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O sofrimento é o maior tesouro na terra — purifica a alma.

 

O sofrimento é o maior tesouro na terra — purifica a alma. No sofrimento conhecemos quem é nosso verdadeiro amigo. O verdadeiro amor é medido com o termômetro dos sofrimentos. (Diário de Santa Faustina N° 342)

 

Ano de 1934. Primeira quinta-feira depois do Natal. Esqueci completamente que era quinta-feira e, por isso, não fiz a adoração. Junto com [as irmãs] fui ao dormitório às nove horas. Estranhamente, não conseguia dormir. Parecia-me que ainda não havia cumprido alguma coisa. Mentalmente, passei em revista as minhas obrigações e não era capaz de me lembrar do que fosse, e isso durou até às dez horas. Às dez horas vi a face do Senhor martirizado. Então Jesus disse-me estas palavras: Esperei por ti para partilhar contigo o sofrimento, pois quem compreende melhor o Meu sofrimento do que a Minha esposa? Pedi perdão a Jesus pela minha tibieza e, envergonhada, nem sequer ousava olhar para Nosso Senhor, mas, com o coração contrito, pedi que Jesus se dignasse dar-me um espinho da Sua coroa. Jesus respondeu que me daria essa graça, mas só no dia seguinte, e a visão desapareceu de imediato. (Diário de Santa Faustina N° 348)

 

De manhã, durante a meditação, senti um doloroso espinho no lado esquerdo da cabeça; o sofrimento durou o dia todo e eu meditava sem cessar como Jesus havia conseguido aguentar a dor de tantos espinhos que tinha na coroa. Unia os meus sofrimentos aos sofrimentos de Jesus e oferecia-os pelos pecadores. Às quatro horas, quando vim para a adoração, vi uma das nossas educandas ofendendo terrivelmente a Deus por pensamentos impuros. Vi também uma certa pessoa que era a causa do pecado dela. O temor atravessou a minha alma e pedi a Deus, pelas dores de Jesus, que se dignasse arrancá-la dessa terrível miséria. Jesus respondeu-me que lhe concederia essa graça não por ela, mas em atenção ao meu pedido, e então compreendi quanto devemos rezar pelos pecadores, especialmente pelas nossas educandas. (Diário de Santa Faustina N° 349)

 

Ó meu Deus, como é doce sofrer por Vós, sofrer nos mais ocultos recônditos do coração e no maior segredo; arder em sacrifício que por ninguém é notado, puro como um cristal — sem nenhum consolo, nem compaixão. O meu espírito arde em amor ativo. Não perco tempo em fantasias e aproveito cada um dos momentos, porque ele me pertence; o passado já não me pertence, o futuro não é meu; procuro aproveitar o tempo presente com toda a alma. (Diário de Santa Faustina N° 351)

 

Jesus, agradeço-Vos pelas pequenas cruzinhas diárias, pelas contrariedades nos meus planos, pelas dificuldades na vida em comum, pela má interpretação das minhas intenções, pela humilhação que sofro dos outros, pelo procedimento rude comigo, pelos julgamentos injustos, pela saúde fraca e pelo esgotamento físico, pela abnegação da vontade própria, pelo aniquilamento do próprio eu, pela incompreensão em tudo, pelo transtorno de todos os meus planos.
Agradeço-Vos, Jesus, pelos sofrimentos interiores, pela aridez do espírito, pelos temores, medos e incertezas, pelas trevas e pela espessa obscuridade interior, pelas tentações e diversas provações, pelos tormentos que são difíceis de exprimir e, especialmente, por aqueles em que ninguém nos compreenderá, pela hora da morte, pela dificuldade da luta nela, por toda a sua amargura.
Agradeço-Vos, Jesus, que fostes o primeiro a beber desse cálice de amargura, antes de o entregardes a mim, já atenuado. Eis que aproximei os lábios do cálice da Vossa santa vontade; seja feito em mim tudo de acordo com o Vosso querer, seja feito comigo o que a Vossa sabedoria planejou antes dos séculos.
Desejo esgotar o cálice dos destinos até a última gota, sem investigar seus significados; na amargura — está a minha alegria, no desespero — a minha confiança. Em Vós, Senhor, tudo o que dá o Vosso Coração de Pai é bom; não preferindo consolos às amarguras, nem amarguras aos consolos, por tudo Vos agradeço, Jesus.
Minha delícia é contemplar-Vos, Deus inconcebível. Nessas misteriosas experiências permanece o meu espírito, aí sinto que estou na minha casa. Conheço bem a morada de meu esposo. Sinto que não existe em mim uma gota de sangue sequer que não esteja inflamada de amor para Convosco.
Ó Beleza não criada, quem Vos conhece uma vez, nada mais pode amar. Sinto o abismo extremo da minha alma e nada pode preenchê-la — a não ser o próprio Deus. Sinto que estou afundando nele como um grãozinho de areia no oceano profundo.
(Diário de Santa Faustina N° 343) 

 

Ó Deus, como desejo que as almas Vos conheçam e saibam que as criastes por um amor inconcebível! Ó meu Criador e Senhor, sinto que conseguirei entreabrir o véu celeste para que a terra não duvide da Vossa bondade. Fazei de mim, Jesus, um sacrifício agradável e puro ao olhar de Vosso Pai. Jesus, transformai-me, a mim, miserável pecadora, em Vós, pois Vós tudo podeis, e entregai-me ao Vosso eterno Pai. Desejo tornar-me uma hóstia de expiação diante de Vós, mas que aos homens pareça como mero pão não consagrado. Desejo que o odor do meu sacrifício seja conhecido apenas por Vós. Ó Deus eterno, em mim arde o fogo inextinguível de Vos suplicar a misericórdia, sinto e compreendo ser essa a minha missão aqui e na eternidade. Vós mesmo mandastes que eu falasse dessa Vossa grande misericórdia e bondade. (Diário de Santa Faustina N° 483)

 

Aceito com a mesma disposição, quer a alegria, quer o sofrimento, o elogio ou a humilhação, pois não esqueço que uns e outros são passageiros e não me importa o que falam de mim. Já há muito tempo renunciei a tudo que se refere à minha pessoa. Meu nome é hóstia, ou sacrifício, não em palavra, mas em ação — no aniquilamento de mim mesma, na configuração Convosco na Cruz, ó bom Jesus e meu Mestre. (Diário de Santa Faustina N° 485)

 

Nos sofrimentos da alma ou do corpo procuro ficar calada, porque então o meu espírito se enche da força que provém da Paixão de Jesus. Continuamente tenho diante dos olhos Sua dolorosa face ultrajada e desfigurada, Seu Coração divino transpassado pelos nossos pecados, especialmente pela ingratidão das almas eleitas. (Diário de Santa Faustina N° 487)