se ramificam todas estas conseqüências, como seus frutos. Quem faz dele religião, entra numa seita, entendendo este termo no seu pior sentido.

 

Será possível que toda esta construção tenebrosa se agüente de pé, sem sequer procurar uma origem, um ponto de partida? Foram várias as tentativas nesse sentido, fato que revela a sua inconsistência.

 

Atualmente é moda apelar-se a práticas orientais antigas, especialmente tibetanas ou indianas, ou, então, à cabala israelita. Outros preferem apelar a tradições antiqüíssimas, sabe-se lá quais, que se perderam nos tempos e cujo conhecimento exige iniciação.

 

Eis então o esoterismo, ou seja, a iniciação, que procura descobrir aquilo que se esconde por detrás de antigas tradições, mitos ou símbolos, para se apoderar e utilizar de tais segredos: deste modo, os cultores do esoterismo afirmam que conseguem descobrir os segredos de certas plantas, de certas pedras, de certos cristais, e por aí adiante.

 

O ocultismo também quer se apoderar de poderes escondidos, depois de conhecê-los, muitas vezes, a custo das pessoas se tornarem dependentes de seres superiores: homens já há muito conhecedores destes segredos, ou entidades não muito bem identificadas. Ou, então, deixando-se guiar por espíritos que não sabe bem o que são.

 

Atualmente, é moda encontrar magos, cartomantes, videntes que se dizem auxiliados por um espírito-guia. O que é isso? Não sabem, mesmo quando revelam seu nome. Que seria do ocultismo se as coisas fossem claras? De minha parte, limito-me a aconselhar a proteção do Anjo da Guarda e, sobretudo, a obediência à contínua ação do Espírito Santo.

 

Concluindo, podemos dizer: o esoterismo é o ensinamento daquilo que está escondidoo ocultismo é a descoberta de entidades e de forças secretas e a aquisição de práticas necessárias para a conquista de maiores poderes. Os dois termos são de tal maneira semelhantes, que muitos livros combinam os dois e falam de ocultismo esotérico.

 

As definições e as palavras podem ser rebuscadas o quanto quiser, mas os frutos são atualmente muito procurados. Acrescento também que, neste campo, os meios de comunicação têm feito um péssimo serviço. É um tema que dá espetáculo e dinheiro; e as pessoas, perdidas como está a religião, andam sedentas de palhaçadas.

 

Mas, antes, vejamos como defender-nos do ocultismo, para podermos “brilhar como os astros, no meio de uma geração má e perversa” (cf. Fl 2,15).

 

Fonte: Extraído do Livro "Exorcistas e Psiquiatras" - Pe. Gabriele Amorth - Ed. Palavra & Prece.