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OS CORPOS INCORRUPTOS

DOS SANTOS.

 

A Sagrada Escritura diz sobre o homem: ...porque és pó, e em pó te hás de tornar (Gênesis 3, 19). Além de lembrar ao homem sua condição perecível e transitória, esta sentença recorda a aniquilação física, a decomposição do organismo, após a morte. Esta realidade é constatada universalmentetendo algumas exceções, embora raríssimas, de não decomposição física. Exceção esta conhecida pelo nome de Incorrupção.

 

A Incorrupção é a preservação do corpo humano da deteriorização que comumente afeta todo organismo poucos dias após a morte. É evidente que são excluídas as mumificações, as saponificações e outros processos químicos de preservação dos corpos dos mortos; pois seriam incorrupções artificiais.

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Beata Ana Maria Taigi (1769-1837)

 

Nasceu em Sena de Toscana. Viveu em humilde simplicidade, atendendo a um pobre lar com sete filho, vendo-se obrigada em várias ocasiões a sustentar a casa com seus trabalhos de costura, quando seu marido perdeu seu emprego. Foi uma mulher de luzes extraordinárias e rodeada de maravilhosos carismas e dons extraordinários.

 

O cardeal Pedicini refere a sua declaração juramentada sobre os portentos que ele presenciou nessa mulher extraordinária, e que podem ser consultados no processo de sua beatificação.

 

Diz o citado Cardeal que Ana Maria Taigi tinha os pensamentos mais secretos das pessoas presentes ou ausentes; os acontecimentos dos séculos passados, e a vida que levavam as mais importantes personagens.

 

Poderia se dizer que este dom era onisciente, era conhecimentos de todas as coisas em Deus, na medida em que a inteligência humana é capaz de conhecê-lo nesta vida. E acrescenta o Cardeal:

 

"Me sinto impotente para descobrir as maravilhas de quem fui confidente durante 30 anos".

 

O decreto de beatificação a aponta como:"pródigo único nos fastos da Santidade".

 

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Ângela da Cruz (1846-1932)

 

Nasceu nos arredores de Sevilha em 30 de Janeiro de 1846, tendo sido batizada no dia 2 de Fevereiro seguinte na paróquia de Santa Luzia. Pouco tempo teve de escola, aprendendo a escrever, algumas noções de aritmética e catecismo. Apesar da sua pobreza, desde pequena se habituou a partilhar os bens da sua casa com os mais pobres.

 

Na família aprendeu a rezar o Terço e a celebrar o mês de Maio, dedicado à Virgem Maria.

 

Manhã cedo, acompanhava seu pai para a oração do Terço; em 1854 fez a Primeira Comunhão e recebeu a Confirmação no ano seguinte. Começou a trabalhar aos doze anos numa sapataria, onde também se rezava o Terço, diariamente; ali começaram as suas experiências místicas. Começou a ensinar a sua profissão a outras meninas numa instituição chamada "As arrependidas", em Sevilha.

O seu confessor ajudou-a a encontrar a sua vocação: ser monja. Por falta de saúde, não foi admitida no Carmelo fundado em Sevilha por Santa Teresa de Jesus, mas em 1868 entrou como Postulante nas Filhas da Caridade do Hospital central de Sevilha, de onde foi trasladada para Cuenca, com melhor clima para a sua saúde.

 

Em 1870 teve de abandonar definitivamente a Instituição. Teve de viver como "monja sem convento", voltou ao seu trabalho, aceitou a orientação do seu diretor espiritual, escrevendo os seus pensamentos e desejos da alma, até descobrir a sua vocação perante uma Cruz: a fundação de um Instituto que"por amor de Deus, abraçasse a maior pobreza, para poder ajudar os pobres".

 

Com essa intuição, redigiu um projeto, com uma dimensão caritativa que a levasse a identificar-se com os menos afortunados: "fazer-se pobre com os pobres". Depois de participar na Santa Missa, instalou-se com outras três mulheres, num quarto alugado, onde tinham lugar principal um Crucifixo e um quadro da Virgem das Dores. Nasciam as Irmãs da Cruz.

 

As casas da "Companhia" deviam ter um ambiente de limpeza, saudável alegria e contida beleza, com estilo simples para mulheres simples, afastadas da grandiosidade, mas com ar de doçura, de modo a que todas sentissem uma nova maneira de querer Deus e os pobres. Começaram a recolher meninas órfãs, as casas começaram a crescer, atendiam as pessoas na sua própria casa, pediam esmola com uma das mãos e distribuíam-na com a outra. Em 1879 foram aprovadas as primeiras Constituições pelo Bispo diocesano, tendo como carisma a oração, a austeridade, contemplação e alegria no serviço dos pobres.

 

Depressa se estenderam por toda a Espanha, chegaram à Itália e à América. Madre Ângela encontrou-se com o Papa Leão XIII na beatificação de João de Ávila e de Frei Diogo de Cádiz, mas o assinatura do decreto de aprovação da Companhia só foi assinado por Pio X, em 1904. A Irmã Ângela foi nomeada Superiora-Geral, reeleita por quatro vezes, destacando-se pelas suas virtudes de naturalidade e simplicidade.

 

Em 7 de Julho de 1931, foi atacada por uma trombose cerebral que a levaria à morte nove meses depois. Apesar de paralisada, mais procurava agradar do que incomodar. Faleceu em 2 de Março de 1932 e Sevilha passou durante três dias diante do seu cadáver. A Câmara Municipal celebrou uma Sessão extraordinária para elogiar a Irmã Ângela e deu o seu nome a uma rua da Cidade.

 

Também ela foi beatificada por João Paulo II em 5 de Novembro de 1982, para ser, agora canonizada durante a viagem pastoral a Madrid. O seu corpo encontra-se incorrupto na Capela da Casa Mãe.

 

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Santa Bernardete

 

Também conhecida como Santa Maria Bernadete e Santa Bernadete Soubirous. Ela nasceu no dia 7 de janeiro de 1844, em Lourdes, na França. Era de família pobre e chegou a trabalhar como empregada doméstica e pastora de ovelhas.

 

Santa Bernadete tinha constantes visões da Virgem Maria. Em uma delas, a Santa foi conduzida a uma fonte que curava. Ela entrou para o Convento das Irmãs de Nevers. Lá aprendeu a ler e a escrever. Tinha saúde frágil. Morreu no dia 16 de abril de 1879, em Nevers, na França, enquanto orava a Maria.

 

Vivendo pobremente e por algum tempo empregada em tomar conta do gado, crescia sem alguma doutrina humana, mas em suavíssima simplicidade de costumes e admirável candura de espírito, querida por Deus e pela Santíssima Virgem Mãe. Maria observou a humildade de sua filha e dignou a inocente menina , entre 11 de fevereiro a 16 de julho de 1858, de 18 aparições e de celeste colóquio.

 

Na época, o bispo local, que inicialmente duvidara da versão da inculta menina, que afirmava as aparições, pôs ela à prova e pediu para que, na próxima aparição, perguntasse à ela qual o seu nome. Bernardete, cumprindo o pedido do bispo, esclareceu à Virgem a indagação do bispo, no que Nossa Senhora respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição". Ao retornar, o bispo ouviu estupefato a resposta da menina, já que tratava-se de um dogma recém proclamado, o dogma da "Imaculada Conceição" firmado há menos de quatro anos por Pio IX (1854) que, pelas dificuldades de comunicação da época, estava restrito ao conhecimento ainda dos setores mais elevados da Igreja.

 

Nesta, tão célebre aparição e ilustrada por Deus por tantos sinais, pode-se notar um tríplice carisma, conferido à piedosa jovem. Chamamo-la antes de tudo: Vidente, porque diante de numeroso povo, arrebatada em êxtase, foi maravilhosamente deliciada com o bondoso aspecto da Virgem. Chamamo-la de Mensageira da Virgem ao mundo, porque por ordem de Maria pregou penitência e oração ao povo; pediu aos sacerdotes, que naquele lugar construísse um Santuário; predisse a todos a glória, a santidade e os futuros benefícios do mesmo lugar. Por fim vemos nela a Testemunha da Verdade, porque a muitos contradizentes, com o máximo candor de simplicidade, junto com suprema prudência do mandamento confiado da Virgem, com admiração de todos os eclesiásticos e de juízes seculares.

 

Todas estas coisas levadas ao termo por divino impulso por uma ignorante e inculta menina, Deus a leva longe para a solidão de um convento, e quase desprezada pelo mundo, preparou-se para coisas mais admiráveis, para que, pregada na cruz com Cristo e com ele quase sepultada, atingisse profundamente na humildade a vida interior sobrenatural e, um dia na luz da santidade ressurgindo ao mundo, com este estábil testemunho da santidade unisse nova glória ao Santuário de Lourdes. Por isto, obedecendo ao chamamento de Deus, em julho de 1867 se transferiu para Nevers, para iniciar a vida religiosa na Casa-Mãe das Irmãs da Caridade e instrução cristã. Terminado o noviciado no mesmo ano, fez os votos temporais e onze anos depois os perpétuos.

 

Admiravelmente fulguraram nela as virtudes, mas sua alma virgem foi principalmente adornada daquelas que mais convinha à discípula predileta da Virgem Maria: Humildade profunda, terníssima pureza e ardente caridade. Provou-as e aumentou-as com as dores de uma longa enfermidade e angústias de espírito que a atormentaram suportando-as com suma paciência. Na mesma casa religiosa a humildíssima virgem ficou até a morte, que depois de recebidos os sacramentos da Igreja, invocando sua dulcíssima Mãe Maria, descansou santamente a 16 de abril de 1879, no trigésimo sexto ano de idade, e duodécimo de vida religiosa.

 

Tendo ficado até este ponto como debaixo do alqueire da humildade, com a morte tornou-se resplandecente a todo o mundo. No pontificado de Pio X, em 1923, foi iniciado o processo de sua beatificação. A 14 de julho de 1925 o Papa Pio XI lançou o nome da serva de Deus nos fatos dos bem-aventurados. Em contemplação aos grandes e inegáveis milagres, que Deus se dignou operar por sua serva, a causa foi reassumida em junho de 1926 e levada ao fim em 2 de julho de 1933.

 

"Os acontecimentos que então se desenrolaram em Lourdes e cujas proporções espirituais melhor medimos hoje, são-vos bem conhecidos. Sabeis, caros filhos e veneráveis irmãos, em que condições estupendas, apesar de zombarias, de dúvidas e de oposições, a voz daquela menina, mensageira da Imaculada, se impôs ao mundo. Sabeis a firmeza e a pureza do testemunho, experimentado com sabedoria pela autoridade episcopal e por ela sancionado desde 1862. Já as multidões haviam acorrido e não têm cessado de precipitar-se para a gruta das aparições, para a fonte milagrosa, para o santuário elevado a pedido de Maria. É o comovente cortejo dos humildes, dos doentes e dos aflitos; é a imponente peregrinação de milhares de fiéis de uma diocese ou de uma nação; é a discreta diligência de uma alma inquieta que busca a verdade... Dizíamos nós: "Jamais num lugar da terra se viu semelhante cortejo de sofrimento, jamais semelhante irradiação de paz, de serenidade e de alegria!. E, poderíamos acrescentar, jamais se saberá a soma de benefícios de que o mundo é devedor à Virgem auxiliadora! "Ó gruta feliz, honrada pela presença da Mãe de Deus! Rocha digna de veneração, da qual brotaram abundantes as águas vivificadoras!" (...) Estes cem anos de culto mariano teceram, ademais, entre a Sé de Pedro e o santuário pirenaico laços estreitos, que nos apraz reconhecer.

 

A própria virgem Maria não desejou essas aproximações? "O que em Roma, pelo seu magistério infalível, o sumo pontífice definia, a Virgem Imaculada Mãe de Deus, a bendita entre as mulheres, quis, ao que parece, confïrmá-lo por sua boca, quando pouco depois se manifestou por uma célebre aparição na gruta de Massabielle". Certamente, a palavra infalível do pontífice romano, intérprete autêntico da verdade revelada, não necessitava de nenhuma confirmação celeste para se impor à fé dos fiéis. Mas com que emoção e com que gratidão o povo cristão e seus pastores não recolheram dos lábios de Bernardete essa resposta vinda do céu: "Eu sou a Imaculada Conceição"! " (Trecho da Carta Encíclica do Papa Pio XI - durante o centenário das aparições da SS. Virgem em Lourdes - 02 de julho de 1957)

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São Carlos Sezze, Franciscano - 25 de setembro.

 

Nasceu em 1620 no povo italiano de Sezze. Um dia um bando de aves espantou os bois que Carlos dirigia quando estava arando, e estes arremeteram contra ele com grave perigo de matá-lo. Quando sentiu que ia perecer no acidente, prometeu a Deus que se fosse salvo se tornaria religioso. E milagrosamente ficou ileso. Pediu então a uns religiosos franciscanos que o ajudassem a entrar em sua comunidade e eles o convidaram a que fosse a Roma para que fale com o superior da congregação. Assim o fez junto com três companheiros mais e após ser provados com na humildade tratando-os com muita dureza, o superior permitiu admiti-los.

 

Diante do pedido de muitas pessoas que lhe pediam incessantemente que redigisse algumas normas para orar melhor e crescer em santidade, o santo publicou um folhetim lhe causando diversas dificuldades pelo que quase é expulso de sua comunidade. Humilhado se ajoelhou diante de um crucifixo para lhe contar suas angústias, e ouviu que Nosso Senhor lhe dizia:

 

"Ânimo, que estas coisas não lhe vão impedir de entrar no paraíso".

 

A petição mais freqüente do irmão Carlos a Deus era esta: "Senhor, me acenda em amor a Ti". E tanto a repetiu que um dia durante a elevação da Santa hóstia na Missa, sentiu que um raio de luz saía da Sagrada Forma e chegava a seu coração. Ao fim os superiores se convenceram de que este singelo religioso era um verdadeiro homem de Deus e lhe permitiram escrever sua autobiografia e publicar dois livros mais, um a respeito da oração e outro a respeito da meditação.

 

O Papa João XXIII o declarou santo em 1959, porque sua vida é um exemplo de que ainda nos ofícios mais humildes e em meio de humilhações e incompreensões podemos chegar a um alto grau de santidade e ganhar a glória do céu.

Santa Catarina Labouré  - Íntima da Mãe de Deus.PNG

Santa Catarina Labouré  - Íntima da Mãe de Deus.

 

Catarina Labouré - que disse que viu a Virgem Maria "em carne e osso" e que teve o privilégio de se ajoelhar a Seus pés e descansar no Seu regaço, favor que não foi concedido a nenhum outro vidente - nasceu durante o repicar dos sinos do Ângelus, no dia 2 de Maio de 1806. A mãe morreu-lhe quando tinha só nove anos de idade. Viram-na então a abraçar a estátua da Mãe de Deus, dizendo:

 

"Agora Vós sereis a minha Mãe!"

 

E alimentava um desejo ardente de ver Nossa Senhora. Era esse o pedido constante nas suas orações, e ela confiava serenamente que se realizaria.

 

São Vicente de Paulo visitou-a num sonho aos dezoito anos, e foi aceite na sua comunidade em 22 Janeiro de 1830, com a idade de vinte e três anos. Santa Catarina considerou as aparições de um modo adequado: não como um favor pessoal (embora em certo sentido o tenham sido), mas como uma bênção geral para a humanidade. Considerou-se apenas como "um instrumento" e pediu ao seu confessor que lhe prometesse que guardaria sigilo da sua identidade, segredo que foi guardado durante 46 anos, mesmo das próprias religiosas da sua comunidade.

 

Catarina foi canonizada em 1947, e por ordem do Arcebispo, seu corpo foi exumado. Verificou-se então que seu corpo estava perfeitamente conservado, e até os olhos ficaram intactos. Depositaram-no em um caixão de cristal, que pode ser visto na imagem acima.

 

Santa Catarina também tinha o dom da profecia, e uma das suas profecias, ainda não realizada, refere-se ao grande triunfo de Nossa Senhora:

 

"Oh que maravilha será ouvir 'Maria é a Rainha do universo.' Será um tempo de paz, gozo e bênçãos que durará por um tempo bastante longo".

Santa Clara de Montefalco.PNG

Santa Clara de Montefalco

 

Uma santa italiana, Santa Clara de Montefalco, meditou muito sobre o mistério da Santíssima Trindade. Depois de sua morte achou-se no seu fígado três bolinhas iguais. Essas bolinhas tinham esse particular que cada uma delas pesava tanto quanto as três juntas. Que se pesasse uma, duas ou três, era sempre o mesmo peso. Uma imagem impressionante da Santíssima Trindade! Tome uma Pessoa divina: a natureza divina está toda nela. Tome duas Pessoas divinas: ela está toda nas duas. Tome todas as três, ela está toda nas três, mas tanto nas três quanto em uma só, como a bolinha que não pesava mais quando as três juntas ou quando uma só separada.

 

Isso vem do fato que, diz Sto Anselmo, acrescentar Deus a Deus nunca dá mais que um Deus, assim como somar a eternidade à eternidade nunca dá mais que uma eternidade, como juntar uma superfície a uma superfície sempre dá uma superfície. A concepção da natureza divina pede que ela seja una e indivisível; é assim impossível que ela seja multiplicada.

 

O catecismo exprime essa verdade quando diz: O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; não são três deuses, mas um só Deus em três Pessoas.

São Cura D'Ars.PNG

São Cura D'Ars

 

João Maria Vianney ficou conhecido no mundo inteiro com o nome de "Cura" (Vigário) d'Ars, um pequeno lugarejo da França, país onde o santo nasceu em 1786. Morreu com 73 anos, em 1859. Tomou-se modelo para todo cristão e um exemplo para todos os párocos, vigários e sacerdotes. Sua festa litúrgica é celebrada no dia 4 de agosto e, por isso, essa data é o "Dia do Padre".

 

Desde pequeno, Vianney queria ser padre. Todavia, seus problemas eram enormes, porque era pobre e tinha grandes dificuldades nos estudos. Quando conseguiu entrar no seminário, logo teve de sair, pois não conseguia dar conta do Latim e de outras matérias difíceis demais para ele, que era um simples camponês.

 

Um antigo Vigário, Pe. Balley, muito ajudou João Maria a chegar ao sacerdócio. O bispo aceitou e finalmente João Maria pôde ser ordenado. Ordenado sacerdote aos 29 anos, um de seus primeiros trabalhos foi o de pároco numa pobre, esquecida e pequena aldeia chamada Ars, ao norte da França.

 

Em Ars, João Maria encontrou um povo sem religião. A igreja vivia fechada. O pecado imperava ali. Começou, então, pelos contatos carinhosos com seu povo, e ficava lá, na igreja, sozinho, rezando. Já que não podia falar de Deus com o povo, ficava lá falando do povo com Deus. Aos poucos, o povo de Ars começou a rezar, a freqüentar a igreja e os sacramentos da Eucaristia e da Confissão.

 

Padre João Maria Vianney mudou a paróquia. De toda a França vinham muitas pessoas para escutar suas pregações e para confessar-se com ele. Ele passava 15, 16, 18 horas por dia no confessionário.

 

Sem milagres, sem curas, o santo "Cura d'Ars" atraia multidões para a igreja daquele lugarejo. Permaneceu lá, como Vigário, durante 40 anos.

São Pio de Pietrelcina I.PNG
São Pio de Pietrelcina.PNG

São Pio de Pietrelcina

 

15 mil pessoas peregrinaram à San Giovanni Rotondo, sul da Itália, para assistir à cerimônia que antecedeu a exibição dos restos mortais do Padre Pio, um dos santos mais venerados do país, canonizado em 2002 por João Paulo II. A iniciativa assinala o 40º aniversário da morte do Santo. Na Celebração Eucarística presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins, os presentes foram convidados a “adorar em silêncio o mistério deste Santo”. O corpo, sepultado em setembro de 1968, quatro dias depois da sua morte, foi exumado em março passado, no santuário de San Giovanni Rotondo, por uma comissão médica, em bom estado de conservação, sem sinal dos famosos estigmas, que apareceram em 1911 e desapareceram pouco antes da sua morte.

 

Dom José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, disse que hoje se inaugurou “um período particularmente intenso de peregrinação”, colocando em evidência o significado da morte e das relíquias. “Somos convidados a compreender que aquilo que se vê não é toda a existência”, indicou.

 

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São Pio V - 30 de abril

 

O Papa Pio V é venerado por ter unido a Europa, acabando com as guerras internas para que todos se voltassem contra o verdadeiro inimigo, os turcos, vencidos finalmente em 1571.

 

Mas é preciso lembrar que ele implantou reformas essenciais também dentro do cristianismo, acabando com o nepotismo na Igreja, um mal que até hoje afeta as comunidades no âmbito político. Também não se pode esquecer que defendeu o catolicismo com corpo e alma, unhas e dentes, quando preciso, chegando a excomungar a Rainha Elisabete I, da Inglaterra.

 

Miguel Ghisleri nasceu em 1504, em Bosco Marengo, na província de Alexandria e, aos quatorze anos já ingressara na congregação dos dominicanos. Depois que se ordenou sacerdote, sua carreira correu na Terra como um raio. Foi professor, prior de convento, superior provincial, inquisidor em Como e Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi, depois cardeal, grande inquisidor, bispo de Mondovi e, finalmente, papa, em 1566, tomando o nome de Pio V.

 

Assim que assumiu foi procurado em Roma por dezenas de parentes. Não deu "emprego" a nenhum, afirmando ainda que um parente do papa, se não estiver na miséria, "já está bastante rico". Implantou ainda outras mudanças no campo pastoral, aprovadas no Concílio de Trento: a obrigação de residência para os bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes, as visitas pastorais dos bispos, o incremento das missões e a censura das publicações, para que não contivessem material doutrinário não aprovado pela Igreja. Depois de conseguir a união dos países católicos, com a conseqüente vitória sobre os turcos invasores e de ter decretado a excomunhão e deposição da própria rainha da Inglaterra, o furacão se extinguiu. Papa Pio V morreu em 1572, sendo canonizado em 1712.

 

Sua memória, antes homenageada em 5 de maio, com a reforma do calendário litúrgico passou a ser festejada nesta data, 30 de abril.

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Eusébio de Roma

 

Nasceu na ilha da Sardenha, no ano 283. Depois da morte do seu pai, em testemunho da fé em Cristo, durante a perseguição do imperador Diocleciano, sua mãe levou-o para completar os estudos eclesiásticos em Roma. Assim, muito jovem, Eusébio entrou para o clero, sendo ordenado sacerdote. Aos poucos, foi ganhando a admiração do povo cristão e do papa Júlio I, que o consagrou bispo da diocese de Vercelli em 345.

 

Nessa condição, participou do Concílio de Milão em 355, no qual os bispos adeptos da doutrina ariana tentaram forçá-lo a votar pela condenação do bispo de Alexandria, santo Atanásio. Eusébio, além de discordar do arianismo considerou a votação uma covardia, pois Atanásio, sempre um fiel guardião da verdadeira doutrina católica, estava ausente e não podia defender-se. Como ficou contra a condenação, ele e outros bispos foram condenados ao exílio na Palestina.

 

Porém isso não o livrou da perseguição dos hereges arianos, que infestavam a cidade. Ao contrário, sofreu muito nas mãos deles. Como não mudava de posição e enfrentava os desafetos com resignação e humildade, acabou preso, tendo sido cortada qualquer forma de comunicação sua com os demais católicos. Na prisão, sofreu ainda vários castigos físicos. Contam os escritos que passou, também, por um terrível suplício psicológico.

 

Quando o povo cristão tomou conhecimento do fato, ergueu-se a seu favor. Foram tantos e tão veementes os protestos que os hereges permitiram sua libertação. Contudo o exílio continuou e ele foi mandado para a Capadócia, na Turquia e, de lá, para o deserto de Tebaida, no Egito, onde foi obrigado a permanecer até a morte do então imperador Constantino, a quem sucedeu Juliano, o Apóstata, que deu a liberdade a todos os bispos presos e permitiu que retomassem as suas dioceses.

 

Depois do exílio de seis anos, Eusébio foi o primeiro a participar do Concílio de Alexandria, organizado pelo amigo, santo Atanásio. Só então passou a evangelizar, dirigindo-se, primeiro, a Antioquia e, depois, à Ilíria, onde os arianos, com sua doutrina, continuavam confundindo o povo católico. Batalhou muito combatendo todos eles.

 

Mais tarde, foi para a Itália, sendo recepcionado com verdadeira aclamação popular. Em seguida, na companhia de santo Hilário, bispo de Poitiers, iniciou um exaustivo trabalho pela unificação da Igreja católica na Gália, atual França. Somente quando os objetivos estavam em vias de serem alcançados é que ele voltou à sua diocese em Vercelli, onde faleceu no dia 1o. de agosto de 371.

 

Apesar de ser considerado mártir pela Igreja, na verdade santo Eusébio de Vercelli não morreu em testemunho da fé, como havia ocorrido com seu pai. Mas foram tantos os seus sofrimentos no trabalho de difusão e defesa do cristianismo, passando por exílios e torturas, que recebeu esse título da Igreja, cujo mérito jamais foi contestado. Com a reforma do calendário litúrgico de Roma, de 1969, sua festa foi marcada para o dia 2 de agosto. Nesta data, as suas relíquias são veneradas na catedral de Vercelli, onde foram sepultadas e permanecem até os nossos dias.

 

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São João Bosco

 

Figura ímpar nos anais da santidade no século XIX, D. Bosco foi escritor, pregador e fundador de duas congregações religiosas, tendo sobretudo exercido admirável apostolado junto à juventude, numa época de grandes transformações. Dotado de discernimento dos espíritos, do dom da profecia e dos milagres, era admirado pelos personagens mais conhecidos da Europa no seu tempo.

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Papa João XXIII

 

Nasceu no dia 25 de Novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi baptizado com o nome de Ângelo Giuseppe; foi o quarto de treze irmãos, nascidos numa família de camponeses e de tipo patriarcal. Ao seu tio Xavier, ele mesmo atribuirá a sua primeira e fundamental formação religiosa. O clima religioso da família e a fervorosa vida paroquial foram a primeira escola de vida cristã, que marcou a sua fisionomia espiritual.

 

Ingressou no Seminário de Bérgamo, onde estudou até ao segundo ano de teologia. Ali começou a redigir os seus escritos espirituais, que depois foram recolhidos no "Diário da alma". No dia 1 de Março de 1896, o seu diretor espiritual admitiu-o na ordem franciscana secular, cuja regra professou a 23 de Maio de 1897.

 

De 1901 a 1905 foi aluno do Pontifício Seminário Romano, graças a uma bolsa de estudos da diocese de Bérgamo. Neste tempo prestou, além disso, um ano de serviço militar. Recebeu a Ordenação sacerdotal a 10 de Agosto de 1904, em Roma, e no ano seguinte foi nomeado secretário do novo Bispo de Bérgamo, D. Giacomo Maria R. Tedeschi, acompanhando-o nas várias visitas pastorais e colaborando em múltiplas iniciativas apostólicas: sínodo, redação do boletim diocesano, peregrinações, obras sociais. Às vezes era também professor de história eclesiástica, patrologia e apologética. Foi também Assistente da Ação Católica Feminina, colaborador no diário católico de Bérgamo e pregador muito solicitado, pela sua eloqüência elegante, profunda e eficaz.

 

Naqueles anos aprofundou-se no estudo de três grandes pastores: São Carlos Borromeu (de quem publicou as Actas das visitas realizadas na diocese de Bérgamo em 1575), São Francisco de Sales e o então Beato Gregório Barbarigo. Após a morte de D. Giacomo Tedeschi, em 1914, o Pade Roncalli prosseguiu o seu ministério sacerdotal dedicado ao magistério no Seminário e ao apostolado, sobretudo entre os membros das associações católicas.

 

Em 1915, quando a Itália entrou em guerra, foi chamado como sargento sanitário e nomeado capelão militar dos soldados feridos que regressavam da linha de combate. No fim da guerra abriu a "Casa do estudante" e trabalhou na pastoral dos jovens estudantes. Em 1919 foi nomeado diretor espiritual do Seminário.

 

Em 1921 teve início a segunda parte da sua vida, dedicada ao serviço da Santa Igreja. Tendo sido chamado a Roma por Bento XV como presidente nacional do Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé, percorreu muitas dioceses da Itália organizando círculos missionários.

 

Em 1925, Pio XI nomeou-o Visitador Apostólico para a Bulgária e elevou-o à dignidade episcopal da Sede titular de Areopolis.

 

Tendo recebido a Ordenação episcopal a 19 de Março de 1925, em Roma, iniciou o seu ministério na Bulgária, onde permaneceu até 1935. Visitou as comunidades católicas e cultivou relações respeitosas com as demais comunidades cristãs. Atuou com grande solicitude e caridade, aliviando os sofrimentos causados pelo terremoto de 1928. Suportou em silêncio as incompreensões e dificuldades de um ministério marcado pela táctica pastoral de pequenos passos. Consolidou a sua confiança em Jesus crucificado e a sua entrega a Ele.

 

Em 1935 foi nomeado Delegado Apostólico na Turquia e Grécia: era um vasto campo de trabalho. A Igreja tinha uma presença ativa em muitos âmbitos da jovem república, que se estava a renovar e a organizar. Mons. Roncalli trabalhou com intensidade ao serviço dos católicos e destacou-se pela sua maneira de dialogar e pelo trato respeitoso com os ortodoxos e os muçulmanos. Quando irrompeu a segunda guerra mundial ele encontrava-se na Grécia, que ficou devastada pelos combates. Procurou dar notícias sobre os prisioneiros de guerra e salvou muitos judeus com a "permissão de trânsito" fornecida pela Delegação Apostólica. Em 1944 Pio XII nomeou-o Núncio Apostólico em Paris.

 

Durante os últimos meses do conflito mundial, e uma vez restabelecida a paz, ajudou os prisioneiros de guerra e trabalhou pela normalização da vida eclesial na França. Visitou os grandes santuários franceses e participou nas festas populares e nas manifestações religiosas mais significativas. Foi um observador atento, prudente e repleto de confiança nas novas iniciativas pastorais do episcopado e do clero na França. Distinguiu-se sempre pela busca da simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos diplomáticos mais complexos. Procurou agir sempre como sacerdote em todas as situações, animado por uma piedade sincera, que se transformava todos os dias em prolongado tempo a orar e a meditar.

 

Em 1953 foi criado Cardeal e enviado a Veneza como Patriarca, realizando ali um pastoreio sábio e empreendedor e dedicando-se totalmente ao cuidado das almas, seguindo o exemplo dos seus santos predecessores: São Lourenço Giustiniani, primeiro Patriarca de Veneza, e São Pio X.

 

Depois da morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice a 28 de Outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. O seu pontificado, que durou menos de cinco anos, apresentou-o ao mundo como uma autêntica imagem de bom Pastor. Manso e atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, praticou cristãmente as obras de misericórdia corporais e espirituais, visitando os encarcerados e os doentes, recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando um extraordinário sentimento de paternidade para com todos. O seu magistério foi muito apreciado, sobretudo com as Encíclicas "Pacem in terris" e "Mater et magistra".

 

Convocou o Sínodo romano, instituiu uma Comissão para a revisão do Código de Direito Canônico e convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II. Visitou muitas paróquias da Diocese de Roma, sobretudo as dos bairros mais novos. O povo viu nele um reflexo da bondade de Deus e chamou-o "o Papa da bondade". Sustentava-o um profundo espírito de oração, e a sua pessoa, iniciadora duma grande renovação na Igreja, irradiava a paz própria de quem confia sempre no Senhor. Faleceu na tarde do dia 3 de Junho de 1963.

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Luís Orione

 

Nasceu em Pontecurone, um pequeno município na Diocese de Tortona, no Norte da Itália, no dia 23 de junho de 1872. Aos treze anos foi recebido como Aspirante num Convento Franciscano em Voghera, uma cidade próxima na Região de Pavia; saiu um ano depois devido a doença. De 1886 a 1889 foi aluno de Dom Bosco no Oratório Salesiano de Valdocco em Turim.

 

No dia 16 de outubro de 1889 entrou no Seminário Diocesano de Tortona. Ainda jovem seminarista se dedicava a obras de solidariedade para com os necessitados, participando da «Sociedade de Socorro Mútuo São Marciano» e das Conferências Vicentinas. No dia três de Julho de 1892 abriu seu primeiro Oratório, um centro de educação cristã e de recreação para os meninos pobres. No ano seguinte, no dia 15 de Outubro de 1893, Orione um seminarista de 21 anos, fundou no Bairro de São Bernardino um Colégio, com escola em regime de internato, para rapazes de famílias pobres.

 

No dia 13 de abril de 1895, Luís Orione foi ordenado sacerdote e, no mesmo dia, o bispo deu a batina a seis alunos do Colégio com vocação sacerdotal. Numa seqüência rápida, o Pe. Luís Orione abriu novas fundações em Mornico Losana na Região de Pavia, em Noto na Sicília, em Sanremo e em Roma.

 

Ligados a Dom Orione se uniram Seminaristas e Padres que formaram o primeiro núcleo de uma nova Família Religiosa a «Pequena Obra da Divina Providência». Em 1899 Dom Orione deu início a mais um Ramo da nova Congregação: os «Eremitas da Divina Providência». O Bispo de Tortona, Dom Igino Bandi, com Decreto datado de 21 de Março de 1903, deu aprovação canônica aos «Filhos da Divina Providência», Congregação Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família da Pequena Obra da Divina Providência. A Congregação e toda a Família Religiosa se propunha «trabalhar para levar os pequenos os pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de caridade», desejando consagrar-se com um IV Voto «de especial fidelidade ao Papa». Já nas Primeiras Constituições de 1904 constava também o propósito de «trabalhar pela união das Igrejas Separadas».

 

Animado por uma grande paixão pela Igreja e pelas Almas, Dom Orione se envolveu ativamente nos problemas emergente da época: a luta pela liberdade e a unidade da Igreja, a questão romana, o modernismo, o socialismo, a evangelização das massas operárias. Dom Orione teve atuação heróica no socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908) e da Marsica (1915). Por decisão do Papa São Pio X, foi nomeado Vigário Geral da Diocese de Messina por 3 anos.

 

Vinte anos depois da fundação dos Filhos da Divina Providência, em 29 de junho de 1915, surgiu como novo ramo a Congregação das «Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade», Religiosas movidas pelo mesmo carisma fundacional. Ao novo ramo se associaram as «Irmãs Sacramentinas Adoradoras não videntes» e algum tempo depois as «Contemplativas de Jesus Crucificado».

 

O Pe. Luís Orione se empenhou em organizar grupos Leigos: as «Damas da Divina Providência», os «Ex-Alunos» e os «Amigos». Nos anos seguintes, outros grupos foram constituídos como o «Instituto Secular Orionita - ISO» e o amplo leque de Associações do «Movimento Laical Orionita - MLO».

 

Depois da primeira Grande Guerra (1914-1918) multiplicaram-se as escolas, colégios, colônias agrícolas, obras caritativas e sociais. Entre as muita obras, as mais características foram os «Pequenos Cotolengos», instituições destinadas aos mais sofredores e abandonados, localizadas nas periferias das grandes cidades, para serem «novos púlpitos» a anunciarem Jesus Cristo e sua Igreja e para serem «faróis de fé e de civilização».

 

O zelo missionário de Dom Orione cedo se manifestou com o envio de Missionários ao Brasil em 1913 e, em seguida à Argentina e ao Uruguai (1921), à Palestina (1921), à Polônia (1923), a Rodes (1925), aos Estados Unidos (1934), á Inglaterra (1935) e à Albânia (1936). Dom Orione esteve pessoalmente como missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai, tendo chegado até ao Chile.

 

Recebeu grandes demonstrações de estima de Papas e de Autoridades que lhe confiaram missões importantes e delicadas, para sanar feridas profundas no seio da Igreja e da Sociedade e em difíceis situações de relacionamentos entre a Igreja e a Sociedade civil. Foi Dom Orione pregador popular, confessor e organizador de peregrinações, de missões populares e de presépios vivos. Grande devoto de Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana e ergueu santuários, entre os quais o de Nossa Senhora da Guarda em Tortona e o de Nossa Senhora de Caravaggio; na construção desses santuários será sempre lembrada a iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no trabalho braçal ao lado dos mais operários civis.

 

Em 1940, Dom Orione atacado por graves doenças de coração e das vias respiratórias foi enviado e praticamente forçado pelos médicos e confrades a se retirar para Sanremo; foi para lá protestando: «não é entre as palmeiras que eu quero viver e morrer, mas no meio dos pobres que são Jesus Cristo». E ali, três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de Março, sussurrando suas últimas palavras: «Jesus! Jesus! estou indo».

 

O corpo foi sepultado devotamente na cripta do Santuário da Guarda e encontrado incólume vinte e cinco anos depois, em 1965. No dia 26 de Outubro de 1980, João Paulo II declarou Dom Orione bem-aventurado.

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Margarida Maria Lópes de Maturana (1884-1934)

 

Nasceu em Bilbao, a 25 de Junho de 1884. A sua vida foi a resposta devota e generosa à chamada de Deus. O dom total da sua vida a Deus nasceu de um amor pessoal, profundo e generoso por Jesus Cristo, por quem se apaixonou e a quem queria seguir e fazer conhecer. Entrou no Mosteiro de clausura das Mercês de Bérriz, onde experimentou uma vida de oração na intimidade com Ele.

 

Após alguns anos abriu as portas do Mosteiro fechadas durante quatro séculos de clausura a fim de que pudessem sair as primeiras monjas Mercedárias Missionárias destinadas a fundar no Extremo Oriente. Tinha início a sua grande obra: o Mosteiro promoveu uma obra missionária entusiasta que, em breve, deu origem ao Instituto das Mercedárias Missionárias de Bérriz.

 

A 19 de Setembro de 1926 partiu o primeiro grupo de missionárias de Bérriz para a missão de Wuhu (China). Tinha iniciado o "êxodo" missionário daquelas mulheres contemplativas, apoiadas e animadas, em todos os momentos, pelo encorajamento de Margarita, então ex-Superiora do Mosteiro. Em seguida, outras missionárias partiram para Tóquio, Saipan (Ilhas Marianas), e Panapé (Ilhas Carolinas). Ela cuidou com grande dedicação da formação das religiosas do Mosteiro para aquele novo serviço e para o testemunho missionário, para o qual o Senhor as tinha chamado. Em pouco tempo o Instituto das Mercedárias Missionárias de Bérriz foi aprovado e abençoado pela Igreja (Janeiro de 1930).

 

Na plenitude dos seus cinqüenta anos, após uma dolorosa enfermidade, que contudo não a distanciou das suas responsabilidades na guia do novo Instituto e nem da sua vida de amor e de dedicação missionária, Margarita foi chamada definitivamente por Deus. Deixou este mundo no dia 23 de Julho de 1934.

 

Atualmente o Instituto das Mercedárias Missionárias de Bérriz está presente em cinco continentes. As suas comunidades dedicam-se com entusiasmo à tarefa da redenção libertadora dos mais carentes, desejosas de manter com fidelidade a atitude missionária e profundamente humanizadora de Margarita. Conservam com afeto a sua herança: ser mulheres abertas à vida que seguem as pegadas de Jesus e o seu estilo de vida.

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Santa Rita de Cássia - 22 de maio

 

A santa das causas impossíveis

 

Santa Rita de Cássia ou Santa dos Impossíveis, como é geralmente conhecida a grande advogada dos aflitos, nasceu em Rocca Porena, perto de Cássia (Itália), em 22 de Maio de 1381, tendo por pais Antônio Mancini e Amada Ferri. O nascimento da Santa foi precedido por sinais maravilhosos e visões celestiais que fizeram seus pais perceberem algo da futura e providencial missão de Rita, que seria colocada no mundo para instrumento da misericórdia de Deus em favor da humanidade sofredora.

 

Desde jovem, Rita tinha intenção de ser religiosa, mas seus pais, temendo que ela ficasse sozinha, resolveram casá-la com um jovem de família nobre, mas de temperamento excessivamente violento. Ela suportou pacientemente tal situação por 18 anos. Como ele tinha muitos inimigos, foi assassinado. A viúva suportou a dolorosa perda, perdoando os assassinos. Porém, crescia em seus filhos o desejo de vingança. Rita pediu que Deus os levasse, pois seria melhor que outra tragédia. Assim, perdeu os filhos. Rita estava livre para dedicar-se a Deus e pediu para entrar no Convento das religiosas Agostinianas da cidade. Mas naquela comunidade só podiam entrar virgens. Então, ela transformou sua casa num claustro, onde rezava as orações habituais das religiosas.

 

Uma noite, enquanto rezava, ouviu três batidas violentas em sua porta e uma voz lá de fora dizia: "Rita! Rita!". Abriu a porta e viu em sua frente três Santos, que rapidamente a levaram ao Convento onde havia sido negada três vezes. Os mensageiros fizeram-na entrar, apesar das portas estarem fechadas, e deixaram Rita de Cássia em um dos claustros. Depois desapareceram. A superiora ficou fascinada com essa manifestação Divina. As religiosas decidiram por unanimidade que a viúva fosse recebida. Admitida noviça Rita começou a trabalhar para realizar seus desejos. Consagrou-se à oração e penitência, seu corpo foi seguidamente flagelado. Passava os dias a pão e água e noites sob vigília e oração.

 

Certo dia pediu com extraordinário fervor que um estigma de Jesus aparecesse para sentir a dor da redenção. Em uma visão, Rita recebeu um espinho cravado em sua testa. A chaga ficou por toda a vida e ainda pode-se vê-la em sua cabeça conservada intacta com o resto do corpo. Um dia uma parente foi visitá-la, ela agradeceu a visita e ao se despedir pediu que lhe trouxesse algumas rosas do jardim. Como era inverno e não tinha rosas, pensaram que Rita estava delirando e sua visitante não ligou para seu pedido. Como para voltar para casa teria que passar pelo jardim olhou e se surpreendeu ao contemplar quatro lindas rosas que se abriram entre os ramos secos. Admirada do prodígio, entrou no jardim, colheu as flores e as levou ao Convento de Cássia. Nesta época, Rita estava muito doente e morreu em 22 de Maio de 1547. No dia seguinte, seu corpo foi colocado na Igreja do Convento. Todos os habitantes da cidade foram venerar a religiosa.

 

Santificação e corpo intacto

 

No século XVII foi beatificada e em 24 de Maio de 1900, canonizada. O corpo de Santa Rita de Cássia continua conservado intacto até hoje. Qualquer pessoa pode contempla-la na Igreja do Convento de Cássia, dentro de um relicário de cristal. Depois de tantos anos, seus membros ainda têm flexibilidade e pela expressão do rosto, parece estar dormindo.

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Santa Luzia - 13 de dezembro

 

A Santa Luzia lhe representou freqüentemente com dois olhos, porque segundo uma antiga tradição, a Santa teriam arrancado os olhos por proclamar firmemente sua fé.

 

Nasceu e morreu em Siracusa, cidade da Itália, e graças a suas múltiplas virtudes entre as que se destaca a simplicidade, a humildade e a honradez, ao Papa São Gregório no século VI pôs seu nome a dois conventos femininos que ele fundou.

 

Segundo a tradição, quando a Santa era muito menina fez a Deus o voto de permanecer sempre pura e virgem, mas quando chegou à juventude quis sua mãe (que era viúva), casá-la com um jovem pagão. Luzia finalmente obteve a permissão de não se casar, mas o jovem pretendente, rechaçado, dispôs como vingança acusá-la diante do governador de que a Santa era cristã, religião que estava totalmente proibida nesses tempos de perseguição. Santa Luzia foi chamada a julgamento; foi atormentada para obrigá-la a adorar a deuses pagãos, mas ela se manteve firme em sua fé, para em seguida ser decapitada.

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Santa Verônica Giuliani - 9 de Julho

 

Neste dia, celebramos Santa Verônica Giuliani, cujo nome de batismo era Úrsula Giuliani, que nasceu em Merccatello, perto de Urbino, no ano de 1660. Era a sétima filha do casal Francisco e Benedita Giuliani. Verônica ou Úrsula entrou para as irmãs clarissas aos dezessete anos de idade, na cidade de Castelo. No ano de 1697, lemos em seu diário - na sexta-feira santa, de madrugada, eu estava em oração...

 

"Deus fez penetrar em minha alma a graça ao dar-me os sinais e as dores que o Verbo Divino havia sofrido pela minha redenção. Sentia em meu coração uma dor mortal".

 

Assim descreve a recepção dos estigmas:

 

"Eu vi sair de suas santas chagas cinco raios resplandecentes, e todos vieram perto de mim... Em quatro estavam os pregos, e no outro estava a lança, como de ouro, toda candente e me passou o coração de fora a fora".

 

Quando vi estes estigmas exteriores - confia Santa Verônica ao seu diário -

 

"chorei muito e roguei ao Senhor que se dignasse escondê-los aos olhos de todos ".

 

Seu desejo foi ouvido, vivendo em reclusão total por toda a vida.

 

 

Após a sua morte, ocorrida na cidade de Castelo no ano de 1727, numa sexta-feira, após 33 dias de doença, sobre seu corpo, que mostrava ainda as feridas da paixão, foi feita a autópsia e os médicos reconheceram que o coração realmente estava transpassado de fora a fora. Mas as finas páginas de seu diário, escritas durante mais de trinta anos e publicadas, formaram 44 volumes, enriqueceu a nossa literatura.

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São Vicente de Paulo

 

UM OLHAR SOBRE O POBRE - Um pobre para os pobres

 

"Vicente de Paulo nasceu em 1581 no povoado de Pouy, França. Já em criança, conviveu com os pobres e experimentou as condições de sua vida. Em 1600, ordenou-se sacerdote. Muito embora por algum tempo tenha procurado fugir da pobreza de sua origem, contudo, com a orientação de diretores espirituais, sentiu em si a urgência de buscar com empenho uma santidade mais profunda. Foi então levado pela Divina Providência, através dos acontecimentos de sua vida, a assumir o firme propósito de se dedicar à salvação dos pobres.

 

Percebeu a grave urgência da evangelização dos pobres, quando exercia seu ministério em Gannes e, a 25 de Janeiro de 1617, em Folleville. Aqui se situa, conforme seu próprio testemunho, a origem tanto da sua vocação como da missão. Finalmente, em Agosto do mesmo ano, ao instituir, em Châtillon-les-Dombes, as "Caridades" para socorro dos enfermos carentes de todo cuidado, verificou e manifestou a íntima conexão existente entre a evangelização e o serviço dos pobres.

 

Evangelização e caridade

 

Foi na contemplação e no serviço de Cristo na pessoa dos pobres que sua experiência espiritual tomou forma gradativamente. Além disso, a visão de Cristo, enviado pelo Pai para evangelizar os pobres, tornou-se o centro tanto de sua vida como de seu trabalho apostólico.

 

Com a atenção voltada para as interpelações da sociedade e do seu mundo, Vicente aprendeu a interpretá-las à luz de um amor cada vez mais intenso a Deus e aos pobres, oprimidos sob o peso de todo tipo de calamidades. Desse modo, sentiu-se chamado a ir em socorro de toda espécie de misérias.

 

Entre diversas atividades, dedicou especial cuidado à Missão. Com efeito, para atender à evangelização dos camponeses, Vicente associou a si, por contrato passado a 17 de abril de 1625, seus primeiros companheiros, e estes, a 4 de setembro de 1626, assinaram um Ato de Associação, obrigando-se a formar uma Congregação, na qual, vivendo em comum, se dedicariam à salvação dos pobres camponeses.

 

Formação do clero

 

Enquanto se aplicavam à evangelização dos pobres, Vicente e seus companheiros chegaram à convicção de que os frutos da missão só poderiam perdurar entre o povo, se fossem tomadas providências para a formação dos sacerdotes. Iniciaram esta obra em 1628, na cidade de Beauvais, pregando, a instâncias do Bispo, retiros espirituais aos clérigos que se preparavam para as Ordens. Desse modo, estavam convictos de prover a Igreja de bons pastores.

 

Mobilizador de vontades

 

Para ir ao encontro das mais variadas necessidades, São Vicente reuniu em torno de si o maior número possível de pessoas, ricos e pobres, humildes e poderosos, empregou todos os meios para incutir-lhes o sentido do pobre como imagem privilegiada de Cristo, impelindo-os afinal a amparar direta ou indiretamente os pobres. A Comunidade das Filhas da Caridade, as Associações de Caridade, por ele fundadas, e outras delas derivadas seguiram esse voluntário e generoso devotamento e o assumiram como seu. O mesmo fizeram, até nossos dias, pessoas isoladas que conceberam o propósito de adotar esse espírito.

 

Missões ad gentes

 

Seu zelo para com os pobres tomou novo incremento com a iniciativa das Missões ad Gentes, ao enviar seus primeiros coirmãos à Ilha de Madagáscar, em 1648. Enquanto crescia como Instituto, a Congregação definiu paulatinamente sua vocação, organização e vida fraterna. Afirmou cuidadosamente sua índole secular, embora seus membros firmassem sua estabilidade nela por um voto peculiar e pela prática da pobreza, castidade e obediência. Ainda em nossos dias, estas mesmas notas constituem o patrimônio da Congregação da Missão"

 

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Santa Zita - 27 de Abril

 

Santa Zita, nasceu no ano 1218, em Monsagrati, numa aldeia próximo a Lucca, na Itália. Filha de camponeses tementes a Deus. Sua mãe, apesar de ser uma mulher muito sofrida e totalmente analfabeta, fazia questão que Zita estudasse e para isso a incentivava dizendo que Deus teria muito orgulho dela se pusese afinco em seu estudo.

 

Era uma criança muito carinhosa e cada segundo livre que tinha corria para um canto isolado para rezar. Foi-lhe confiado o encargo de distribuir as esmolas cada sexta-feira. E dá seu pouco, da sua comida, das suas roupas, daquilo que possuía.

 

Como era muito pobre, foi trabalhar como domestica aos 12 anos de idade na casa de uma rica família. Perguntava-se sempre:

 

"Isto agrada ao Senhor"? ou " Isto desagrada a Jesus"?

 

Seu nome era Fatinelli e ele morava ao lado da Igreja local. Para Zita seu emprego era um presente divino e ela agradecia a Deus todos os dias orando logo pela manhã, quando todos da casa ainda dormiam. Também aproveitava as manhãs para ir à missa e retornava apressada para servir aos seus amos sempre de forma discreta e muito amável.

 

Dizem que um dia foi surpreendida enquanto socorria os necessitados. Mas no seu avental o que era alimento se converteu em flores. Foi domestica por 60 anos. Morreu no dia 27 de abril de 1278, tendo toda a família Fatinelli a quem serviu toda a vida ajoelhada a seus pés.

 

Foi proclamada padroeira das empregadas domésticas do mundo inteiro pelo papa Pio XII.

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Maria Cândida da Eucaristia (1884-1949)

 

Nasceu no dia 16 de Janeiro de 1884, em Catanzaro (Itália), cidade para onde a família, originária de Palermo, se transferiu por um breve período de tempo devido ao trabalho do pai, Pedro Barba, que era Conselheiro do Tribunal de 1ª Instância; foi batizada com o nome de Maria Barba.

 

Quando a menina completou dois anos, a família retornou para a capital siciliana e ali Maria viveu a sua juventude. Aos quinze anos manifestou a sua vocação religiosa à qual seus pais, apesar de serem profundamente crentes, se opuseram com determinação. De fato, Maria teve que esperar quase vinte anos para poder realizar a sua aspiração, demonstrando, nestes anos de expectativa e de sofrimento interior, uma força de ânimo surpreendente e uma fidelidade incomum. Depois da morte de sua mãe, seguindo o conselho do Cardeal Alessandro Lualdi, entrou finalmente no Mosteiro das Carmelitas Descalças de Ragusa, a 25 de Setembro de 1919, que tinha surgido havia pouco tempo e era muito pobre. Maria Barba, sempre estimulada por uma devoção especial ao mistério eucarístico, no qual ela via o mistério da presença sacramental de Deus no mundo, e a concretização do seu amor infinito pelos homens, motivo da nossa confiança plena nas suas promessas, constrói alguns anos mais tarde um novo mosteiro, que ainda hoje existe.

 

O amor pela Eucaristia manifestou-se nela desde a primeira infância quando, com 10 anos, foi admitida à Primeira Comunhão e a sua maior alegria era poder comungar. Desde então, privar-se da Santa Comunhão tornou-se para ela "uma cruz pesada e angustiante".

Entrou no Carmelo a 16 de Abril de 1920, onde assumiu o nome, em certos aspectos profético, de Maria Cândida da Eucaristia. Em 17 de Abril de 1921 pronunciou a profissão simples e a solene no dia 23 de Abril de 1924. Quis "fazer companhia a Jesus no seu estado de Eucaristia quanto mais fosse possível". Prolongava as suas horas de adoração e, sobretudo, das 23 às 24 horas de cada quinta-feira, prostava-se diante do Tabernáculo em adoração. A Eucaristia polarizava verdadeiramente toda a sua vida espiritual, não tanto pelas manifestações devocionais, quanto pela incidência vital da relação da sua alma com Deus.

 

Seis meses depois da profissão solene, em 10 de Novembro de 1924 foi nomeada pela primeira vez Priora do seu Mosteiro: um cargo que aceitou e uma responsabilidade que desempenhou em sinal de obediência a Deus, com dedicação total e grande seriedade. Durante os três primeiros anos como Priora, revestiu também o cargo de Mestra das noviças.

 

Maria Cândida consagrou-se a Deus no dia 1 de Novembro de 1927. Desenvolveu plenamente o que ela mesma definia como a sua "vocação pela Eucaristia", ajudada pela espiritualidade carmelita, na qual se apoiou depois da leitura de "História de uma Alma". São muito conhecidas as páginas em que Santa Teresa do Menino Jesus descreve a sua especialíssima devoção à Eucaristia e como na Eucaristia a Santa Fundadora experimentasse o mistério fecundo da Humanidade de Cristo.

 

Durante os anos em que guiou o seu Mosteiro, de 1924 a 1947, infundiu na sua comunidade um profundo amor pela Regra de Santa Teresa do Menino Jesus e contribuiu de modo directo para a expansão do Carmelo Teresiano na Sicília, fundação de Siracusa, e para a reinstituição do ramo masculino da Ordem.

 

A partir da solenidade do Corpus Domini de 1933, Maria Cândida iniciou a escrever a sua pequena "obra-prima" de espiritualidade eucarística,

 

"A Eucaristia, verdadeira alegria de espiritualidade vivida".

 

O Senhor chamou-a a si, depois de alguns meses de sofrimentos físicos atrozes, no dia 12 de Junho de 1949, na Solenidade da Santíssima Trindade.

 

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S. Pedro Julião Eymard - 2 Agosto

 

Nota História

 

Nasceu na cidade La Mure (França), no ano de 1811. Depois de ter sido ordenado sacerdote e se ter dedicado durante alguns anos à actividade apostólica, entrou na Sociedade de Maria. Exímio apóstolo do mistério eucarístico, fundou congregações de religiosos e de religiosas, para se consagrarem ao culto eucarístico, e tomou muitas e excelentes iniciativas entre as pessoas de todas as condições para promover o amor para com a santa Eucaristia. Morreu no primeiro dia de Agosto de 1868, na sua cidade natal.

 

ORAÇÃO

 

Deus de infinita bondade, que inspirastes a São Pedro Julião uma devoção admirável aos santos mistérios do Corpo e Sangue do vosso Filho, concedei-nos que, seguindo o seu exemplo, possamos saborear dignamente a suavidade deste banquete sagrado. Por Nosso Senhor. Liturgia das horas Dos escritos de São Pedro Julião, presbítero (La présence réelle, vol. I, Paris 1950, pp. 270-271 e 307-308)

 

A Eucaristia, sacramento da vida

 

A Eucaristia é a vida de todos os povos. A Eucaristia é para todos a fonte da vida. Todos se podem reunir na Igreja, sem impedimento algum, quer de raça quer de língua, para celebrar a festa sacrossanta. A Eucaristia dá-lhes a lei da vida, ou melhor, da caridade, de que este sacramento é a fonte. Deste modo ela estabelece entre eles um vínculo comum, uma certa familiaridade cristã. Todos comem o mesmo pão, todos são comensais de Jesus Cristo, que estabelece sobrenaturalmente entre eles uma certa concórdia de hábitos fraternos. Lede os Atos dos Apóstolos. Eles afirmam que a multidão dos cristãos, quer dos judeus convertidos quer dos pagãos batizados, provenientes de diversas regiões, tinham um só coração e uma só alma. Porquê? Porque eram assíduos a escutar a doutrina dos Apóstolos e perseveravam na fração do pão.

 

A Eucaristia é também a vida da alma e da sociedade humana, como o sol é a vida dos corpos e da face da terra. Sem o sol, a terra é estéril; ele alegra-a, adorna-a e enriquece-a; ele dá aos corpos a eficácia, a força e a beleza. Perante estes fatos admiráveis, não nos admiremos de que os pagãos o tenham venerado como o deus do mundo. Ele obedece ao Astro do dia e segue o supremo Sol, o Verbo divino, Jesus Cristo, que ilumina todos os homens que vêm a este mundo, e que, pela Eucaristia, como sacramento da vida, atua no íntimo das almas, de tal modo que transforma as famílias e as nações. Ditosa a alma fiel que encontra este tesouro escondido, que assiduamente mata a sua sede nesta fonte da vida, que come incessantemente este Pão da vida!

 

A comunidade dos cristãos é realmente uma família e o vínculo entre os seus membros é Jesus na Eucaristia. Ele é o pai que prepara a mesa da família. A fraternidade cristã foi promulgada na Ceia simultaneamente com a paternidade de Jesus Cristo; Ele chama aos seus Apóstolos filioli, isto é, meus filhos, e manda-lhes que se amem mutuamente como Ele os amou.

 

Na santa mesa todos são filhos que recebem o mesmo alimento; e por isso São Paulo conclui que eles constituem uma família e formam o mesmo corpo, porque participam do mesmo pão, que é Jesus Cristo.

 

Finalmente, a Eucaristia proporciona à comunidade cristã a capacidade de observar a lei do respeito e da caridade para com o próximo. Jesus Cristo manda honrar e amar os seus irmãos. É por isso que Ele próprio os assume em Si mesmo, dizendo: Tudo o que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes; Ele dá-Se a cada um na santa comunhão.

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São Pio X, Papa - 21 Agosto

 

O futuro Papa Santo veio ao mundo em 1835, na cidade de Risse, no Vêneto. Era de origem humilde. Foi o segundo dos dez filhos da pobre família do servidor do município e se chamou Giuseppe Sarto.

 

Em 1903, com a morte do Papa Leão XIII foi eleito cardeal Giuseppe Sarto para ocupar a cátedra de São Pedro. Um dos primeiros atos do novo Papa foi recorrer à constituição "Comissum nobis" a fim de terminar, de uma vez por todas, com qualquer suposto direito de qualquer poder civil para interferir em uma eleição papal, pelo veto ou outro procedimento. Mais adiante deu um passo cauteloso mas definitivo para a reconciliação entre a Igreja e o Estado, na Itália, ao praticamente suspender o "Non Expedit".

 

O nome Pio X se vincula geralmente, ao movimento que purgou à Igreja desse "resumo de todas as heresias", ao que alguém teve a idéia de chamar "Modernismo".

 

Um decreto do Santo Ofício datado de 1907, condenou certos escritores e certas idéias; muito em breve seguiu-se a carta encíclica "Pascendi dominici gregis", em que se indicavam perigosas tendências de alcance imprevisível, destacavam-se e condenavam as manifestações do modernismo em todos os campos. O modernismo na Igreja ficou praticamente aniquilado ao primeiro golpe. Já tinha conquistado bastante terreno entre os católicos e, entretanto, não foram poucos, até entre os ortodoxos, que opinaram que a condenação do Papa tinha sido excessiva e à beira de uma dissimulação obscurantista.

 

Em sua primeira encíclica, Pio X anunciava que sua meta primordial era a de "renovar tudo em Cristo" e, com esse propósito em mente, redigiu e aprovou seus decretos sobre o sacramento da Eucaristia. Também estabeleceu uma comissão corretora e revisora do texto Vulgata da Bíblia (este trabalho foi encomendado aos monges beneditinos) e, em 1909, fundou o Instituto Bíblico para o estudo das Escrituras e o deixou a cargo da Companhia de Jesus.

 

Deus tinha dado a Pio X o dom de fazer milagres, a maioria deles curas. Foi canonizado por Pio XII, em 1954, perante uma multidão que enchia a praça São Pedro. Aquele foi o primeiro Papa a ser canonizado desde Pio V

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Santa Maria Mazzarello - 9 de maio

 

Nasceu no dia 9 de maio em Mornese, Itália. Sendo uma simples camponesa, pobre e ignorante, chegou a ser Fundadora da que é hoje a segunda Comunidade religiosa feminina no mundo (em relação ao número de religiosas), a Comunidade de irmãs Salessianas.

Fundou em seu povoado um "Oratório" ou escola de catecismo para meninas. Ela e suas amigas lhes ensinavam costura e outras artes caseiras, enquanto iam conseguindo que as jovens aprendessem muito bem a religião, observassem excelente comportamento em casa, fossem à missa e recebessem os sacramentos. Paralelamente, São João Bosco utilizava em Turim uma metodologia similar, mas aplicada aos varões.

 

O Padre Pestarino observou que em Maria Mazzarello e em suas amigas havia grande caridade para com os necessitados e um enorme amor a Deus, ademais de fortes desejos de conseguir a santidade. Então as reuniu em uma Associação Juvenil que se chamou: "De Maria Imaculada". Ele mesmo as confessava, lhes dava instrução religiosa.

 

No decorrer de uma viagem, o Padre Pestarino se encontrou com São João Bosco, quem neste momento se encontrava meditando sobre a possibilidade de ampliar seus ensinamentos também a meninas pobres. Pestarino contou-lhe sobre a obra que realizava junto com Santa Maria e o convidou a conhecê-la pessoalmente. Assim, no dia 7 de outubro de 1864, São João Bosco foi por primeira vez a Mornese. Dom Bosco constatou que aquelas jovens que dirigia o Padre Pestarino eram excelentes candidatas para ser religiosas, e com elas fundou a Comunidade das Filhas de Maria Auxiliadora, ou salessianas, que hoje em dia são mais de 16.000 em 75 países.

 

O Papa Pio IX aprovou a nova congregação, no dia 5 de agosto de 1572.

 

Maria Mazzarello foi superiora geral até o dia da sua morte, o 14 de maio de 1881. Seus três grandes amores foram a Eucaristia, Maria Auxiliadora e a juventude pobre, à qual educou e salvou.

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Santa Aurélia ou Santa Petronilla

 

Nasceu em Roma no primeiro século.

Por vários séculos a história dizia que ela era filha de São Pedro e que era tão bela e como havia recusado a proposta de casamento de um rico romano pagão chamado Flaccus foi presa em uma torre, mas teria feito uma greve de fome e morreu em três dias.

 

Entretanto, em inscrições antigas e recentemente encontradas, ela está listada como uma mártir da forma mais tradicional da época.

Noutra versão ela seria uma servente, que trabalhava com São Pedro e uma das várias convertidas por ele e seria a sua "filha espiritual". Parece ter sido parente de Santa Domitilla e foi curada de paralisia por São Pedro.

 

Sua relíquias estão na Basílica de São Pedro em Roma, Itália. Sua capela tem vários trabalhos de Miguelangelo e Bramante.

 

Diz ainda a tradição que quando seu caixão foi aberto para o traslado, seu corpo estava incorrupto e a cabeça coberta com flores.

 

Na arte litúrgica da Igreja ela é mostrada sendo curada por São Pedro; 2) segurando as chaves para ele ;3) uma virgem com uma vassoura;4) ao lado de São Pedro; 5) recusando uma proposta de casamento, e 6) recusando um anel oferecido por um rei.

 

É a padroeira dos viajantes e dos golfinhos visto que em seu sarcófago havia um golfinho encravado nele.

 

Sua festa é celebrada no dia 31 de maio

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Santa Maria Francisca das Cinco Chagas - 6 de Outubro

 

Nasceu em 1499. Depois de estudos feitos em Salamanca, entrou para os Frades Menores e, ordenado sacerdote, desempenhou diversos cargos na Ordem. Em 1554 obteve a licença de consagrar-se a uma observância mais estrita da Regra. Começou então, a acolher os seguidores, aos quais iniciou numa vida demais austera pobreza, jejum e penitência e de oração mais prolongada. Impulsionado pelo zelo das almas, dedicou-se com grande fruto à pregação. E com seus conselhos ajudou Santa Teresa de Ávila em sua atividade reformadora entre as Carmelitas. Deixou também obras escritas, em que narra a própria experiência ascética, baseada sobretudo na devoção para com a paixão de Cristo. Morreu no dia 18 de outubro de 1562.

 

ORAÇÃO

 

- Ó Deus, que ilustrastes São Pedro de Alcântara com os donos de admirável penitência e de altíssima contemplação, concedei, por seus méritos, que, mortificados na carne, mereçamos participar dos bens celestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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São Casemiro Rei.

 

Casimiro, príncipe da  Polônia e  rei eleito da  Hungria, o terceiro filho do rei Casimiro IV da Polônia e Isabel da Áustria, nasceu em 14 de outubro de  1458. Não só recebeu uma educação primorosíssima de sua santa mãe, mas teve também excelentes mestres que o introduziram  nas  ciências;    entre eles  merece  atenção o célebre Longino,  homem de grande saber e virtude.  O maior prazer de Casimiro era rezar e  estudar e  seu lugar predileto era a Igreja.  "Em parte alguma me sinto tão bem - dizia - como nos degraus  do altar. Tendo para escolher entre a casa, o jogo, a dança e outros  divertimentos,  dispenso-os  todos, se  puder ficar na Igreja".  À santa Missa assistia  Casimiro com  um recolhimento admirável.   Tendo mais idade, levantava-se   durante a noite, para fazer uma visita à Igreja;  se a achava  fechada, ficava de joelhos na porta, em profunda  adoração ao Santíssimo Sacramento.   Terníssima  era  sua devoção à Sagrada  Paixão e Morte  de  Jesus Cristo. Os olhos enchiam-se-lhe de lágrimas, todas as  vezes  que olhava  para o crucificado.  A Maria Santíssima não chamava de outro nome senão o de  "minha  querida Mãe". 

 

  O  hino predileto, que muitas  vezes  recitava era:  "Omni die dic Mariae", pérola  preciosíssima da literatura cristã, não da sua lavra, como muitos  pretendem que seja, mas provavelmente de  autoria de Santo Anselmo de  Canterbury.  Uma cópia deste hino  achava-se no túmulo do Santo, quando aberto em 1604. O corpo estava  perfeitamente conservado e o hino encontrou-se  debaixo da  cabeça. 

 

Como o amor  a  Jesus  e Maria ligava  Casimiro uma  grande  caridade aos pobres, o que  lhe valeu o título de  "pai dos pobres".  A algumas pessoas  da corte, que achava  essa  caridade  um tanto exagerada, Casimiro respondeu: "Melhor aplicação da  nobreza um príncipe não pode fazer, senão servindo aos pobres. Quanto a mim,  maior honra não aspiro, que fazer-me servo do mais pobre". 

 

 O desprezo que tinha  pelas honras e grandezas do mundo é  bem caracterizada pelo modo porque se  houve na campanha contra  Matias, rei da Hungria. Matias  tinha perdido o trono, e representantes  da nação húngara ofereceram a  Casimiro a  coroa de Santo Estevão. O pai apoiava fortemente  o pedido dos  embaixadores e  determinou ao filho, que contava apenas 13 anos, que com força armada entrasse  na Hungria, onde  Matias o aguardava  com poderoso exército, esperando a entrada do jovem príncipe.  Nesse meio tempo, como o povo declarou-se novamente  a favor de Matias  para  que retornasse,   o Papa Sixto IV também  manifestou a intenção de vê-lo  de volta ao trono.  Em consideração a estes fatos,  Casimiro retirou-se para o castelo de  Dobzki, onde passou  uns meses  às práticas  da mais austera penitência.  Um segundo convite de  políticos  húngaros não mais  foi tomado em consideração, e o desejo do santo de  alcançar a  coroa  da glória eterna aumentou consideravelmente. 

 

Apesar de  rodeada de todo o conforto, a vida se  São Casimiro foi acompanhada de um espírito de  penitência que não é comum entre os homens. Extremamente rigoroso consigo, Casimiro trazia  sempre um cilício para  castigar o corpo e cada  semana dedicava uns dias ao jejum. Os dias de  jejum e abstinência  por mandamento da Igreja eram observados  com toda a pontualidade, mesmo na doença. Ao sono eram reservadas poucas horas e, embora lhe tivesse  à disposição  um leito que em comodidade nada deixava a desejar, Casimiro escolhia de  preferência o chão para o repouso do corpo. 

 

A prática de  todas estas virtudes mereceram ao  príncipe a fama de grande Santo. Entre as  virtudes  que lhe adornavam o coração, foi a  da  santa pureza que Casimiro exercia com especial  esmero, e à qual se  obrigou   por um voto. É  admirável que o jovem príncipe pudesse chegar a um grau tão elevado, principalmente nesta virtude, quando se via, dia por dia, rodeado de perigos e seduções.  A chave  deste segredo   estava na recepção dos Sacramentos, na devoção à Santíssima Virgem, na mortificação constante do corpo e na fuga das más ocasiões. Em sua presença ninguém ousava proferir palavra que ofendesse a moral. Quando contava  24 anos, lhe apareceram no organismo todos os sintomas da tuberculose. Os médicos vendo  já esgotados todos os recursos  da ciência, deram ao príncipe,  como última  esperança de salvar a  vida, o conselho de  se casar. Casimiro, mal tinha ouvido esta proposta, declarou: "Antes prefiro morrer;  e se tivesse de perder mil vidas, todas perderia, para guardar a  castidade  virginal". Por um favor especial de  Deus,  Casimiro soube o dia de sua morte, para ela  se preparou com muito  fervor. As últimas  palavras que disse, foram, depois de ter beijado o Crucifixo: "Em vossas  mãos, ó Jesus,  entrego o meu espírito". 

 

 Casimiro  morreu  em 1484, sendo sua  festa celebrada no dia 04 de março.  São Casimiro goza de  grande veneração na Polônia, onde sua festa  é comemorada com oitava. 

 

 Reflexões:

 

As  devoções  prediletas de São Casimiro eram a Sagrada Paixão e morte de  Nosso Senhor  e  a  devoção a Maria  Santíssima.  Nestas devoções estava o segredo, porque  tão ciosamente guardava a  virtude da pureza. Procurava  a  morte  a  macular esta virtude.  Quem tem  amor  a   Jesus  e Maria, deve  igualmente amar a virtude  angélica, que é a  predileta da Mãe de  Deus e de seu  Filho. Se queres  adiantar-te  neste santo amor, cultiva em teu coração a Sagrada Paixão e  Morte de  Jesus Cristo.  Durante a quaresma, devias  fazer uma leitura quotidiana de  um ou outro trecho da Sagrada Paixão. Quanto mais teu espírito penetrar neste mistério de  amor, tanto mais  em  tua alma se acentuará o desejo de servir unicamente a Deus, que tanto te amou.        

                          

Sobre incorrupção do corpo

 

Passados 120 anos de seu enterro,   ao abrir-se seu sepulcro,  encontrou-se seu corpo incorrupto, como se  estivesse recém enterrado. Nem sequer seus vestidos haviam deteriorado-se,  considerando-se  ainda que o sítio  onde encontrava-se seu sepulcro era extremamente úmido. Sobre seu peito foi encontrada uma poesia à Santíssima Virgem, que  mandou que colocassem sobre seu cadáver no dia de seu enterro.

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Santa Catarina de Bolonha.

 

Santa Catarina é também conhecida como Catarina de Virgi ou Vigni.  Nasceu em 8 de setembro de 1413 em Bolonha, Itália, sendo ela filha de um diplomata a  serviço do marquês de Ferrara. Diz a tradição que seu pai recebera em visões o anúncio do nascimento da filha.  Quando completou 11 anos de idade,  foi escolhida para ser a dama de companhia da recém casada  filha do marquês, compartilhando com ela  o seu aprimoramento educacional.  Isso durou até completar 14 anos, idade em que decidiu abandonar a corte para abraçar a vida religiosa.  Ingressou na Ordem Franciscana como Irmã das Clarissas Pobres, onde obteve sucessivos progressos espirituais e admiração por ser fiel cumpridora dos preceitos de Deus e da Igreja. Por sua conduta exemplaríssima  tornou-se uma das grandes santas da Idade Média.   Através da intercessão do Papa Nicolau V foi erigida  uma clausura no convento das Clarissas em Ferrara, onde Catarina foi eleita Madre Superiora.   Gozava de grande reputação pela vida austera e piedosa,  não só diante da comunidade, mas do próprio Papa Nicolau V. Foi também responsável pelo estabelecimento de  um convento de Clarissas Pobres em 1456, na cidade de Bolonha,  onde assumiu o cargo de Abadessa.

 

  Mística, profetisa e visionária, glorificava a Deus operando grandes milagres em Seu nome. Também era pintora e decifrava manuscritos como que  iluminada por um anjo. Conta-se que num dia de Natal recebeu uma  visão de Jesus nos braços de Maria.  Desta visão que teve,  Catarina pintou em um quadro que se encontra atualmente no Museu do Vaticano.

 

Faleceu em 9 de março de 1463 em Bolonha, Itália e foi enterrada sem caixão e não foi embalsamada. Após  dezoito dias depois,  decidiram exumar seu corpo devido a inúmeros  milagres que ocorriam junto de sua tumba, bem como pelo odor de perfume que exalava constantemente de seu túmulo, ocasião em que seu corpo foi encontrado incorrupto. Diante disso foi chamado o doutor Maestro Giovanni Marcanova,  que examinou o corpo e não pode explicar o fato. Assim,  decidiram vestir seu corpo com novo hábito  e o colocaram em uma cadeira, sentado,  junto a uma capela especial, mantendo-se incorrupto até hoje, portanto, por mais de 540 anos.  Nas últimas décadas,  foram e ainda são realizadas a cada dois anos, radiografias da coluna vertebral e as análises até o momento comprovam que não houve deterioração ou desvio da coluna,   que se mantém perfeitamente ereta  como a de uma pessoa adulta,  sustentando o corpo e a cabeça. O que se observa apenas é a mudança da coloração da pele, que hoje apresenta-se na cor marrom.

 

A arte litúrgica a apresenta como uma Clarissa pobre carregando o Menino Jesus ou em um trono com um livro em uma das mãos e na  outra uma cruz,  aludindo a imagem que se vê em seu corpo incorrupto.  Escreveu um livro intitulado:  “ Tratado em armas espirituais” e “Revelações”.

 

Foi canonizada em 22 de maio de 1712 pelo Papa Clemente  XI e é padroeira da Academia de arte de Bolonha, dos pintores e das artes liberais.

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 Santa Clara de Assis (1194 - 1253)

 

Santa Clara, nasceu em Assis, na Itália, filha de  pais ricos e piedosos. O nome de Clara foi-lhe dado em virtude de  uma voz misteriosa que a mãe Hortulana ouviu, quando, antes de dar à luz a filha, fazia fervorosas orações diante de um crucifixo.  “Nada temas! – disse aquela  voz – o fruto de teu ventre será um grande lume, que iluminará o mundo todo”.   Desde pequena,  Clara era em tudo bem diferente das companheiras.  Quando meninas dessa idade costumam achar agrado nos brinquedos e bem cedo revelam também qualidades  pouco apreciáveis,  Clara fazia exceção à regra.  O seu prazer era rezar, fazer caridade e  penitência.  Aborrecia a vaidade e  as  exibições  e tinha aversão declarada aos divertimentos profanos.

 

Vivia naquele  tempo o grande Patriarca de Assis. São Francisco. A este se dirigiu Santa Clara, comunicando-lhe o grande desejo que tinha de abandonar o mundo, fazer o voto de castidade e  levar uma vida da mais perfeita pobreza. São Francisco  reconheceu em Clara uma eleita de Deus e  animou-a a  persistir  nas piedosas aspirações.   Depois de ter examinado e sujeitado a duras provas o espírito da jovem,  aconselhou-lhe abandonar a casa paterna e tomar o hábito de religiosa.  Foi num Domingo de Ramos, que Clara executou este plano, dirigindo-se à Igreja de Porciúncula, onde São Francisco lhe cortou os cabelos e  lhe deu o hábito de penitência.  Clara contava apenas 18 anos, quando disse adeus ao mundo e  entrou  para o convento das Beneditinas de Assis.

 

O procedimento estranho de  clara, provocou os mais veementes protestos dos pais e parentes, que  tudo tentaram , para tirar a jovem do convento.  Clara opôs-lhes firme resistência. Indo à Igreja, segurou-se ao altar e com a outra mão, mostrou aos pais a cabeleira cortada e disse-lhes: “Deveis saber que não quero outro esposo, senão a Jesus Cristo.  A este escolhi e  não mais o deixarei”.  Clara tinha uma irmã mais moça, de quatorze anos, de nome Inês.   Esta, não suportando a separação e  animada por Clara, poucos dias depois, abandonou também a casa e entrou para o convento onde Clara estava.  Com este gesto não se conformaram os parentes.  Ao convento,  foram  no intuito de obrigar a jovem a  voltar trazê-la à viva força para casa, fosse qual fosse  a resistência  que  encontrariam.

 

A resistência realmente foi,  tão resoluta da parte de Inês,  que tiveram de desistir das suas tentativas.  Também a ela  São Francisco deu o hábito religioso.  Apenas provisória podia  ser a estada das  duas irmãs no convento das  Beneditinas.    Francisco havia de dar, pois,  providências para colocá-la  em outra parte.

 

Adquiriu a  igreja de São Damião e  uma casa contígua para  as  novas religiosas, às quais,  logo se associaram a outras companheiras. Sob a direção de Clara, formaram estas a primeira  comunidade que, desenvolvendo-se cada vez mais, tomou a forma de  nova Ordem religiosa.  Esta Ordem, de origem tão humilde, tornou-se celebérrima na  Igreja Católica, a que deu muitas  santas e muito trabalhou e trabalha pelo  engrandecimento do reino de Cristo sobre a terra.  Obedecendo à Ordem de  São Francisco, Clara aceitou o cargo de superiora, e exerceu-o durante quarenta e dois anos.   Deu à Ordem  regras severas sobre a observância da pobreza.  Uma oferta de bens  imóveis,  feita pelo  Papa, Clara respeitosamente a recusou.  Não só na observação da pobreza, como também na  prática de outras virtudes,  Clara era modelo exemplaríssimo para as  suas filhas espirituais.  Grande lhe foi a satisfação, quando da própria mãe e de outras parentas recebeu o pedido de  admissão na Ordem.  Além  destas, entraram  três  fidalgas da casa Ubaldini na  nova Ordem das Clarissas.   Julgaram  maior honra associar-se à pobreza de Clara do que viver no meio dos  prazeres  dum mundo enganador.

 

Na prática  da penitência  e  mortificação,  Clara era de tanto rigor, que seu exemplo podia servir  mais de admiração do  que de imitação. O próprio São Francisco aconselhou-lhe  que usasse de  moderação, porque do modo de que vivia e  martirizava o corpo, era de recear que não pudesse  ter longa vida.

 

Severíssima  para consigo,  era inexcedível na caridade  para com o próximo. Seu maior prazer  era servir aos enfermos. Uma das virtudes que se lhe observava, era o grande  amor   ao Santíssimo  Sacramento.  Horas inteiras do dia e  da noite, passava  nos degraus do altar.  O SS. Sacramento era seu refúgio, em todos os perigos e dificuldades.

 

Aconteceu que  a cidade  de Assis fosse assediada pelos  sarracenos que,  a  serviço do Imperador Frederico II,  inquietavam a Itália.    Os guerreiros tinham  já  galgado o muro, justamente onde estava o convento das  clarissas.  A superiora, enferma, guardava o leito.  Tendo  notícia da invasão dos bárbaros no convento,  Clara levantou-se e, ajudada pelas filhas, dirigiu-se ao altar do SS. Sacramento, tomou nas mãos  a Sagrada Hóstia e assim,  munida de Nosso Senhor,  dirigiu-lhe o seguinte  apelo em voz  alta:  “Quereis, Senhor,  entregar aos infiéis estas  vossas  servas  indefesas que nutris com Vosso amor?  Vinde em  socorro de  vossas servas, pois não as posso proteger.”  Ditas estas palavras,  ouviu-se distintamente uma voz dizer: “Serei vossa proteção  hoje e sempre”. Os fatos provaram  que  não se tratava  de coisa imaginária. Dos sarracenos apoderou-se um pânico inexplicável;  grande parte deles  fugiu às pressas;  alguns,  que já haviam galgado o cimo do muro, caíram para trás.  Foi visivelmente a  devoção de Santa Clara ao SS.  Sacramento, que salvara o convento e  a  cidade, do assalto do inimigo.  Outros muitos milagres fez  Deus por intermédio de  sua  serva, que a  estreiteza de espaço não nos permite narrar.

 

Clara contava  sessenta anos, dos  quais  passara  28   anos  sofrendo grandes  enfermidades.   Por maiores que lhe fossem as  dores, nenhuma queixa lhe saía da boca.  Na meditação da sagrada Paixão e Morte  de Nosso Senhor achava o maior  alívio. “Como passa  bem depressa  a noite, dizia,  ocupando-me com a Paixão de Nosso Senhor”.  Em outra ocasião, disse: “Homem haverá que se queixe, vendo a  Jesus derramar todo o seu sangue na Cruz?  Sentindo a  proximidade da  morte,  recebeu os Santos Sacramentos e  teve a  satisfação de  receber a visita do Papa Inocêncio IV, que lhe concedeu uma indulgência plenária.  Quase  agonizante, disse ainda estas palavras:  “ Nada temas, minha  alma;   tens boa companhia na tua passagem  para a eternidade. Vai em paz, porque Aquele que te criou, te santificou, te guardou como a mãe ao filho, e te amou com grande ternura.  Vós, porém,  meu Senhor e meu Criador, sede  louvado e bendito”.   Esta visão lhe apareceram muitas virgens, entre as quais  uma de extraordinária beleza, que lhe vieram ao encontro para leva-la ao céu.   Santa Clara morreu em 12 de agosto de 1253, mais em conseqüência do amor divino, do que da doença  que a martirizava.  Foi em atenção aos  grandes e numerosos milagres que se lhe observaram no túmulo, que o Papa Alexandre IX, dois anos depois,  a canonizou.

 

 Reflexões:

 

“Haverá quem se queixe, vendo a  Jesus Cristo na cruz,  coberto de  sangue? “ .

 

A meditação da Sagrada Paixão e Morte de  Jesus Cristo,  dava  força  à Santa clara, para sofrer  com paciência as  dores  da doença.  A mesma meditação, produziria em ti o mesmo efeito, se em teus  sofrimentos te quisesses  lembrar das dores que  Jesus Cristo sofreu por amor.   Jesus  era  inocente e sofreu mais  que um homem jamais  sofreu e poderá sofrer.   Tu, que não és inocente,  nada queres sofrer? Jesus aceitou a cruz e a dor; e da boca não lhe saiu uma palavra de queixa.  Não deverás imitar também este exemplo de teu Salvador?  Considerações desta espécie,  nos dias do sofrimento, fazem milagres.  “Quem se  lembra da Sagrada Paixão de Jesus Cristo, sofre tudo com paciência, por  mais doloroso que seja”,  diz  São Gregório.

 

Santa Clara teve uma grande  devoção ao Santíssimo Sacramento.  Aos pés do altar, procurava e achava alívio,  consolação e auxílio.  Se tivesses devoção igual a Jesus Eucarístico, os mesmos efeitos  poderias  experimentar.  Se Nosso Senhor  andasse entre nós, como andou na terra da Palestina, cheio de confiança  a Ele  te dirigirias , certo de alcançar de  sua bondade  o que desejasses.  Que diz a nossa  doutrina dobre o Santíssimo Sacramento? Não é  real  a presença de Jesus  Cristo na Hóstia consagrada?  Pois se é esta a tua fé, porque te portas como se não acreditasses nesta verdade?  Se está presente no Santíssimo Sacramento,   então é o mesmo que fez ressuscitar o mancebo de Naim,  a  filha de Jairo e  Lázaro.  Se Jesus  está no Santíssimo Sacramento, então entre Ele  e  Aquele que  fez  a  multiplicação dos pães, não há diferença nenhuma. Não deve, portanto, ser outra a tua fé.  Porque não procuras Jesus no Santíssimo Sacramento, quando a tua alma se  vê  atribulada, quando a dor te oprime o coração?   Se aos homens abres o coração e em suas  palavras buscas  consolo e conforto, porque não fazes  a  Jesus tuas confidências?  Procura o Santíssimo Sacramento, aviva tua fé neste mistério da nossa Religião e,  como Santa Clara, encontrarás quem te console, proteja e defenda.

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Beata Imelda Lambertini ( 1322 - 1333)

 

Patrona das Primeiras Comunhões

 

Imelda Lambertini nasceu na cidade de Bolonha, Itália, no ano de 1322,  num ambiente de muita fé e  piedade. Desde tenra idade, assimilou com especial afeição a primorosa educação recebida. Seu amor a Deus, sua conduta incomum no dia a dia chamava muito a atenção dos pais. Era de fato, uma menina muito especial. Os jogos infantis não lhe agradavam como a oração. Costumava esconder-se nos locais mas ocultos da casa para aplicar-se a ela.  Sua mãe, sempre a encontrava ajoelhada e rezando, quando sentia falta da  filha em casa. 

 

Ao completar 9 anos de idade a menina pede insistentemente para ingressar no Convento das Irmãs  dominicanas, porém, a Madre superiora de todas as  formas tentou persuadi-la a esperar, pois que a idade ainda não permitia que fosse admitida entre as irmãs do convento. 

 

Como a insitência de Imelda tornou-se constante,  a Madre, que conhecia seus pais, indagou se não estava feliz por ter pais maravilhosos e boas condições de vida em casa,   tendo ela prontamente respondido que estava sim,  muito feliz, que amava sua família,   mas que as irmãs tinham algo a mais que lhe atraía muito: "Nosso Senhor".  Era a devoção à Santíssima Eucaristia que verdadeiramente lhe encantava e  lhe enchia a alma de amor e devoção.  Finalmente, a Madre chamou seus pais e lhes pediu permissão para que Imelda fosse admitida, pelo menos à título de experiência,  já que o desejo ardente de ingressar no convento era já notório também para seus pais. Apesar de entristecidos,  percebiam que Deus reservara algo de extraordinário para a pequena filha.  Por isso,  acabaram aceitando a proposta da Reverenda e consagraram-na a Deus.

 

Consumado seu ingresso, tudo lhe era motivo de encanto,  os momentos de  oração, o hábito das Irmãs,  o silêncio.  Era muito amada por elas que tentavam privá-la dos serviços e  da rigidez da regra, mas  nada adiantava,  pois queria acompanhar as irmãs em tudo, participando plenamente e  auxiliando nos trabalhos monásticos no convento.   A Madre pedia que não a acordassem durante as orações noturnas,  mas Imelda levantava-se no meio da noite e percorria os grandes salões do convento, caminhando e rezando silenciosamente as  matinas.  

 

A visita ao Tabernáculo fazia sua alma transbordar de alegria. Só a pronúncia de qualquer assunto relacionado a Eucaristia,  fazia com que seu rosto se transfigurasse instantaneamente.  Ela desejava ardentemente receber a Santa Comunhão.  Nessa época, as crianças não podiam receber a Primeira Comunhão com idade inferior a 12 anos.  Tal qual sua insistência para ingressar no convento,  Imelda pede a graça de receber Jesus, mesmo que não tivesse completado a  idade.  Pedia isso com fervor tão intenso, que as irmãs comoviam-se  pelo desejo que a pequenina nutria em receber o Senhor na Eucaristia. Mas isto ainda não lhe era possível, conforme as normas da Igreja. 

 

Assim, aceitou com resignação os argumentos das Irmãs. Porém, à medida que o tempo passava, crescia mais e mais nela o desejo de receber Jesus Sacramentado. No ano de 1333, tinha ela  completado 11 anos de idade  quando, depois da Santa Missa,  a última freira que saiu da capela observou que a pequena Imelda, como de costume,  lá permaneceu sozinha rezando mais um pouco.  Só que desta vez, a freira percebeu algo extraordinário: uma Hóstia flutuava acima dela e lhe projetava uma luz branca. Rapidamente esta irmã chamou as outras monjas e todas  prostraram-se diante deste milagre.  A Madre,   constatando que tratava-se de manifestação real de Deus para que a menina recebesse a Primeira Comunhão,  chamou o pároco.  Ao chegar com a patena de ouro nas mãos, o padre admirado, dirigiu-se até à Hóstia.  Assim que aproximou-se da menina ajoelhada, a  Hóstia pousou sobre a patena!.  Assim foi-lhe administrada a Primeira Comunhão. Em seguida,  vagarosamente Imelda baixou a cabeça em oração.  

 

Imelda permaneceu assim, diante das irmãs por um tempo demasiadamente longo.  Isto fez com que a Madre fosse até ela,  que a nada respondia.  Tentando levantá-la cuidadosamente pelos ombros, a menina caiu em  seus  braços,   trazendo no rosto uma expressão delicada, de inexplicável alegria.  Havia partido para o Céu naquele sublime momento.  A alegria de receber Nosso Senhor foi demais para o pequeno coração que ardia pela presença real de Cristo na Eucaristia.  Certa vez, Imelda já havia dito às Irmãs: "Eu não sei porque as pessoas que recebem Nosso Senhor não morrem de alegria".  

 

A pequena Imelda Lambertini foi beatificada em 1826 pelo Papa Leão XII, e foi proclamada Patrona das Primeiras Comunhões em 1910 pelo Papa São Pio X.  Foi neste ano que foi declarado que as crianças menores de 12 anos poderiam receber a Primeira Comunhão.

 

Até hoje, seu pequeno corpo se encontra intacto, depois de mais de 670 anos, numa redoma de cristal, na Igreja de São Sigismondo, em Bolonha.

 

 Reflexões:

 

A meditação da história da  pequena Imelda, traduz o pleno conhecimento, o cristalino panorama que uma menina de apenas 11 anos tinha sobre as  verdades  divinas.  Visão tão clara que Imelda não entendia como as pessoas não morriam  ao receber Jesus na Eucaristia.   São Tomás de Aquino, a respeito desse amor eucarístico, certa vez declarou:  

 

"O Martírio não é nada em comparação com a Santa Missa. Pelo martírio, o homem oferece a Deus a sua vida;  na Santa Missa, porém,  Deus dá o seu Corpo e o seu Sangue em sacrifício para os homens. Se o homem reconhecesse devidamente esse mistério, morreria de amor".

 

Amolece, Senhor, o nosso coração petrificado.  Aclara, Senhor, nossa visão, obscurecida pelas ilusões mundanas. Abre nossa mente, Senhor, para que possamos compreender a sublimidade da Eucaristia. Tende piedade de nós, Senhor, pela nossa indiferença na fila da Comunhão.  Aproxima-nos, Senhor, do sacramento da Penitência, para que possamos Te receber com a casa limpa, livre das imundícies que todos os dias deixamos agregar à alma.  Não permitais, jamais, Senhor, que Te recebamos indignamente. Piedade, Senhor, piedade de nós e da humanidade inteira.  Te adoramos na Eucaristia e imploramos, por intercessão de Maria, que o Pão do Céu seja para nós SEMPRE:  alimento espiritual, remédio para a alma,  força na luta contra o mal, consolo nas tribulações e  proteção constante na caminhada terrena. Amém!

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Santa Luiza de Marillac ( 1591-1660)

 

Luiza de Marillac nasceu em Paris a  12 de agosto de  1591.  Muito jovem ainda, teve o pesar de perder a mãe. O pai, Luiz de Marillac, senhor de Ferrières, proporcionou-lhe uma educação esmeradíssima e  eminentemente cristã, que a preparou para  a  sua missão providencial. 

 

Já se  havia dedicado à prática de  uma  vida toda de  caridade, quando um dia lhe escreveu São Vicente de Paulo, ao saber  que ela  visitara em Paris, uma pessoa  atacada da peste:  "Nada receieis, Madmoiselle,  Deus quis servir-se de vós para alguma coisa que visa a sua glória e  estou certo de que ele vos conservará para este fim". Visivelmente se realizaram estas  palavras proféticas, pelo posterior  desenvolvimento grandioso da Congregação das Irmãs da Caridade, hoje  conhecida  em  todas as partes do mundo.

 

Em 1613 contraiu matrimônio com Antônio le Gras, secretário da rainha Maria de Médici. Deus deu ao  piedoso casal um filho que,  pelas suas virtudes, mostrou-se digno dos progenitores. Em 1625 a  morte lhe arrebatou o esposo.  Com coração e  resignação cristã,  sofreu este duro golpe, procurando alívio e consolo em Deus, a quem se consagrou inteiramente. Para oferecer a Deus um sacrifício mais perfeito e  assim garantir a  salvação de sua alma, decidiu dedicar-se inteiramente às  obras de caridade, decisão que teve o pleno consentimento do bispo de Belley, seu confessor. Não podendo ele  permanecer por muito tempo em Paris, confiou-a à direção de  São Vicente de Paulo, sobre a pessoa  do qual recebera ótimas informações de São Francisco de Sales.

 

Nas paróquias onde São Vicente de Paulo ou seus missionários pregavam as missões, fundavam confrarias de caridade, que se  recrutavam de piedosas  senhoras, cujo intuito era socorrer os pobres enfermos. São Vicente, vendo que era necessário dar a este movimento uma organização bem orientada, confiou a Luiza de Marillac a  missão de inspetora.  A piedosa senhora não só aceitou esta incumbência, mas dedicou-se à obra com um zelo admirabilíssimo. Os frutos deste trabalho não tardaram a aparecer. A humildade e dedicação da inspetora abriram-lhe os corações, e raros foram os casos de uma ou outra paróquia não querer aceitar-lhe a benéfica colaboração. Em muitos lugares, sua chegada foi festejada com grandes manifestações de  regozijo. No desempenho de sua missão, na nobre propaganda da caridade, se deixou guiar pelo genial apóstolo que era seu confessor. Embora fosse grande o desejo de ambos de  verem as confrarias fundadas e  prósperas todas as  paróquias, nada faziam, se o pároco se  mostrava contrário às suas idéias.  "Cedei,  escreveu São Vicente a  Luiza num caso, em que o pároco se opôs à fundação da confraria - "Cedei;  um só ato de submissão é como um belo diamante, que vale mais que uma montanha de pedras, isto é, de atos inspirados pela própria vontade". 

 

Nas visitas  que fazia às paróquias, Luiza bem depressa teve de convencer-se da dificuldade, se não da  impossibilidade, de acostumar as senhoras, principalmente as da alta sociedade, no serviço de dama de  caridade.  Cada vez mais clara lhe surgiu diante do espírito a  idéia de  fundar uma Congregação religiosa que, com mais ordem, dedicação e independência, pudesse  tomar a seu cargo a  obra de  caridade, como idealizava. Não faltaram elementos utilíssimos para realizar o plano. Em 1633, estava já formada uma pequena  comunidade, composta apenas de  quatro irmãs, com Luiza  como superiora.  Na festa da Anunciação da Santíssima Virgem, do ano de 1634, se consagraram por um voto ao serviço dos pobres e doentes. Esta data tão significativa e  até hoje de grande importância na Congregação das Irmãs de Caridade, sendo neste dia, se renovam todos os anos, os votos que as ligam a  Deus e aos infelizes. 

 

São Vicente de Paulo deu à jovem Congregação uma regra, cujo espírito é mais  uma prova de  alta competência do autor em matéria de  virtude e santidade. Às  filhas dava  como "mosteiro a  casa dos enfermos, como claustro as  ruas da cidade, como clausura a obediência, como grade o temor de Deus, como véu a santa modéstia".   Tiveram como divisa a palavra do Apóstolo "Caritas urget me" - a caridade me obriga. A nova instalação teve um incremento grandioso. 

 

Admirável foi a atividade de Luiza de Marillac. Quem a  conhecia, vendo-lhe o estado de  saúde tão precário, não podia compreender como lhe era possível dedicar-se a uma obra tão trabalhosa. O próprio São Vicente de Paulo  chegou à  dizer às Irmãs, que os últimos vinte anos da vida da Superiora, era um verdadeiro milagre. 

 

Quando em 1652 Paris foi visitada pela peste, Luiza de Marillac socorreu a  14.000 pessoas e  suas filhas  distribuÍram aos pobres o necessário sustento. Outras iam aos subúrbios tratar dos doentes. 

 

A pedido da  rainha Maria Gonzaga, a Congregação estabeleceu-se na Polônia. 

 

Luiza de Marillac via nos pobres e  doentes a pessoa de Jesus  Cristo, tendo em mente a Palavra do Divino Mestre:  "O que fizestes a um destes mais pequeninos, foi a mim que o fizestes".  Igualmente grande era o respeito ao Sumo Pontífice, a quem chamava de "Pai santo dos  cristãos e o verdadeiro tenente de Jesus Cristo".  Firme  na fé, fugia da heresia como da peste.  Cortou relações com a duquesa de Liancourt, sua amiga, por se ter esta deixado trair pela heresia jansenista.  Em outra ocasião, retirou as Irmãs  de um estabelecimento, porque das idéias jansenistas do vigário da paróquia, receava uma influência má sobre a fé das religiosas. 

 

Inspirada pela caridade,  procurava comunicar o mesmo espírito às suas filhas espirituais. Numa antiga crônica da Congregação se lê o seguinte tópico: " Madame tinha tanto respeito e devoção para com os pobres que, desde o início do estabelecimento de caridade, recomendou às suas filhas que os servisse com grande caridade e humildade, considerando-os como seus  senhores e amos;  por isso, queria que se lhes destinasse o "primeiro pedaço de pão  que se cortava para o almoço, e primeira ração de caldo que se servia para o jantar".  Ela mesma punha mãos à obra. Servindo os doentes, lavando-lhes os pés, pensando-lhes as  chagas e tratando-os com todo o carinho. Na visita às aldeias, ela própria  lecionava, para instruir as  professoras que ali constituía.

 

1660, Luiza de Marillac sentiu que sua vida aqui na terra ia findar-se.  A suprema consolação, que desde longos anos pedia a Deus, era de ser assistida no derradeiro momento pelo pai e guia de sua alma, Vicente de Paulo.  Deus não lh'a concedeu. Vicente de Paulo, de 85 anos, também prestes a deixar este mundo, só pode enviar-lhe a bênção e as seguintes palavras: "Madame, ides antes de mim;  espero em breve, rever-nos no Céu".   Ela recebeu a  Comunhão das mãos do vigário de Saint-Laurent, que a acompanhava no seu trânsito. Este, mais uma vez, lhe pediu que abençoasse as suas filhas.  Ela aquiesceu: "Queridas irmãs, disse-lhes ela, (resumindo nesse momento solene, o que havia sido sempre a paixão de  sua vida e o desejo supremo de seu coração), continuo a pedir a sua bênção para vós, e a graça de perseverardes na vossa vocação, a fim de servi-lo de maneira que ele  deseja de vós:  Cuidai bastante do serviço dos pobres e  sobretudo, vivei em  grande união e cordialidade, amando-vos  umas às outras a  fim de imitardes a  união e vida de Nosso Senhor, e  rogai com fervor à Santíssima Virgem, para que ela seja vossa única Mãe".  Acrescentou que morria, tendo em grande estima a vocação delas e que, se vivesse cem anos, não lhes pediria outra coisa que uma absoluta fidelidade a  esta santa vocação.  

 

Um  padre da Missão ocupava-lhe à cabeceira, o lugar de  Vicente de Paulo, não a deixando um instante. Ele  lhe ministrou a indulgência da  boa morte. Pelas 11 horas, ela fez baixar as  cortinas, como para se recolher e, desde então, não falou mais. Meio quarto de hora após, entregava docemente a  alma a Deus. Era segunda-feira, 15 de março de  1660. O vigário de Saint-Laurent, de sua paróquia, a quem ela fizera confissão geral, achava-se presente;  não pôde  deixar de exclamar, cheio de admiração: "Oh! que bela alma, leva consigo a graça do batismo!". 

 

Os funerais  foram muito simples.  Era necessário conformar-se à vontade expressa pela piedosa fundadora, que não lhe tributassem maiores honras que às Irmãs. "Agir de outra forma, dissera ela, seria declarar-me indigna de  morrer  como verdadeira  Irmã de caridade, embora não estime  nada de mais  glorioso que essa qualidade".  Foi inumada na igreja de Saint-Laurent, na capela da Visitação.  Os despojos mortais foram transferidos, mais tarde, para a capela da casa matriz das Irmãs de Caridade, 140, rue du Bac, Paris, onde hoje repousam. É esta a capela que foi honrada, em 1830, com a aparição da Santíssima Virgem e com a manifestação da Medalha Milagrosa. 

 

A mais preciosa deposição no processo de beatificação de Luiza de Marillac, será sempre o elogio que dela teceu São Vicente, em duas conferências feitas diante das Irmãs de Caridade, poucos dias depois da morte da Santa, conferências que ele quis proferir, apesar de sua enfermidade. 

 

Nestas  conferências, São Vicente louvou particularmente a  prudência sem par de Luiza de Marillac, a sua caridade e pureza.  Disse, entre outras coisas:  "Há pouco,  refletindo diante de Deus, eu dizia: Senhor, quereis que falemos de vossa Serva, pois é obra de vossas mãos;  e perguntava a mim mesmo:  Que viste nela, neste 38 anos que a conheceste, que viste nela?  Veio-me à memória a reminescência de  alguma sombrinha de  imperfeição;  mas, de pecado mortal, oh! nunca, nunca! Era uma alma pura em tudo, pura na mocidade, pura na viuvez.  Tínheis sob os olhos, minhas filhas, um belo modelo: Ei-la agora no Céu.  Lá, vossa boa mãe, não será menos bondosa para convosco que na terra.  Conquanto não se deva rogar publicamente aos mortos que ainda não foram canonizados, pode-se fazê-lo em particular;  por conseguinte, podeis  perfeitamente pedir a Deus graças pela sua intercessão".  

 

Beatificada pelo Papa Benedito XV, em 1920, foi elevada à suprema honra dos altares a  11 de março de 1934 pelo Sumo Pontífice Pio XI. 

 

Reflexões:

 

Quando  os sectários de  todos os  tempos,  e também os  negadores de Deus, querem ferir a Igreja Católica, focalizam seu ódio ao Papa;  e quando querem chasquear o que há de mais  delicado e comovente no heroísmo cristão, tomam por emblema a Filha da Caridade. Mas aqueles que se gloriam da divisa do filho de Deus, enchem-se de admiração diante daquela figura cândida, que representa um exército de bondade. 

 

O  comunismo,  cuja fogueira apagou-se em tempos recentes,  deixou rastros de grandes destruições, e dele  restam hoje apenas algumas brasas fumegantes, que tentam inutilmente reerguer-se em fogo. A tão divulgada  "partilha comunista", imposta de cima para baixo e atéia na sua dialética blasfematória, finalmente implodiu.  Insultaram os fiéis, afrontaram a Igreja, ultrajaram a Deus.  Sua propaganda fragorosa, disseminou a  fome, o extermínio, a  perseguição, a morte;  deu pedras a  quem lhe pedia pão.  As obras de São Vicente, de Santa Luiza de Marillac, de Frederico Ozanam, ao contrário, atravessaram os séculos com imponência e luta sem tréguas.  Transpuseram com galhardia os tristes períodos históricos, sempre resplandecendo com raios de um sol fecundo de vida e de graça.   Eis a  diferença entre a partilha mentirosa e a verdadeira caridade. Caridade que brota de baixo para cima, de irmão para irmão, de coração para coração.  

 

Não só as Filhas da Caridade, mas a cada católico, o Supremo Pastor das almas apresenta esta grandiosa mulher, apóstola daquela  virtude que ainda hoje de todas as outras, é a mais necessária:  A Caridade que emana do coração que vive da luz do Espírito Santo e do Redentor;  mas caridade ardente, operosa, ativa, real, perseverante, tal qual descreve São Paulo na sua Epístola aos Coríntios:  "A caridade é paciente, é benigna, não é invejosa, não é temerária , não se ensoberbece; não é ambiciosa, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre" (1 Cor 13, 4-7)

 

Caridade! Pratiquemos a caridade como o Divino Redentor a praticou; como a praticaram São Vicente de Paulo, Santa Luiza de Marillac, glorificando a Deus e  vindo em auxílio ao pobre, ao necessitado, ao atribulado. Não pode haver afirmação mais prática e  sensível do nosso amor à Igreja e da nossa cooperação ao Reino de Cristo.

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Santa Maria Madalena de Pazzi (1566-1607)

 

Santa Maria  Madalena de Pazzi, filha de pais ilustres, modelo perfeito de vida e   santidade,  nasceu em Florença  no ano de  1566 . No batismo  foi chamada Catarina,  nome que no dia para a entrada no convento foi mudado para  Maria  Madalena.  É uma das eleitas do Senhor, que desde  a  mais tenra infância dera indícios indubitáveis de futura  santidade.  Menina ainda,  achava maior prazer nas visitas à Igreja ou na leitura da vida dos Santos. Apenas tinha sete anos de idade e já começava a fazer  obras de mortificação. Abstinha-se  de frutas, tomava só duas  refeições por dia, fugia dos divertimentos, para ter  mais tempo para ler  os santos livros, principalmente os  que  tratavam da sagrada Paixão e  Morte de Jesus Cristo. Assim se explica o grande amor a Jesus Cristo, que tantas  coisas  maravilhosas lhe operou na vida. Não tendo ainda a idade  exigida, não lhe  era permitido receber a sagrada  Comunhão. O desejo, entretanto, de  receber a Jesus na sagrada Hóstia era-lhe tão grande, que os olhos se  enchiam de  lágrimas, quando via outras pessoas aproximarem-se da santa mesa.  Com dez anos  fez a primeira  comunhão foi indescritível alegria  que recebeu, pela primeira  vez, o Pão dos  Anjos.  Ela mesma afirmou muitas  vezes que o dia  da Primeira  Comunhão tinha sido o mais belo de sua  vida. Logo depois da Primeira Comunhão, se  consagrou a Deus, pelo voto de castidade  perpétua.  

 

Quando contava  doze anos,  nos seus  exercícios  de mortificações, chegou a usar um hábito grosseiro e dormir  no chão,  a  por  uma coroa  de espinhos na cabeça e a castigar  por muitos modos o seu delicado corpo, manifestando assim o ardente desejo de  tornar-se cada vez mais semelhante ao Divino Esposo.  Quando diversos jovens se  dirigiram aos pais de Maria, para obter-lhe a mão,  ela pôde declarar-lhes: "Já escolhi um Esposo mais nobre, mais rico, ao qual serei fiel até a morte".  Vencidas  muitas dificuldades, Maria conseguiu entrada no convento das Carmelitas em Florença. Após a vestição, se prostrou aos pés da mestra do noviciado e  pediu-lhe que  não a poupasse  em coisa alguma e a ajudasse  a  adquirir  a  verdadeira  humildade. Tendo  recebido o nome de  Maria Madalena, tomou a grande penitente a resolução de  seguir  a  Jesus Cristo na prática de heróicas virtudes. No dia da Santíssima Trindade fez a profissão religiosa com tanto amor, que durante duas horas ficou arrebatada em êxtase.   Estes arrebatamentos repetiram-se extraordinariamente e Deus se  dignou de  dar à sua serva instruções salutares e  o conhecimento de coisas futuras. O fogo do divino amor às vezes ardia com tanta veemência que, para aliviá-la, era preciso que  lavasse as mãos e  o peito com água fria. Em outras ocasiões, tomava o crucifixo nas mãos e exclamava em voz alta: "Ó  amor!  Ó  amor! Não deixarei nunca de vos amar!"  Na festa da Invenção da  Santa Cruz percorreu os  corredores do convento, gritando com toda a força:  " Ó amor!  Quão pouco se vos conhece! Ah! Vinde, vinde ó almas e amai a vosso Deus!"  Desejava ter voz  de  uma força tal, que  fosse  ouvida até os confins do  mundo. Só uma  coisa queria pregar aos  homens:  "Amai a Deus!"  Maior  sofrimento  não lhe podia  ser causado, do que dando  a  notícia  de  Deus ter sido ofendido. Todos  os  dias  oferecia a Deus orações e penitências, pela conversão dos  infiéis  e pecadores e, às Irmãs, pedia que fizessem o mesmo. Na ânsia de salvar almas, oferecia-se a  Deus para sofrer todas as enfermidades, a morte e  ainda os sofrimentos  do inferno,  se  isto fosse  realizável, sem precisar odiar e amaldiçoar a Deus.  Em certa ocasião disse:  "Se Deus, como  a São Tomás de Aquino, me perguntasse  qual prêmio desejo como recompensa, eu responderia: 'Nada,  a não ser a  salvação das almas'  ". 

 

Os dias de  Carnaval eram para Maria Madalena dias de penitência, de oração e  de  lágrimas, para aplacar  a  ira de Deus  provocada pelos pecadores.  

 

Para o corpo era de uma dureza implacável;  não só o castigava, impondo-lhe o cilício, obrigando-o  a  vigílias, mas principalmente o sujeitava a  um jejum rigorosíssimo;  durante  vinte e dois anos teve por único alimento pão e água. 

 

Não menos provada  foi  sua alma;  Deus houve por bem mandar-lhe grandes provações. Durante cinco anos sofreu  ininterruptamente  os mais  rudes ataques de pensamento contra a fé, sem que por isso  se tivesse  deixado levar pelo desânimo.  Muitas vezes  se abraçava  coma imagem do crucifixo, implorando a  assistência da graça Divina. Nos últimos  três anos de vida, sofreu diversas enfermidades. Deus permitiu que nas dores ficasse privada  ainda de consolações espirituais. Impossibilitada de andar era forçada a guardar o leito. Via-se então um fato  extraordinário:  quando  era dado o sinal para a Missa ou Comunhão, ela  se levantava, ia ao coro e  assistia a Missa  toda. De volta  para a cela, caía de novo na prostração e imobilidade.  Quando lhe aconselharam  abster-se da  Comunhão,  declarou ser-lhe impossível, sem o conforte deste  Sacramento, suportar as dores.  No meio dos sofrimentos,  o seu único desejo era: "Sofrer, não morrer".  Ao confessor, que lhe falou da probabilidade de  um fim próximo dos  sofrimentos,  ela respondeu: "Não, meu padre, não desejo ter este consolo, desejo poder  sofrer  até o fim de minha vida". 

 

Quando os médicos lhe comunicaram a proximidade  da  morte, Maria Madalena recebeu os  sacramentos da Extrema Unção e  do Viático com uma fé, que comoveu a todos que estavam presentes como se fosse  grande pecadora, pediu a  todas as Irmãs perdão de suas faltas.  O dia  25 de maio de  1607 libertou-lhe a alma do cárcere  do  corpo. Deus  glorificou-a  logo, por um grande milagre.  O corpo macerado pelas  contínuas penitências, doenças, jejuns  e disciplinas, rejuvenesceu, exalava um perfume delicioso, que enchia toda a  casa.  Cinqüenta e seis anos depois, em 1663, quando se  lhe abriu o túmulo, foi-lhe encontrado o corpo sem o menor sinal de decomposição, percebendo-se  ainda o celeste perfume.  Beatificada  em 1626 pelo Papa Urbano VIII, foi inserta no catálogo dos Santos em 1669, pelo Papa Clemente IX.  

 

Reflexões

 

Maria  Madalena sofreu durante  cinco anos, as mais terríveis  tentações de  desespero, contra a fé e  a pureza;  clamando a Deus por socorro, com a graça   venceu  todas as dificuldades.  Satanás costuma molestar com tais tentações as pessoas que se dedicam ao serviço do Senhor. Diz São Gregório: "Se sois perseguidos por tentações,  não desanimeis. Pedi a Deus a graça e Ele não vos deixará cair. Deus é fiel e não permite  que sejais tentados mais do que  podem as  vossas  forças" (I Cor 10,13).  Oferece-vos a graça, para que possais vencer a  tentação. Além disto, tendes  a vossa vontade, que não pode  ser forçada por ninguém.  "Eis a fraqueza do inimigo" , diz São Bernardo,  "que  não poderá vencer senão àquele, que o consentir. O inimigo pode excitar a tentação, mas de nós depende  consentí-la ou rejeitá-la". 

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Santa Maria Goretti (1890-1902)

 

O Santo Padre Pio XII no dia 24 de julho de 1950 canonizou Maria Goretti, angelical jovem italiana e mártir da castidade aos 12 anos.

Maria Goretti, a Santa Inês do século XX, é um modelo perfeito de amor à virgindade.

 

Em Corinaldo, pequena povoação da Itália, a cinqüenta quilômetros da Ancona, nasceu Maria Goretti, dia 16 de outubro de 1890, sendo seus pais Luís Goretti e Assunção Carlini, que chegaram a educar sete filhos, em meio de dificuldades econômicas de vida. Como bons cristãos sabiam confiar na Providência do Pai celestial, que está no céu.

 

Em busca, de sustento, percorreram vários povoados e aldeias, estabelecendo-se, finalmente, em Agro Pontinho, onde a 6 de maio de 1900, faleceu o pai de nossa heroína.

 

SITUAÇÃO TRÁGICA

 

Naquela situação trágica, Maria Goretti, que apenas contava nove anos de idade, ajudava sua mãe e procurava animá-la, dizendo:

 

-  Coragem, mamãe! a Providência nos guardará!  A  Senhora há de ver como iremos à frente!

 

E a Mãe com o apoio de sua filhinha transformou-se em a mulher forte da Sagrada Escritura.

 

Após um ano que o pai havia falecido, conseguiram colher 300 quintais de trigo e 96 de favas, mas ao fazer as contas viram que faltavam 95 liras para pagar as dívidas.

 

Nas circunstâncias de penúria e miséria em que viviam, ainda em vida de seu marido, para que pudessem vencer as dificuldades financeiras, uniram-se com a família Serenelli, composta do pai viúvo, chamado João, com sessenta anos, e de seus dois filhos, Gaspar e Alexandre.

 

TERRÍVEL BATALHA

 

Dia 5 de julho de 1902, pela tarde, sob um calor sufocante, achavam-se Assunção, mãe de Maria, e Alexandre Serenelli, trabalhando no campo de favas, a guiar dois “barrozze” ou arados puxados por bois.

 

Maria Goretti achava-se, porém, em casa, a costurar uma camisa, como lhe havia pedido Alexandre.

 

Em dado momento, já premeditado, Alexandre vai visitar Maria Goretti, dando qualquer desculpa a sua mãe, para que ficasse sozinha trabalhando com o arado. E assim fez.

 

Com a alma cheia de sensualidade, Alexandre chamou por Maria. E o rapaz já se havia munido de uma barra de aço de uns vinte e quatro centímetros, afiada na ponta como um estilete, e que ele deixara em uma mesa próxima.

 

Maria começou a tremer pois, conforme declarações posteriores do próprio assassino, ele havia tentado seduzi-la duas vezes, e a jovem conseguira escapar de suas garras, enquanto cobria seu rosto cheio de rubor pelas atrevidas propostas que em sua inocência não podia compreender.

 

Alexandre, ao ver que Maria não queria acudir ao chamado, em um abrir e fechar de olhos, a tomou violentamente pelos braços, tapou-lhe a boca com a mão, arrastou-a para dentro, enquanto fechava a porta com um ponta-pé.

 

Diz o Processo Canônico que Maria Goretti, aquela débil menina de doze anos incompletos encontrou forças, para lutar com um leão, somente para defender o tesouro mais querido de sua vida.

 

-         Não!  Não!  É pecado!. . .   Não! . . . Não! . . . Que estás fazendo, Alexandre . . . Irás para o inferno!

 

O MARTÍRIO

 

Diante daquela defesa heróica da jovem mártir, o criminoso agarrou a barra de aço e a cravou repetidas vezes naquele corpo virginal. Maria como uma expressão que enterneceria às próprias pedras, exclamava:

 

-  Meu Deus!  Meu Deus! . . .  Estou morrendo . . .  Mamãe! . . .  Mamãe! . . .

 

Alexandre pensou que ela estivesse morta; Maria, porém, que ainda vivia, começou a pedir socorro a João, o pai do assassino.

Então Alexandre em seu furor diabólico, apertou a garganta da virgem cristã, desferindo novos golpes com a arma homicida, deixando-a novamente como estivesse morta.

 

Maria conseguira a maior batalha de sua vida: conservar a virgindade!

 

Acudiram logo Mário e Tereza Cimarelli e outras testemunhas, e até a própria mãe da vítima.

 

-         Maria, minha filha que aconteceu? Quem foi . . .  Diga-me, diga-me exclamou sua mãe, surpreendida e emocionada.

-         Foi Alexandre!

-         E por que fez isto?

-         Ele queria fazer coisas más, e eu não quis e não deixei.

 

E o criminoso, poucas horas depois, era levado à prisão, entre os gritos furiosos dos vizinhos, que o queriam linchar.  A pobre vítima ficou quase despedaçada.

 

Conforme o documento da autópsia, tinha quatorze feridas, nove das quais eram profundas em lesões do coração, pulmão esquerdo, do diafragma, do intestino delgado, do ilíaco, do mesentério. Foi um verdadeiro milagre viver, ainda vinte quatro horas!

 

Levaram-na para o Hospital dos Irmãos de São João de Deus, em Nettuno.

 

Os médicos tudo fizeram para salvar aquela vida, a sofrer duas horas de verdadeiro martírio, enquanto durou a laparotomia, único recurso, porque não lhe foi possível aplicar anestesia, devido seu estado não o permitir.

 

Naquela mesma noite, Maria foi inscrita na Congregação das Filhas de Maria osculando a medalha com verdadeira alegria, em meio à dor que queimava os débeis membros daquela terna açucena.

 

ALMA HERÓICA

 

Na manhã seguinte, domingo, 6 de julho, recebeu a Sagrada Comunhão. Foi comovente a cena que se passou. A sua mãe perguntou-lhe:

 

-         Maria, minha filha, você perdoa de todo coração ao seu assassino?

-         Sim, perdôo . . . Lá do Céu rogarei para que se arrependa. Ainda mais: quero que ele esteja junto de mim na eterna glória.

 

O sacerdote que assistia aquela cena, perguntando também, se Maria perdoava, recebeu as mesmas respostas, e comovido derramou ardentes lágrimas de consolo.

 

E a verdade é que Maria conseguiu seu intento, porque no Processo Canônico para a beatificação aparece entre as primeiras testemunhas, Alexandre Serenelli, disposto a não afastar nenhuma humilhação de sua própria pessoa, com tal que fosse para a glória de sua vítima e hoje sua protetora no Céu.

 

E aquela fragrante açucena deixou de existir às 15,45 do dia 6 de julho de 1902. O seu enterro não foi um funeral, mas, sim, um verdadeiro triunfo!

 

Os restos mortais dessa humilde camponesa italiana repousavam desde 1926 no belo mausoléu de Zaccagnini, erigido para ela no Santuário de Nossa Senhora das Graças, em Nettuno.

 

O AGRESSOR - PRISÃO, CONVERSÃO, INGRESSO NO MOSTEIRO 

 

Alexandre Serenelli,  preso logo após a violenta investida,  foi julgado e  condenado a trabalhos forçados e cumpriu 30 anos de pena, quando recebeu o perdão por sua boa conduta.  Ele próprio declarou ter tido uma visão da  mártir, fato que culminou em sua conversão.  A mãe, os  irmãos e  o próprio assassino puderam assistir em 1950 a solene canonização de Santa Maria Goretti na Praça de São Pedro, então  presidida pelo Papa Pio XII.

Em 1936,  Alexandre Serenelli ingressara num mosteiro capuchinho e lá viveu o resto de seus dias como frade contemplativo, em vida santa e penitente. Ele próprio, sentindo a aproximação da morte,  escreve de punho um belo e comovente testemunho: 

 

"Sou um ancião de quase oitenta anos e estou pronto para partir. Dando uma olhadela ao meu passado, reconheço que na minha primeira juventude escolhi o mau caminho, o caminho do mal que me levou à ruína. Via, através da imprensa, os espectáculos e os maus exemplos que a maioria dos jovens seguem nesse mau caminho, sem refletir. E eu fiz o mesmo sem me preocupar com nada. Tinha perto de mim pessoas que criam e viviam a sua fé, mas não reparava nisso, cego por uma força selvagem que me arrastava para o mau caminho. Quando tinha vinte anos, cometi um crime passional, que hoje fico horrorizado só em recordar. Maria Goretti, agora uma santa, foi o anjo bom que a Providência pôs no meu caminho. Ainda tenho impressas no meu coração as suas palavras de reprovação e de perdão. Ela rezou por mim, intercedeu por mim, seu assassino.

 

Depois, vieram 30 anos de cárcere. Se não fosse então menor de idade, teria sido condenado a prisão perpétua. Aceitei a sentença que merecia, expiei com resignação a minha culpa. Maria [Goretti] foi realmente a minha luz e a minha protetora; com a sua ajuda, portei-me bem e tratei de viver honestamente quando fui novamente aceito entre os membros da sociedade. Os filhos de São Francisco, os capuchinhos de le Marche, receberam-me no seu mosteiro com a sua angélica caridade, não como um criado, mas como um irmão. Com eles convivo desde 1936.

 

Agora estou serenamente à espera de ser admitido à visão de Deus, abraçar de novo os meus entes queridos, estar junto do meu anjo protector e da sua querida mãe, Assunta.

 

Desejaria que os que vierem a ler estas linhas aprendessem o estupendo ensinamento de evitar o mal e de seguir sempre o bom caminho, desde a infância. Pensem que a Religião, com os seus mandamentos, não é algo que possa pôr-se de lado, mas sim o verdadeiro consolo, a única via segura em todas as circunstâncias, também nas mais dolorosas da vida. Paz e bem!"

 

Reflexões:

 

Se a imprensa e os espetáculos da época,  conforme atestou Frei Alexandre, foi causa de tanto dano aos jovens que lhe foram contemporâneos, isso há mais de 100 anos atrás,  que dizer da imprensa hoje, representada por vasto leque, desde os meios escritos, radiofônicos, televisivos até os do mundo virtual,  que tanto lixo lança em nossos lares diariamente?  Não é à toa que o Santo Padre sofre tantas investidas quando reafirma a posição da Igreja contra o sexo antes do casamento, prostituição, aborto e métodos contraceptivos;  hoje a apologia a métodos e convenções pecaminosas fazem parte da rotina e os profissionais da imprensa, especialmente seus dirigentes são os primeiros responsáveis e, por seus atos, certamente prestarão contas no dia do Juízo. Sobre isto, lembremo-nos o que diz o Divino Mestre:  

 

"Porque, a quem muito se tiver dado, muito lhe será exigido; quanto mais se confia a alguém, mais dele se exigirá." (Lc 12, 48)

 

"Ai do mundo, por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai daquele homem por quem vem o escândalo." (Mt 18, 7)

 

A inocência das crianças parece hoje comprometida e a nossa inércia, apatia ou aprovação, nos torna  co-responsáveis. Se participamos desse concluio coletivo,  terreno e carnal e aceitamos, difundimos ou não usamos do rigor necessário com nossos filhos impondo-lhes limites, comprometemos a salvação de toda a família.  Do embalo sucessivo das ondas do mundo não nos devemos agremiar,   mas lutar com todas as forças e tendo por referência a doutrina e os ensinamentos da Santa Igreja,  de política impopular e cuja voz é doída aos ouvidos, porque baseada na verdade que conduz à salvação da alma.   Já,  a voz do mundo, é gostosa de ouvir, porque enaltece o ter, o poder, o prazer, enfim a "liberdade" na sua máxima expressão que conduz à perdição eterna, ao inferno.  É, portanto, hora de reflexão e conversão, pois que ninguém sabe se amanhã o coração estará ainda batendo ao peito. 

 

O único e verdadeiro tesouro que os pais deixam aos filhos são os ensinamentos da Santa Religião. Afinal, eles garantem a eternidade,  garantem que um dia nossa família estará TODA REUNIDA,  com Maria, anjos e santos, na morada eterna de Deus. 

 

A história do Frei Alexandre Serenelli nos mostra quão grande é a misericórdia divina ao pecador que se arrepende. Pagou sua dívida perante os homens e dedicou anos de mosteiro em vida de duras penitências e extrema santidade. 

 

Que Santa Maria Goretti, portadora do perdão e da caridade cristã, de pureza em grau elevadíssimo, interceda por todos nós, especialmente pelas crianças, adolescentes e jovens, e que a sociedade reencontre a santidade, a candura, o verdadeiro amor, que ensina a doutrina da Igreja de Cristo.

Beata Maria Nazarei (1235-1320).PNG

Beata Maria Nazarei (1235-1320)

 

Mattia, nascida no ano de 1235 em Matelica,  nas Marcas - Itália, pertencia à família nobre De Nazarei.  Cresceu rodeada dos amorosos cuidados familiares, que fizeram tudo para prepará-la para um brilhante porvir.  Seu pai, sonhava para ela um matrimônio digno de sua categoria.  Porém,  um fato inesperado transtornou todos os seus planos. O exemplo das  duas santas irmãs Clara e Inês de Assis também se repetiu em Matelica. Um dia Mattia sem avisar a ninguém, fugiu de casa e foi bater às portas do mosteiro de Santa Maria Madalena das  Irmãs Clarissas, pedindo à abadessa que a recebesse entre suas co-irmãs.  Esta a  fez notar que isto era impossível sem o consentimento de seus pais. Pouco depois o pai e alguns parentes irritadíssimos irromperam no mosteiro decididos a levá-la de novo para casa à força. Porém,  tudo foi inútil. O pai foi vencido pela insistência da sua filha, que assim pôde realizar seu sonho de  seguir a Cristo pelo caminho da perfeição. Tinha dezoito anos quando começou o noviciado e  antes da profissão, distribuiu parte de seus bens aos pobres e  parte reservou para urgentes trabalhos de restauração do mosteiro. 

 

Atrás de seu exemplo, outras moças a  seguiram pelo caminho da vida evangélica que haviam traçado São Francisco e Santa Clara. Depois de oito anos de  vida religiosa foi eleita abadessa unanimemente.  Durante quarenta anos Mattia foi a zelosa superiora das Clarissas,  iluminada guia espiritual e  ao mesmo tempo sagaz administradora. Possuía as qualidades aparentemente contraditórias de  uma grande mística e de uma sábia organizadora.  Confiando na divina Providência, com ofertas da população e de sua família, reconstruiu desde os fundamentos da igreja até o mosteiro.

 

A vida interior da Beata Mattia se modelou sobre a Paixão do Senhor. Por muitos anos todas as  sextas-feiras sofreu dores e  numerosos arroubamentos. Foi uma mulher de governo que as virtudes contemplativas unia às virtudes práticas.  Se manteve também em contato com o mundo, sabendo dizer uma palavra de consolo, ajuda e exortação aos muitos que ajudava na medida das possibilidades e ainda a indigentes e pobres.  Um menino estava a  ponto de morrer como conseqüência de uma queda. A mãe, desesperada, o levou à Beata Mattia que, depois de rezar o tocou com a mão e o restituiu são e salvo à sua mãe. E se contam dela muitos outros prodígios.

 

Em 28 de dezembro de 1320, depois de ter exortado e abençoado pela última vez a suas queridas co-irmãs, morreu serenamente aos 85 anos, deixando atrás de si uma doce recordação, que logo se transformaria em culto, o qual confirmaria Clemente XIII,  ao beatificá-la em 27 de julho de 1765.

 

Corpo incorrupto e os traslados

 

Quando Mattia morreu, um amplo raio de luz envolveu seu corpo, iluminando todo o convento. Ela desprendia um perfume de  incrível doçura, que enchia o ar ao seu redor.  Isso correu entre o povo e seus compatriotas foram contemplá-la mais uma vez para cortar pedaços do tecido de sua túnica.  Ocorreram muitos milagres e  muitos enfermos se curaram.  Ainda que a opinião  fosse contrária, as irmãs acharam mais prudente enterrá-la num local distanciado, mas o povo protestou e pediram que a colocassem num lugar mais acessível, onde todos pudessem expressar sua devoção.  

 

Primeiro translado

 

As  irmãs, então,   pediram às autoridades religiosas permissão para exumá-la, sob a direção de um médico de Camerino,  o Dr. Bartolo.  Dezoito dias depois da  sua morte, o corpo de Mattia estava incorrupto e exalava suave perfume. Dr. Bartolo, segundo o costume da  época, quis embalsamá-la, mas ao ver que, ao primeiro corte, saía sangue líquido em abundância, se deteve e exclamou: "Que milagre é este! Creio que nunca se viu a um corpo morto sangrar tão abundantemente como se estivesse vivo, depois de ter sido enterrado tantos dias.  A esta podemos chamar realmente santa, pelos milagres que fez em vida e, Deus o queira, fará depois de morta".  

 

Dali o corpo de Mattia foi colocado em uma elegante urna, ao lado da epístola do altar maior,  um pouco elevada do solo,  com uma grade frontal.  

 

Segundo translado

 

Ao longo de dois séculos, sua fama estendeu-se além dos limites da sua cidade e  um número cada vez maior de peregrinos vinham de todas as partes para render homenagens. Em 1536,  com o fim de dar-lhe um lugar de maior privilégio em sua igreja, se trasladou a urna de Mattia de sua posição original.

 

Terceiro translado

 

Em 22 de dezembro de 1758 a  colocaram sob o altar de Santa Cecília, que é o atual altar lateral direito da Igreja.  Seu corpo incorrupto permaneceu sempre em sua igreja, desde 15 de janeiro de 1320, com exceção de poucos dias, de 6 de outubro a 31de dezembro de 1811, quando a soldadesca napoleônica o sacou sacrilegamente de  seu altar e o levou  a Macerata.  Naquela ocasião esteve exposto à intempérie, pelo que a umidade e outros elementos nocivos puseram em marcha um processo de deteriorização.  Em 1973, o Pe.  Antônio Ricciardi, OFMConv., ocupou-se do delicado trabalho de desinfecção e conservação do corpo da Beata, pondo fim ao processo destrutivo e evitando danos posteriores a  sua carne e a seus ossos.  Por último, a Beata Mattia foi colocada em uma urna nova e mais bonita.  

 

O humor sanguíneo - pesquisas

 

Em 1536, durante o segundo traslado, começou a brotar do corpo de Mattia um suor avermelhado, que as clarissas trataram de secar em vão com panos de linho. Seu corpo e suas relíquias ainda emitem dito líquido. 

 

Em 1756, 437 anos depois de sua morte, se abriu a causa para um reconhecimento legal, e um suave perfume se desprendeu de seu corpo ainda incorrupto. Em 1758, durante o terceiro traslado, a Beata Mattia suou de novo sangue, empapando muitas toalhas. Seu corpo foi examinado mais de uma vez nos anos seguintes, porém, sempre na presença de autoridades eclesiásticas e médicos forenses. Em cada ocasião o fluido  sangüíneo impregnou toalhas, trapos e inclusive a touca de Mattia e seu hábito.  Estes preciosos panos, empapados de seu humor sanguíneo e cortadas em pedaços minúsculos, ainda se distribuem como relíquias. E de suas manchas já secas,   algumas vezes brotou o líquido avermelhado.  

 

O Instituto de Medicina Legal da Universidade de Camerino atestou em 1972 que "as manchas presentes nos restos, com toda certeza, são de sangue,  um pouco envelhecida". 

 

Milagre recente - cura de câncer

 

Em 1987 constatou-se a cura milagrosa de um farmacêutico e doutor napolitano, Alfonso de D'Anna. O diagnóstico do Instituto Pascal de Nápoles, confirmado pelo Instituto Nacional de Tumores de Milão, era carcinoma, um tumor maligno.  Em 6 de março de 1987 tinha que iniciar o tratamento de quimioterapia, porém a Beata Mattia apareceu em sonhos à senhora Rita Santoro, da ordem Franciscana Secular e Ministra da Fraternidade de Santa Maria Francisca de Nápoles. A senhora Rita então não conhecia o Dr. D'Anna, porém, a Beata Mattia lhe proporcionou informações detalhadas, para que pudesse identificá-lo. A senhora Rita tinha que dar-lhe uma de suas relíquias e o azeite bento de sua lâmpada, que arde sempre em seu convento, e que as clarissas oferecem aos fiéis em pequenos frascos.

 

Em 7 de março de 1987, o Dr. Alfonso D'Anna dirigiu-se à sua farmácia, para retomar o trabalho. As revisões periódicas estiveram precedidas, muitas vezes, por um forte odor de jasmim, como havia predito o sonho, e confirmaram a incrível e completa cura do Dr. D'Anna. 

 

A última revisão, um TAC realizado no hospital Cardarelli de Nápoles, confirmou a perfeita ventilação de seus pulmões e a ausência de lesões tumorais. 

 

Toda a documentação foi posta à disposição das autoridades eclesiásticas, a fim de proceder a canonização da Beata Mattia. 

 

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Beata Narcisa de Jesus (1832-1869)

 

Nasceu em Nobol (Guayas), em 29 de outubro de 1832;  morreu em Lima - Peru, em 8 de dezembro de 1869, aos 37 anos de Idade. Seus pais: Pedro Martillo Mosquera e Josefina Morán. 

 

Muito cedo morreu sua mãe, assumindo a  responsabilidade do lar Narcisa, cuidando de seus irmãos.  

 

Conta-se que Narcisa faleceu em odor de santidade, em sua cela do Patrocínio das irmãs dominicanas de Lima. Quando a superiora abriu a porta, o quarto projetava uma luz esplendorosa e se aspirava um agradável perfume sobrenatural.  O corpo de Narcisa irradiava luzes e resplendores intensos,  sinal do bem-aventurados;  e, esse perfume - testemunho - de suas virtudes heróicas.  

 

Seu sobrinho neto Miguel Martillo, foi incumbido de trazer seu corpo de Lima ao Equador,  em 30 de abril de 1955, a 86 anos de seu falecimento;  permaneceu 17 anos no templo de São José de Guayaquil, dos padres jesuítas.  O povo de Nobol a  reclamou por muito tempo a sua "filha ilustre", conseguindo que Roma concedesse o traslado em  6 de dezembro de 1972,  às vésperas de cumprir 103 anos de falecida. Em sua terra natal descansa em sua cripta-santuário, permanecendo seu corpo incorrupto até o momento, tal como milagrosamente se mantém desde a data em que faleceu.  

 

Narcisa de Jesús Martillo Morán, se distinguiu pela sua generosidade e entrega sem limites a  um ideal de amor, seguindo o exemplo e  caminho de santa Mariana de Jesus Paredes e Flores, sua compatriota,   tomando-a como guia e modelo de oração, amor e penitência. Foi solidária e fervorosa com os seus; modesta e simples mulher de classe humilde, levou uma vida pobre, cheia de sacrifícios. A popularidade da angelical donzela, cresceu internacionalmente. A Igreja Católica, mediante o Congresso Especial de Teologia, depois de um longo processo, concluiu a sobrenaturalidade de  alguns favores recebidos por meio de Narcisa;  logo, resolveu beatificá-la, porque em anos anteriores se declararam suas "VIRTUDES HERÓICAS".  Então, foi elevada à honra dos altares pelo Papa João Paulo II, em Roma,  domingo, dia 25 de outubro de 1992.  

 

Depois da beatificação de Narcisa, foi apresentada como modelo de virtude, especialmente para tantas mulheres que emigram do campo à cidade em  busca de trabalho e sustento.  

 

Assistiram cerca de 3.000 equatorianos; a delegação oficial do Equador foi presidida por Alberto Dahik,  Vice-presidente da República;  acompanharam o chanceler Diego Paredes;  o Prefeito de Guayaquil, León Febres Cordero;  e outras personalidades civis e eclesiásticas. No Equador,  fazenda São José (Nobol) lugar onde nasceu Narcisa, se realizaram atos religiosos presididos pelo Núncio Apostólico Francesco Canallini, às 10:00 hs do dia 26 de outubro de 1992.  Assistiu o Presidente da República Sixto Durán Ballén e milhares de católicos de todo o país e  de outros lugares do mundo. 

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Beata Osanna de Mântua (1449-1505)

 

As informações que temos da Beata Osanna de Mântua é derivada de dois contemporâneos que a  conheceram e escreveram imediatamente depois de sua morte. Uma das biografias foi lavrada pelo mestre da Ordem Dominicana e  por um Teólogo muito notável,  Silvestre de Ferrara (1505) e outra (1507) pelo monge Jerome de Olivetan (beneditino reformado) que, nos últimos anos da vida de Osanna, tornou-se seu confidente e guia espiritual. Sua biografia consiste pela maior parte em registro detalhado de conversações Osanna com seu diretor espiritual.  Jerome diz que Osanna era muito relutante, mesmo com ele, em que confiava completamente, para falar de suas experiências espirituais;  mas descreve repetidamente  como ele paciente a manteve, mediante questionamentos e busca de informações que guardou para si, cujo fim, como ele diz, servia para suas próprias "consolações espirituais e fonte de inspiração".  Um processo difícil, segundo ele,  pois que Osanna costumava entrar em êxtase cada vez que se começava a falar de Deus.  

 

Nasceu em  1449 em Mântua,  filha de nobres italianos,  Nicolaus e Agnespais.  Diz Jerome que na idade de  cinco ou seia anos, Osanna teve sua primeira experiência mística, uma visão da Trindade,  dos nove coros dos anjos e da criação material, quando Jesus como uma criança da sua própria idade,  carregava uma cruz. Mais tarde,  viu-o outra vez no jardim da casa família entre as videiras. Como entrasse já em êxtase em tenra idade,  tornou-se muito retraída. Os pais incomodavam-se sobremaneira com o seu comportamento e  chegaram a pensar que a filha fosse portadora de epilepsia.  

 

 Ainda durante sua infância acabou perdendo os pais, tornando-se assim responsável pelo lar, cuidando dos irmãos que controlou e educou com grande prudência e responsabilidade, além de manter grande hospitalidade e caridade com os pobres. Não obstante, apesar de todas estas responsabilidades domésticas e caritativas,  passou a experimentar uma vida mística cada vez mais intensa.   Quando ainda vivia seu pai,  ela recusou casamento porque já sentia inclinação para tomar o hábito dominicano e o declarara isso.  Mas, segundo revelação feita a ela, não era momento para fazer profissão, mesmo na Ordem Terceira.  

 

Foi permitido compartilhar os sofrimentos de Cristo pela causa da Igreja e da Itália,  então marcada por rixas e guerras.  Finalmente, quando  tinha 30 anos, recebeu os estigmas em  sua cabeça, depois no lado e em seguida nos pés. Teve também uma visão em que seu coração foi transformado e  dividido em quatro partes.  A Paixão de Cristo era sentida intensamente nas quartas e nas sextas-feiras. Em seu caso, os estigmas não parecem ter sangrado, mas apareciam simplesmente como manchas avermelhadas, intensamente dolorosas. Manteve-os escondidos de todos, exceto de alguns de seus empregados, mas às vezes a  dor nos pés eram tão grandes que a impossibilitava de andar. Por muitos anos, assim como Santa Catarina de Siena,  viveu quase sem nenhum alimento.  No discurso dessas matérias,  pediu ao seu diretor espiritual que guardasse absoluto segredo. 

 

Entretanto, sua fama acabou espalhando-se entre a população porque algumas vezes foi vista em público, em êxtase profundo. As visitas e conselhos espirituais tornaram-se constantes, resultando na oposição considerável dos frades dominicanos de Mântua que, entretanto,  cessaram as críticas quando souberam que um dos seus, Dominic de Crema,  mantinha  o registro de todas as  experiências espirituais de Osanna,   que infelizmente perderam-se após sua morte.  

 

Faleceu santamente, de causas naturais em 18 de julho de 1505. Foi beatificada pelo Papa Leão X e  é invocada como patrona das  meninas estudantes. 

 

Seu corpo incorrupto encontra-se em exposição sob o altar de Nossa Senhora do Rosário na catedral de Mântua, Itália. Em 1965 seu corpo foi examinado interiormente e  exames profundos determinaram bom estado de preservação (após 460 anos).

 

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Beato Sebastião de Aparício (1502-1600)

 

Nasceu em Gudinha Galícia (Espanha) em 20 de janeiro de  1502. Quando criança contagiou-se por ocasião de uma epidemia. Os enfermos eram obrigados a  viver apartados  e  sua mãe o levou a  uma solitária choupana.  Ali uma loba o mordeu e  com a  hemorragia curou-se a  enfermidade. Desde então teve um especial amor e  influência com os  animais.

 

Lhe agradava a  vida do campo por sua paz e contato íntimo com Deus. Ainda que não tivesse ido à escola, nem aprendido a  ler ou escrever, desenvolveu muitas habilidades úteis: construção de  edifícios e fabricação de carros, cultivo, toda classe de  trabalho rural, etc.  Pastoreou as  ovelhas de  seu pai até a idade de 20 anos, quando se foi como mordomo em uma fazenda situada  em Salamanca que pertencia a  uma jovem viúva, formosa e rica. Ela enamorou-se dele.  Para não cair na tentação, Sebastião deixou o lugar e  foi á Zafra, para trabalhar em outra fazenda ao serviço de Pedro de Figueroa, parente do duque de Feria. Porém ali, uma das filhas do dono também começou a rondar-lhe. Voltou a mudar-se, desta vez a Saluncar de Barrameda, onde partiam os barcos para a América. Trabalhou ali sete anos com bom salário e  pôde enviar às suas irmãs o dote  que se costumava recolher para o matrimônio.  Porém, nesse lugar, foi outra vez  assediado por moças. Quando a filha do seu patrão passou a lhe assediar em namoro, decidiu  embarcar para a América, onde viveria o resto de sua vida.

 

Desembarcando em Puebla, México, recém-fundada, Sebastião pôs seus diversos talentos em bom uso. Lhe ajudaram inicialmente sua avantajada força física. Havia grande escassez de carros de carga animal.  Ele fundou uma empresa onde os  construía e  fazia transportes.  Ajudou também a  construir estradas  já que por Puebla passava o tráfego entre Vera Cruz e a  cidade do México. Auxiliava aos  índios e  aos pobres, ensinando-lhes suas artes.

 

Em 1542 Sebastião se muda para a Cidade do México com a finalidade de  fundar uma empresa de  carros maior.  Abriu o primeiro caminho de carros a  Zacatecas, empreendimento audaz não só pela distância mas porque atravessava região habitada por índios Chichimecas, então temidos e perigosos. Durante dez anos transportou viajantes e mineiros das minas Zacatecas à Casa da Moeda do México. Em certa ocasião foi assaltado, enquanto transportava mercadorias,  por um bando de índios Chichimecas que inicialmente não reconheceram a Sebastião. Porém, quando deram-se conta disso imediatamente o liberaram. “Tu tens sido sempre como um bom pai conosco – disseram – A ti, não faremos dano”.

 

Com a  idade de  50 anos, depois de  18 anos, se retira do comércio das estradas e  se estabelece em uma fazenda em Tlalnepantla, próximo à Cidade do México. Pelos bens  que havia ganhado com seu trabalho o chamam “Aparício, o Rico”. Em Chapultepec, nos arredores do México,  adquire uma fazenda de criação de gado. Sem embargo, vivia com impressionante simplicidade:  não tinha cama, mas dormia em um estrado , comia as  mesmas refeições dos índios e  vestia-se humildemente. Utilizava seus recursos para fazer de sua fazenda um centro de misericórdia para todos. Os trabalhadores de sua fazenda eram tratados com todo respeito, como amigos. A vários arrendatários, lhes escriturou terras para que formassem suas próprias propriedades rurais. Enquanto era comum que os fazendeiros tivessem muitos escravos,  só tinha um e este era tratado como um filho, até que acabou concedendo-lhe a liberdade. Porém,  o escravo sentia-se tão bem junto a Sebastião que continuou ali como seu empregado.

 

DOIS MATRIMÔNIOS

 

Em Chapultepec contrai uma enfermidade muito grave e  recebe os últimos sacramentos. Recuperada a saúde,  lhe recomendam que se case e encomenda de fato a Deus, com muita oração, a possibilidade de  casar-se. Finalmente, aos 60 anos, em 1562, casa-se com a filha de  um amigo vizinho de Chapultepec na igreja dos franciscanos de Tacuba,  vivendo com sua esposa vida virginal. Seus sogros pensavam em buscar a anulação do matrimônio, quando a esposa acaba morrendo no primeiro ano de casados.  Aparício, depois de  entregar a seus sogros 2.000 pesos como dote,  retorna a Atzcapotzalco.

 

Ali contraiu um segundo matrimônio aos 67 anos.  Foi também este um matrimônio virginal, como Sebastião o assegura em cláusula do testamento de então:  “Para maior glória e  honra de Deus declaro que minha mulher permanece virgem, como a recebi de seus pais, porque me  casei com ela para ter algum privilégio em sua companhia, por achar-me muito só e  para ampará-la e servi-la em minha fazenda”. Ela também morre antes  de  completar-se um ano em um acidente, ao cair de uma árvore enquanto recolhia frutas. Aparício a quis muito, como também a sua primeira esposa, e delas dizia muitos anos depois que “havia criado duas pombinhas para o céu,  brancas  como a neve”.

 

VIDA RELIGIOSA

 

Seu confessor lhe recomenda que ajude as irmãs clarissas que estavam passando miséria.  No ano de 1573 cede às clarissas todos os seus bens, que ultrapassavam cerca de 20.000 pesos,  ficando com 1000 pesos somente, como lhe pediu o  confessor por precaução, se não perseverasse. Passou ele  a servir-lhes na qualidade de porteiro.

 

Em 09 de junho de  1574, aos 72 anos de  idade, recebe o hábito franciscano no convento do México.  Dá, desde o início, grande exemplo de humildade,  fazendo qualquer serviço com prontidão. Sofre muito,  em parte pelo trato dos jovens do noviciado e  porque seus superiores, ao vê-lo tão velho, não se decidem em deixar-lhe professar.  Por fim, aos 73 anos de idade, em 13 de junho de 1575 recita a  solene fórmula:

 

«Eu, frei Sebastião de Aparício,  faço voto e prometo a Deus viver em  obediência, sem coisa alguma própria e castidade,  viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, guardando a Regra dos Frades Menores ».

 

E um frade firma por ele, pois é analfabeto.

 

Por aquele convento passou outro franciscano chamado por deus a ser mártir no Japão: São Felipe de Jesus.

 

ESMOLER

 

O frade ancião vai ao seu primeiro destino caminhando 30 KM ao leste de Puebla. É o convento de Santiago de Tecali. Ali é o único irmão leigo e serve nos trabalhos mais humildes. Logo o chamam de volta a Puebla, onde o intenso trabalho dos frades requer um bom esmoler. Sua fórmula era: "Te guarde Deus, irmão. Há algo que dar, por Deus, a São Francisco?".  Enquanto tanto dava aos pobres muitas vezes sua própria roupa,  repartia dos bens que havia recolhido para o convento. 

 

Disse, quando já ancião, ao seu superior: "Pensa, padre Guardião,  que eu gosto de dormir no campo e  sem coberta?;  não,  mas porque este velho verme deve padecer no corpo, porque se não fazemos penitência, não iremos ao céu". 

 

DEVOTO DA VIRGEM MARIA

 

Percorria a  região com seu hábito franciscano,  Rosário nas mãos,  com o qual sempre caminhava rezando. Em uma festa da Virgem,  chega frei Sebastião ao convento de Cholula no momento da comunhão e se aproxima a comungar.  Quando depois, estando em ação de graças,  se lhe aparece a Virgem. Quando o padre Sancho de Landa se lhe interpõe, lhe diz o irmão Aparício:  "Atenção, atenção,  não vêem aquela grande Senhora,  que desce pelas escadas? Olhem! Não é muito formosa?"  O padre Sancho, não vendo nada, disse: "Estais louco, Sebastião, onde está a mulher?"  Porém, logo compreendeu que se tratava de uma visão do santo Irmão.

 

Impugnado pelos demônios

 

Sebastião sofreu muitas impugnações do demônio. Nas clarissas do México os combates contra o maligno eram tão fortes, que a abadessa lhe pôs dois homens para sua defesa, porém,  saíram tão fracos e aterrados por dois leões, que por nada do mundo aceitaram voltar para cumprir tal ofício.  

 

Já do frade, segundo conta o Dr. Pareja, o demônio "lhe tirava de sua pobre cama a pouco roupa com que se cobria e, jogando-a fora pela janela do dormitório, o deixava duro de frio quase ao ponto de tirar-lhe a vida. Outras vezes, dando-lhe grandes golpes, o atormentava e enfraquecia;  outras o o pegava e arremessava para o alto, deixando-o cair como quem joga uma bola,  para o inquietar e atormentar;   de forma que muitas vezes se viu desconsolado e aflito".  

 

Os ataques continuaram em muitas ocasiões. Em uma delas, os demônios lhe disseram que iam derrubá-lo porque Deus lhes havia dado ordem de fazê-lo. Ao que respondeu Sebastião muito tranqüilo:  "Pois se Deus os mandou, o que esperais?  Fazei o que Ele os manda, que eu estou muito feliz de fazer o que a Deus agrada".  

 

CONSOLADO POR ANJOS

 

Também recebeu consolações do céu.  Teve visões de São Francisco e do apóstolo São Tiago, que lhe confirmaram em sua vocação. Teve grande devoção aos anjos, especialmente ao de sua guarda e experimentou muitas vezes seus favores. 

 

Uma vez se lhe atolou a carreta no barro e se lhe apresentou um jovem vestido de branco para oferecer sua ajuda.  "Que ajuda me podeis dar, lhe disse,  quando oito bois não podem movê-la!".  Porém, quando vê que o jovem tirou o carro com toda facilidade, comenta em voz alta: "Certamente que não sois daqui!"

 

Regressava frei Sebastião com seu carro bem carregado, de Tlaxcala a Puebla, quando se  lhe rompeu um eixo. Não havendo no momento remédio humano possível, invoca a São Francisco, e o carro continuou rodando como antes. E a um que lhe disse assombrado ao ver esta cena: "Padre Aparício,  que diremos disto?", lhe contesta simplesmente:  "Quê havemos de dizer, senão que meu pai São Francisco vai segurando a roda para que não caia".  

 

SUA RELAÇÃO COM AS  CRIATURAS

 

Em certa ocasião, carregando pedras para a construção do convento de Puebla, a um boi exausto teve que desuni-lo. Frei Sebastião, para continuar com o trabalho,  tomou com seu cordão franciscano a uma vaca que estava por ali com seu terneiro e, sem que ela resistisse,  lhe pôs o jugo da carreta. Ao terneirinho que protestava sem cessar com grandes e consecutivos mugidos, lhe pediu silêncio, e ele calou.   

 

Regressando uma vez de Atlixco com algumas carretas bem carregadas de trigo, se detém frei Aparício para descansar, momento em que uma imensidão de formigas aproveitam para fazer seu trabalho. "Padre,  disse um índio, as formigas estão furtando o trigo a toda pressa, e se não o remediar, levarão tudo".  Frei Sebastião se aproxima e com ar sério, diz às formigas:  "De São Francisco é o trigo que estão furtando;  agora, olhem o que estão fazendo!". Foi o suficiente para que as  formigas devolvessem tudo que haviam furtado. 

 

Conta-se que durante uma outra viagem,  deitou-se sobre um formigueiro de formigas bravas. Quando acordou-se,  estas haviam feito um grande  círculo em seu redor. 

 

FINAL DA VIDA

 

Aos 98 anos sentiu que iria morrer por causa de uma hérnia. Chegou ao convento e caiu prostrado no solo ao modo de São Francisco.  Pediu aos franciscanos que rezassem o credo e  quando diziam: "Creio na ressureição da da carne e na vida eterna", caiu morto.

 

Muitíssimos habitantes da Puebla assistiram a  seu enterro. Duas vezes foi desenterrado seu cadáver e nas duas apareceu incorrupto.  968 milagres foram documentados em  seu processo de beatificação,  promulgada em 1789.  Atualmente, seu corpo incorrupto descansa em uma urna de cristal no convento franciscano de Puebla dos Angeles no México. 

 

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São Sharbel Makhluf (1828-1898)

 

Ermitão do rito católico maronita, é o primeiro libanês canonizado pela Sé Apostólica nos tempos modernos,  09 de outubro de 1977 pelo Papa Paulo VI.

 

Grande amante da  Eucaristia e da  Virgem Santíssima. Exemplo de  vida consagrada e de ermitão. Deus quis manifestar sua glória por meio desse  humilde eremita. Grande quantidade de  milagres ocorrem por sua intercessão. Diz-se no Oriente que numerosas  de suas  imagens milagrosamente produzem azeite de oliva,  que se utiliza na oração pelos enfermos. Além de ser bem conhecido no oriente Médio e  em toda a Igreja, na América é particularmente venerado no México a  partir da imigração maronita que começou no século XIX. Sua devoção e propaga na atualidade mui rapidamente pelo número crescente de milagres atribuídos à sua intercessão. Parece que Deus deseja utilizar este santo com o sinal de  seu desejo de  unificar o Oriente com o Ocidente.

 

Nasceu no povoado de Beka'kafra,  a 140 km do Líbano,  capital libanesa, em  08 de maio de 1828. Era o quinto filho de Antun Makhlouf o Brigitte Chidiac, uma piedosa família campesina.  Foi batizado após oito dias na Igreja de Nossa Senhora, em sua cidade natal, recebendo por nome Yusef (José).  Aos três anos o pai de Yusef foi inscrito no exército turco na guerra contra os egípcios e morreu quando regressava para casa. Sua mãe foi quem cuidou da família, sendo um exemplo de virtude e de fé. Passado algum tempo, ela casou-se de novo com um homem devoto que posteriormente iria ser ordenado sacerdote. (No rito maronita,  homens casados podem ser escolhidos para o sacerdócio).

 

Yusef ajudou a  seu padrasto no ministério sacerdotal. Já desde jovem era ascético e de  profunda oração. Yusef estudou na  pequena escola paroquial do povoado.  À idade de 14 anos foi pastor de  ovelhas, quando aperfeiçoou-se na oração. Retirava-se com freqüência a uma cova que descobriu próxima às pastagens para adentrar-se em horas de oração. Por isso, era alvo de zombaria de outros jovens pastores. Dois de  seus tios maternos eram ermitãos pertencentes à Ordem Libanesa Maronita. Yusef acudia a eles com freqüência para aprender sobre a vida religiosa e especialmente a vida monástica.

 

Aos 20 anos de idade, Yusef é o sustento da sua casa. Sendo o tempo de  contrair matrimônio, sente-se chamado à outro tipo de vida. Depois de três anos de espera, escutou a voz do Senhor: “Deixa tudo, vem e segue-me”.  Assim,  numa manhã do ano 1851 se  dirige ao convento de Nossa Senhora de Mavfouq, onde foi recebido como postulante. Ao entrar no noviciado, renuncia ao seu nome batismal e  escolhe como nome de consagração: Sharbel.

 

Algum tempo depois  foi enviado ao Convento de Annaya, onde professou os votos perpétuos como monge, em 1853. O enviaram imediatamente ao Mosteiro de São Cipriano de Kfifen, onde realizou seus estudos de filosofia e teologia, levando uma vida exemplar de oração e apostolado, entre estes, o cuidado dos  enfermos, o pastoreio das  almas e  o trabalho manual em coisas  mui humildes.

 

Sharbel  recebeu autorização para a  vida ermitã em 13 de fevereiro de 1875. Deste momento até sua morte, ocorrida na ermida dos Santos Pedro e  Paulo  na véspera de Natal do ano 1898,  dedicou-se inteiramente à oração (rezava 7 vezes ao dia a Liturgia das Horas),  as  asceses, a  penitência e  o trabalho manual. Comia uma vez ao dia e  levava consigo o cilício.

 

O padre Sharbel alcançou a  celebridade depois de sua morte, ocorrida em 24 de dezembro de  1898. Deus quis assinalar a este santo numerosos prodígios: Seu corpo se mantém incorrupto e seu sangue, ocorrem prodígios de luz, constatados por muitas pessoas. O povo venerava como santo, ainda que a hierarquia e seus próprios superiores, proibissem seu culto formal enquanto a Igreja não pronunciasse  seu veredicto.

 

Dado o  constante culto do povo, o Padre Superior Geral Ignácio Dagher  solicitou ao Papa Pio XI em 1925, a abertura do processo de beatificação do Padre Sharbel. Foi beatificado durante o fechamento do Concílio Vaticano II, em 5 de dezembro de  1965, pelo Papa Paulo VI, que disse: “Um ermitão da  montanha libanesa está inscrito no número dos Bem-Aventurados ... Um novo membro da  santidade  monástica enriquece com seu exemplo e  com sua intercessão a  todo o povo cristão.  E pode nos fazer entender, em  um mundo fascinado pelas  comodidades e  pela riqueza, o grande valor da pobreza, da  penitência e  do ascetismo, para libertar a  alma em sua ascensão a Deus”.

 

Em 09 de outubro de  1977, durante o Sínodo Mundial dos Bispos, o Papa canonizou ao P. Sharbel com a seguinte proclama:

 

“Em honra à Santa e Individual Trindade, para a  exaltação da fé católica e promoção da vida cristã, com a  autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo,  dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e nossa, depois de  madura deliberação e  após implorar intensamente a ajuda divina... decretamos e definimos que o beato Sharbel Makluf é SANTO, e o inscrevemos no catálogo dos santos, estabelecendo que seja venerado como santo com piedosa devoção em toda a Igreja.  Em nome do Pai,  do Filho e  do Espírito Santo”.

 

ORAÇÃO

 

Deus, infinitamente santo e glorificado por meio de  teus santos. Tu que inspiraste o santo monge e ermitão Sharbel para que vivesse e  morresse em perfeita  união com Jesus Cristo,  dando-se a força para renunciar ao mundo e  fazer triunfar de sua ermida, ao heroísmo de  suas virtudes monásticas:  pobreza, obediência e santidade. Te imploramos nos concedas a  graça de  te  amar e  servir seguindo seu exemplo. Deus Todo-Poderoso, Tu que tens manifestado o poder da intercessão  de São Sharbel através de  seus numerosos milagres e  favores,  concedei-nos a  graça que te imploramos por sua intercessão (fazer o pedido). Amém.  (Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória)

 

Reflexões:

 

A vergonha e  o respeito humano são barreiras que devemos transpor corajosamente, especialmente quando  tratamos das coisas de Deus. Será que nos é tão difícil benzer-se em via pública, quando passamos na frente da Casa de Deus,  ou de um cemitério, ou antes de uma refeição num restaurante?  Se relutamos nisso, não é por outra razão que não pelo respeito humano,  constrangimento ou vergonha.  Grandes testemunhos cristãos são originários de pequenos gestos, pequenos hábitos que transmitem o grande significado da nossa fé.  

 

Pastor de ovelhas com apenas 14 anos, São Sharbel não envergonhava-se em dedicar muitas horas de oração em meio ao seu ofício cotidiano.  As zombarias dos outros jovens não lhe afetavam os ouvidos, muito menos a sua fervorosa postura cristã.  Resta perguntar hoje quem eram os jovens que outrora gracejavam;  sequer sabemos seus nomes. A certeza que temos é que morreram, retornaram ao pó e compareceram ao tribunal de Cristo. Com quê constrangimento viram gravadas suas histórias: o que pensavam ser engraçado era...  muito sério!

 

Peçamos a intercessão de São Sharbel para que, com a mesma sabedoria, enfrentemos tais situações com coragem e determinação,  e que sejamos agraciados já nesta vida, da plena visão nas coisas divinas, para que possamos sufocar as ilusões e preceitos terrenos.

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Beato Stefano Bellezini (1774-1840)

 

Nasceu em Trento, em 25 de novembro de 1774. Aos 18 anos vestiu o hábito agostiniano no convento de São Marcos. Passou pois  pelo noviciado de Bolonha, tendo seguido a  Roma e de novo a  Bolonha para os estudos de filosofia e da teologia.  Por ocasião da invasão das tropas napoleônicas teve de abandonar o Estado pontifício, retornando a Trento, onde no ano de 1797 foi ordenado. Viveu no convento de São Marco ao final de 1809, ano em que o Mosteiro foi fechado por ocasião da supressão religiosa operada pelo governo da região.

 

Retornando à família, dedica-se à assistência de jovens, fazendo da própria casa  uma escola gratuita. Continua esta atividade até o retorno do governo austríaco, conquistando em breve tempo a estima e consideração do povo e isso estendeu-se à autoridade civil,  que o nomeou Inspetor Geral da Escola  de Trento.

 

Padre Stefano decidiu, porém,  permanecer fiel à sua profissão religiosa.  Diante da  impossibilidade de concretizar isso na  sua cidade, já que o governo não permitia a  reabertura do convento de São Marco, abandona a  carreira escolar e refugia-se à Bolonha, no estado Pontifício, onde em breve espaço se reabilita na vida religiosa.  A autoridade civil de Trento, apressadamente o convida a retornar, respondendo resolutamente que encontra-se unido à Deus através dos votos religiosos e  que sua amadíssima Mãe é a  Religião.

 

Foi excelente mestre do noviciado.  Consagrou-se, os últimos anos de sua vida ao ministério paroquial de Genezzano, vindo à morrer em 2 de fevereiro de 1840.  Seu corpo repousa no Santuário do Bom Conselho, em Genezzano.  Foi proclamado beato por São Pio X em 1904. É o primeiro pároco elevado à honra dos altares.  Sua memória litúrgica se celebra em 3 de fevereiro.

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Ven. Maria de Jesus Ágeda (1602-1665)

 

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Santa Ágape