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VIA-SACRA NO COLISEU DE ROMA.

 

PRESIDIDA PELO SANTO PADRE O PAPA
JOÃO PAULO II

 

SEXTA-FEIRA SANTA DO ANO 2004

 

TEXTOS DE MEDITAÇÃO
PREPARADOS PELO PADRE ANDRÉ LOUF.

 

 

APRESENTAÇÃO

 

Anualmente, na noite de Sexta-feira Santa, memória litúrgica da Paixão do Senhor, a Igreja de Deus que está em Roma, guiada pelo seu Pastor, o Sucessor de Pedro, realiza ao pé do Coliseu o piedoso exercício do "caminho da Cruz". À comunidade cristã de Roma vêm juntar-se ao longo das catorze estações peregrinos de todo o oikumene, enquanto milhões de fiéis de todas as línguas, povos e culturas se associam à oração e meditação através dos meios radiotelevisivos.

 

Neste ano, por uma feliz coincidência de calendário, os cristãos do Oriente e do Ocidente celebram simultaneamente o grande mistério da paixão, morte e ressurreição do único Senhor de todos e, assim, vivem contemporaneamente a memória do acontecimento fontal da sua fé.

 

Neste ano, os textos bíblicos da Via-Sacra são tirados do Evangelho de S. Lucas e os textos de meditação compostos pelo Padre André Louf. Trata-se de um monge cisterciense de estrita observância, que vive já há alguns anos num ermo depois de ter desempenhado o ministério de abade na sua comunidade de Notre-Dame de Monte-des-Cats em França durante trinta e cinco anos, guiando-a no seguimento de Jesus Cristo desde os anos do Concílio Vaticano II até ao limiar do terceiro milênio: um monge radicado na Sagrada Escritura pela prática quotidiana da lectio divina, amante dos Padres da Igreja dos primeiros séculos e dos místicos flamengos; um pai de monges capaz de acompanhar os irmãos na vida espiritual e na busca diária daquele ideal de "um só coração e uma só alma" que caracterizava a comunidade apostólica de Jerusalém.

 

Ou seja, um monge cenobita, para quem solidão e comunhão estão em constante dialética existencial: solidão diante de Deus e comunhão fraterna, unificação interior e união comunitária, redução à simplicitas do essencial e abertura à pluralidade das expressões de fé vivida. Tal é o empenho diário do monge, a dinâmica da sua stabilitas numa determinada realidade comunitária, o "trabalho da obediência" (Regra de S. Bento, Prol. 2) através do qual regressar a Deus.

 

Desta fadiga libertadora do monge, que é fadiga também de todo o batizado membro da comunidade vital da Igreja, estão impregnados os textos propostos para esta Via-Sacra. Diversas vezes Jesus Se acha "sozinho", umas vezes por livre escolha, outras porque todos O abandonaram: está só no Horto das Oliveiras, face a face com o Pai; está só perante a traição de um discípulo e a negação de outro; sozinho enfrenta o Sinédrio, o julgamento de Pilatos, as zombarias dos soldados; sozinho carrega o peso da cruz; sozinho Se abandonará totalmente nos braços do Pai.

 

Mas a solidão de Jesus não é estéril; pelo contrário, brotando duma união íntima com o Pai e o Espírito, cria por sua vez comunhão entre aqueles que entram em relação vivificante com ela.

 

Assim, Jesus na sua paixão encontra o apoio fraterno do Cireneu, conhece a consolação das mulheres-discípulas que tinham subido com Ele a Jerusalém, abre as portas do seu Reino ao centurião e ao bom ladrão que sabem olhar para além das aparências, vê constituir-se ao pé da cruz o embrião da comunidade formado por sua Mãe e pelo discípulo amado.

 

Por último, mesmo no momento aparentemente de maior solidão - a deposição no sepulcro - quando o seu corpo é engolido pela terra, dá-se a passagem a uma renovada comunhão cósmica: tendo descido aos infernos, Jesus encontra a humanidade inteira em Adão e Eva, anuncia a salvação "aos espíritos que estavam no cárcere" (I Ped 3, 19) e restabelece a comunhão paradisíaca.

 

Deste modo, participar na Via-Sacra significa, para todo o discípulo de Jesus Cristo, entrar no mistério de solidão e de comunhão vivido pelo Mestre e Senhor, aceitar a vontade do Pai a seu respeito até enxergar, para além do sofrimento e da morte, a Vida sem fim que brota do peito trespassado e do sepulcro vazio.

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ORAÇÃO INICIAL

 

O Santo Padre:

 

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

 

R. Amém.

 

Irmãos e irmãs, mais uma vez nos reunimos para seguir o Senhor Jesus pelo caminho que O conduz ao Calvário. Lá encontraremos as pessoas que O seguiram até ao fim - a Mãe, o Discípulo amado, as mulheres que O seguiram durante o anúncio da boa nova... - e quantos, movidos de compaixão, procuraram consolá-Lo e aliviar a sua dor.

 

Encontraremos também aqueles que decidiram a sua morte e que Ele, num amor desmesurado, perdoou. Peçamos-Lhe que infunda no nosso coração os mesmos sentimentos que havia n'Ele (Fil 2, 5) a fim de podermos "conhecê-Lo, a Ele, à força da sua Ressurreição, e à comunhão nos seus sofrimentos, configurando-nos à sua morte para ver se podemos chegar à ressurreição dos mortos" (Fil 3, 10-11).

 

Neste ano, em que a data da Páscoa providencialmente coincide em todas as Igrejas, o nosso pensamento alarga-se a todos os discípulos de Jesus, que no mundo comemoram neste mesmo dia a sua morte e a sua deposição no túmulo.

 

Oremos:

 

(Breve pausa de silêncio)

 

Jesus, vítima inocente do pecado, acolhei-nos como companheiros do vosso caminho pascal, que conduz da morte à vida e ensinai-nos a viver o tempo que passamos na terra radicados na fé em Vós, que nos amastes e Vos entregastes a Vós mesmo por nós (Gal 2, 20). Vós sois Cristo, o único Senhor, que vive e reina pelos séculos dos séculos.

 

R. Amém.

PRIMEIRA ESTAÇÃO


Jesus no Horto das Oliveiras
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 22, 39-46

 

Jesus saiu, então, e foi, como de costume, para o monte das Oliveiras. E os discípulos seguiram também com Ele. Quando chegou ao local, disse-lhes: "Orai para que não entreis em tentação". Depois afastou-Se bruscamente deles até à distância de um tiro de pedra, aproximadamente, e, posto de joelhos, começou a orar dizendo: "Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice, não se faça, contudo, a minha vontade mas a tua".

 

Então vindo do Céu, apareceu-Lhe um anjo que O confortava. Cheio de angústia, pôs-se a orar mais instantemente e o suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra. Depois de ter orado, levantou-Se e foi ter com os discípulos encontrando-os a dormir devido à tristeza. Disse-lhes: "Porque dormis? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação".

 

MEDITAÇÃO

 

Chegado ao limiar da sua Páscoa, Jesus está na presença do Pai. Como poderia ter sido de outro modo se o seu secreto diálogo de amor com o Pai nunca cessara? "Chegou a hora" (Jo 16, 32), a hora pressentida desde o princípio, anunciada aos discípulos, que não se parece com nenhuma outra, que a todas inclui e condensa precisamente quando estão para se cumprir nos braços do Pai.

 

E inesperadamente aquela hora mete medo. Deste medo nada nos é ocultado. Mas lá, no auge da angústia, Jesus refugia-Se junto do Pai em oração. No Getsêmani, naquela noite, vive-se uma luta corpo a corpo extenuante tão áspera que, no rosto de Jesus, o suor muda-se em sangue.

 

E Jesus ousa pela última vez, diante do Pai, manifestar a angústia que O invade: "Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice, não se faça, contudo, a minha vontade mas a tua" (Lc 22, 42). Duas vontades se defrontam por momentos, para depois confluírem num abandono de amor já anunciado por Jesus: É preciso "que o mundo saiba que Eu amo o Pai, que faço como o Pai Me mandou" (Jo 14, 31).

 

ORAÇÃO

 

Jesus, irmão nosso, que, para abrir a todos os homens o caminho da Páscoa, quisestes experimentar a tentação e o medo, ensinai-nos a refugiarmo-nos junto de Vós, e a repetir as vossas palavras de abandono e adesão à vontade do Pai, que, no Getsêmani, mereceram a salvação do universo. Fazei que o mundo conheça, através dos vossos discípulos, a força do vosso amor sem limites (Jo 13, 1), do amor que consiste em dar a vida pelos amigos (Jo 15, 13). Jesus, no Horto das Oliveiras, sozinho, perante o Pai, renovastes a adesão à sua vontade.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Stabat Mater dolorosa
iuxta crucem lacrimosa,
dum pendebat Filius.

SEGUNDA ESTAÇÃO


Jesus, atraiçoado por Judas, é preso.

 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 22, 47-48

 

Ainda Jesus estava a falar quando surgiu uma multidão de gente, precedendo-os um dos doze, chamado Judas, que caminhava à frente, e aproximou-se de Jesus para O beijar. Jesus disse-lhe: "Judas, é com um beijo que entregas o Filho do Homem?"

 

MEDITAÇÃO

 

Desde a primeira vez que Judas é nomeado, aparece indicado como aquele "que veio a ser o traidor " (Lc 6, 13; cf. Mt 10, 4; / Mc 3,19); o trágico apelativo de "traidor" ficará ligado para sempre à sua lembrança. Como pôde chegar a isto um que Jesus escolhera para O seguir mais de perto? Ter-se-á Judas deixado levar por um amor contrariado por Jesus que se transformou em suspeita e ressentimento? Tal o faria crer o beijo, gesto que significa amor, mas que serviu para entregar Jesus aos soldados.

 

Ou terá sofrido uma desilusão com um Messias que se subtraía à função política de libertador de Israel do domínio estrangeiro? Judas não tardará a dar-se conta de que a sua subtil chantagem se conclui num desastre. É que ele desejara, não a morte do Messias, mas apenas que Se rebelasse e assumisse uma atitude decidida. E então: em vão chora o seu gesto e se desfaz do salário da traição (Mt 27, 4-5), porque se entrega ao desespero. Quando Jesus falar de Judas como "filho da perdição", limitar-Se-á a recordar que assim se cumpria a Escritura (Jo 17, 22).


Um mistério de iniqüidade que nos ultrapassa mas que não pode sobrepor-se ao mistério da misericórdia.

 

ORAÇÃO

 

Jesus, amigo dos homens, viestes à terra e revestistes a nossa carne, para oferecer a vossa solidariedade aos vossos irmãos e irmãs da humanidade Jesus, manso e humilde de coração, dais alívio a quantos sofrem sob o peso do seu fardel (Mt 11, 29); e no entanto a oferta do vosso amor muitas vezes foi rejeitada! Mesmo entre aqueles que Vos aceitaram houve quem Vos renegasse, quem traísse o compromisso assumido. Mas Vós nunca deixastes de amá-los, a ponto de abandonar todos os outros para ir à procura deles, com a esperança de os trazer novamente a Vós, carregados aos ombros (Lc 15, 5), ou reclinados ao peito (Jo 13, 25). Entregamos à vossa infinita misericórdia os vossos filhos tentados pelo desânimo ou pelo desespero. Concedei-lhes a graça de procurarem refúgio junto de Vós, e de "nunca desesperarem da vossa misericórdia" (Regra de S. Bento, 3, 74).

 

Jesus, Vós continuais a amar quem recusa o vosso amor e, incansável, procurais quem Vos atraiçoa e abandona.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Cuius animam gementem,
contristatam et dolentem
pertransivit gladius.

 

 

TERCEIRA ESTAÇÃO


Jesus é condenado pelo Sinédrio
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 22, 66-71

 

Quando se fez dia, reuniu-se o Conselho dos anciãos do povo, príncipes dos sacerdotes e escribas, os quais O levaram ao seu tribunal. Disseram-Lhe: "Declara-nos se Tu és o Messias". Ele respondeu-lhes: "Se vo-lo disser, não Me acreditareis e, se vos perguntar, não respondereis. Mas o Filho do Homem sentar-Se-á, doravante, à direita do poder de Deus". Disseram todos: "Tu és, então, o Filho de Deus?" Ele respondeu-lhes: "Vós o dizeis, Eu sou". Então, exclamaram: "Que necessidade temos já de testemunhas? Nós próprios o ouvimos da sua boca".

 

MEDITAÇÃO

 

Jesus está só diante do Sinédrio.

 

Os discípulos fugiram. Desorientados pela prisão à qual algum procurou reagir com a violência. Fugiu também aquele que pouco antes exclamara: "Vamos nós também, para morrermos com ele" (Jo 11, 16). O medo venceu-os. A brutalidade do fato prevaleceu sobre o seu frágil propósito. Cederam, arrastados pela corrente da vilania. Deixam que Jesus enfrente, sozinho, a sua sorte. E todavia formavam o círculo dos seus íntimos, Jesus tinha-os designado como os seus "amigos" (Jo 15, 15).

 

Agora, ao seu redor, só uma assembléia hostil, unânime em querer a sua morte. Já mais vezes se estendera sobre Jesus a sombra da morte, quando aludia à sua origem divina. Já outras vezes quem O escutava tentara lapidá-Lo. "Não é por alguma obra que Te apedrejamos - afirmavam -, é por blasfêmia, porque, sendo Tu homem, Te fazes Deus" (Jo 10, 33). Agora o Sumo Sacerdote intima-Lhe que declare, diante de todos, se é Filho de Deus ou não. Jesus não Se subtrai: com a mesma gravidade o atesta. Deste modo assina a sua própria sentença de morte.

 

ORAÇÃO

 

Jesus, testemunha fiel (Ap 1, 5), face à morte confessastes serenamente a vossa identidade divina e anunciastes o vosso regresso glorioso no fim dos tempos  para levar a cumprimento a obra que o Pai Vos confiara. Confiamos à vossa  misericórdia as nossas dúvidas, as contínuas oscilações entre ímpetos de generosidade e momentos de indolência, em que deixamos "os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza" (Mt 13, 22) sufocar a centelha que o vosso olhar ou a vossa Palavra fez saltar dos nossos corações endurecidos. Encorajai aqueles que começaram a seguir o vosso caminho, para que não se assustem diante das dificuldades e renúncias pressentidas. Recordai-lhes que sois manso e humilde de coração e é suave o vosso jugo e leve o fardo. Concedei-lhes experimentar o alívio que só Vós podeis oferecer (Mt 11, 28-30). 

 

Jesus, sereno face à morte iminente, único justo perante o injusto Sinédrio.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

O quam tristis et afflicta
fuit illa benedicta
Mater Unigeniti!

 

 

 

QUARTA ESTAÇÃO


Jesus é renegado por Pedro
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 22, 54b-62

 

Pedro seguia Jesus de longe. Como tivessem acendido uma fogueira no meio do pátio e se tivessem sentado, Pedro sentou-se no meio deles. Ora, uma criada, ao vê-lo sentado ao lume, fitando-o, disse: "Este também estava com Ele". Mas Pedro negou-o, dizendo: "Não O conheço, mulher". Pouco depois, disse outro, ao vê-lo: "Tu também és dos tais". Mas Pedro disse: "Homem, não sou". Cerca de uma hora mais tarde, um outro asseverou com insistência: "Com certeza este também estava com Ele, pois até é galileu". Pedro respondeu: "Homem, não sei o que dizes". E, no mesmo instante, estando ele ainda a falar, cantou um galo. Voltando-Se, o Senhor fixou os olhos em Pedro, e Pedro recordou-se da palavra do Senhor, quando lhe disse: "Antes de o galo cantar, negar-Me-ás três vezes". E, vindo para fora, chorou amargamente.

 

MEDITAÇÃO

 

Dos discípulos em fuga, dois voltam atrás, seguindo à distância os soldados e o seu prisioneiro. Um misto de afeto e curiosidade, talvez; falta de consciência do risco. Não demora muito que Pedro seja reconhecido: a denunciá-lo o acento Galileu e o testemunho de quem o viu desembainhar a espada no Horto das Oliveiras. Pedro refugia-se na mentira: nega tudo.

 

Não se dá conta de que assim renega o seu Senhor, desmente as suas ardentes declarações de fidelidade absoluta. Não compreende que assim nega também a sua própria identidade. Mas um galo canta, Jesus volta-Se, pousa o seu olhar sobre Pedro e dá sentido àquele canto.

 

Pedro compreende e prorrompe em lágrimas. Lágrimas amargas, mas suavizadas pela recordação das palavras de Jesus: "Não vim para condenar o mundo, mas para o salvar" (Jo 12, 47). Agora repete-as aquele olhar "misericordioso e compassivo", o mesmo olhar do Pai, "tardo na ira e grande no seu amor", que "não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos castigou segundo as nossas culpas" (Sal 103/102, 8.10). Pedro abisma-se naquele olhar. Na manhã de Páscoa as lágrimas de Pedro serão lágrimas de alegria.

 

ORAÇÃO

 

Jesus, única esperança daqueles que, frágeis e feridos, caem; Vós conheceis o que há no interior de cada homem (Jo 2, 25). A nossa fragilidade aumenta o vosso amor e suscita o vosso perdão. Fazei que, à luz da vossa misericórdia, reconheçamos os nossos passos falsos e, salvos pelo vosso amor, proclamemos as maravilhas da vossa graça. Concedei a quantos exercem autoridade sobre os irmãos que se gloriem, não de ter sido escolhidos, mas da sua fragilidade pela qual habite neles a vossa força (II Cor 12, 9).

 

Jesus, pousando o olhar sobre Pedro, suscitais lágrimas amargas de arrependimento, rio de paz de um novo batismo.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Quæ mærebat et dolebat,
pia Mater, dum videbat
Nati pœnas incliti.

 

 

QUINTA ESTAÇÃO


Jesus é julgado por Pilatos


 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 23, 13-25

 

Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes, os chefes e o povo, e disse-lhes: "Trouxestes este Homem à minha presença como andando a revoltar o povo. Interroguei-O diante de vós e não encontrei n'Ele nenhum dos crimes de que O acusais. Herodes tão-pouco, visto que no-Lo mandou de novo. Como vedes, Ele nada praticou que mereça a morte. Vou, portanto, libertá-Lo, depois de O castigar". (...) E todos se puseram a gritar: "Dá morte a esse e solta-nos Barrabás!" Este último foi metido na prisão por causa de uma insurreição desencadeada na cidade e por um homicídio. De novo Pilatos lhes dirigiu a palavra, querendo libertar Jesus. Mas eles gritavam: "Crucifica-O! Crucifica-O!" Pilatos disse-lhes pela terceira vez:"Que mal fez ele então? Nada encontrei n'Ele que mereça a morte. Libertá-Lo-ei, portanto, depois de O castigar". Mas eles insistiam em altos brados, pedindo que fosse crucificado, e os seus clamores aumentavam de violência. Pilatos, então, decretou que se fizesse o que eles pediam. Libertou o que fora preso por sedição e homicídio como eles reclamavam, e entregou-lhes Jesus para o que eles queriam.

 

MEDITAÇÃO

 

Um homem sem culpa alguma está diante de Pilatos. A lei e o direito cedem ao arbítrio de um poder totalitário, que procura o consenso das multidões. Num mundo injusto, o justo não pode senão ser rejeitado e condenado. Viva o homicida, morra Aquele que dá a vida. Liberte-se Bar-Abbà, o insurrecto chamado "filho do Pai", seja crucificado Aquele que revelou o Pai e é o verdadeiro Filho do Pai.

 

Outros, não Jesus, são os agitadores do povo. Outros, não Jesus, fizeram o que é mal aos olhos de Deus. Mas o poder teme pela sua própria autoridade, renuncia à credibilidade que lhe vem de praticar a justiça, e abdica.

 

Pilatos, a autoridade que tem poder de vida e de morte, Pilatos, que não hesitara em sufocar no sangue focos de revolta (Lc 13, 1), Pilatos, que governava com mão de ferro aquela obscura província do Império, sonhando domínios mais amplos, abdica, entrega um inocente, e com ele a própria autoridade, a uma multidão vociferante. Aquele que no silêncio Se tinha abandonado à vontade do Pai acaba assim abandonado à vontade de quem grita mais forte.

 

ORAÇÃO

 

Jesus, cordeiro inocente levado ao matadouro (Is 53, 7) para tirar o pecado do mundo (Jo 1, 29), dirigi o vosso olhar de ternura para todos os inocentes perseguidos, aos prisioneiros que gemem em cárceres infames, às vítimas do amor pelos oprimidos e pela justiça, a quantos não entrevêem o fim de um longa pena não merecida. A vossa presença, intimamente sentida, suavize a sua amargura e dissipe a escuridão da prisão. Fazei que nunca nos resignemos a ver em cadeias a liberdade que destes a todo o homem, criado à vossa imagem e semelhança.

 

Jesus, manso rei de um reino de justiça e de paz, resplandeceis vestido com um manto de púrpura: o vosso sangue derramado por amor.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Quis est homo qui non fleret,
Matrem Christi si videret
in tanto supplicio?

 

 

SEXTA ESTAÇÃO


Jesus é flagelado e coroado de espinhos
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelhos segundo São Lucas e São João Lc 22, 63-65; Jo 19, 2-3

 

Entretanto os que guardavam Jesus troçavam d'Ele e maltratavam-n'O. Cobriam-Lhe o rosto e perguntavam-Lhe: "Adivinha! Quem Te bateu?" E muitos outros insultos proferiram contra Ele. E os soldados, depois de tecerem uma coroa com espinhos, puseram-Lha na cabeça e envolveram-n'O com um manto de púrpura. Depois avançavam para Ele e diziam: "Salve, ó Rei dos Judeus"!

 

MEDITAÇÃO

 

À iníqua condenação junta-se o ultraje da flagelação. Entregue nas mãos dos homens, o corpo de Jesus é desfigurado. Aquele corpo recebido da Virgem Maria, que fazia de Jesus "o mais belo dos filhos dos homens", que irradiava a unção da Palavra - "em teus lábios se derramou a graça" (Sal 45/44, 3), é agora cruelmente dilacerado pelo azorrague.

 

O rosto transfigurado no Tabor é desfigurado no pretório: rosto de quem, insultado, não responde de quem, flagelado, perdoa de quem, tornado escravo sem nome, liberta a quantos jazem na escravidão. Jesus avança decididamente pelo caminho da dor, cumprindo na carne viva, que se torna viva voz, a profecia de Isaías: "Aos que Me feriam apresentei as costas, e a minha face aos que Me arrancavam a barba: não desviei o meu rosto dos que Me ultrajavam e cuspiam" (Is 50, 6). Profecia que se abre para um futuro de transfiguração.

 

 

ORAÇÃO

 

Jesus, "resplendor da glória do Pai e imagem da sua substância" (Heb 1, 3), aceitastes ser reduzido a um frangalho humano, um condenado ao suplício, que dá pena. Tomastes sobre Vós os nossos sofrimentos, tínheis carregado as nossas dores, éreis esmagado pelas nossas iniqüidades (Is 53, 4-5). Com as vossas feridas, sarai as feridas dos nossos pecados. Concedei a quantos são injustamente desprezados e marginalizados, a quantos foram desfigurados pela tortura ou pela doença, compreender que, crucificados convosco e como Vós para o mundo (Gal 2, 19), completam o que falta à vossa Paixão para a salvação do homem (Col 1, 24).

 

Jesus, pedaço de humanidade profanada, em Vós se revela a sacralidade do homem: arca do amor que paga o mal com o bem.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Pro peccatis suae gentis
vidit Iesum in tormentis
et flagellis subditum.

 

 

SÉTIMA ESTAÇÃO


Jesus é carregado com a Cruz
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Marcos 15, 20

 

Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto de púrpura e vestiram-Lhe as suas roupas. Levaram-n'O, então, para fora para O crucificarem.

 

MEDITAÇÃO

 

Fora. O justo, injustamente condenado, deve morrer fora: fora do acampamento, fora da cidade santa, fora da sociedade humana. Os soldados despojam-n'O e revestem-n'O: Ele já não pode dispor sequer do seu próprio corpo.

 

Carregam-Lhe sobre os ombros um madeiro, parte pesada do patíbulo, sinal de maldição e instrumento de execução capital. Madeiro de ignomínia, que pesa, como fardo extenuante, sobre os ombros curvados de Jesus. O ódio, de que está impregnado, torna insuportável o seu peso. E no entanto aquele madeiro da cruz é resgatado por Jesus, torna-se sinal de uma existência vivida e oferecida por amor dos homens. Segundo a tradição, Jesus vacila, por três vezes cairá sob aquele peso. Jesus não pôs limites ao seu amor: "tendo amado os seus, amou-os até ao fim" (Jo 13, 1). Obediente à palavra do Pai - "Amarás ao Senhor, teu Deus, com todas as tuas forças " (Dt 6, 5) - amou a Deus e cumpriu a sua vontade até ao fim.

 

ORAÇÃO

 

Jesus, rei da glória, coroado de espinhos, curvado sob o peso da cruz que mãos humanas prepararam para Vós, imprimi em nossos corações a imagem do vosso rosto coberto de sangue, para nos recordar que nos amastes até Vos entregardes Vós mesmo por nós (Gal 2, 20). Que o nosso olhar nunca se separe do sinal da nossa salvação, erguido no coração do mundo, para que, contemplando-o e crendo em Vós, não nos percamos, mas tenhamos a vida eterna (Jo 3, 14-16). Jesus, sobre os vossos ombros dilacerados pesa o patíbulo ignóbil: por vosso merecimento a cruz torna-se constelação de gemas e a árvore do Paraíso volta a ser árvore da Vida.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Quis non posset contristari,
Christi Matrem contemplari,
dolentem cum Filio?

 

 

OITAVA ESTAÇÃO

 

Jesus é ajudado pelo Cireneu a levar a Cruz

 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 23, 26

 

Quando O iam conduzindo, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e carregaram-no com a cruz, para a levar atrás de Jesus.

 

MEDITAÇÃO

 

Ainda não brilham no céu as primeiras estrelas que anunciam o sábado, mas Simão já regressa a casa do trabalho nos campos. Soldados pagãos, que nada sabem do repouso do sábado, detêm-no. Colocam sobre os seus ombros robustos aquela cruz que outros tinham prometido levar dia após dia atrás de Jesus.

 

Simão não escolhe: recebe uma ordem, sem saber ainda que acolhe um dom. É típico dos pobres nada poderem escolher, nem sequer o peso dos próprios sofrimentos. Mas é característico dos pobres ajudar outros pobres, e ali está um mais pobre que Simão: está para ser privado até mesmo da vida.

 

Ajudar sem fazer perguntas, sem demandar porquê: demasiado pesado o peso para o outro, os meus ombros, porém, ainda o regem. E isto basta. Virá o dia em que o mais pobre dos pobres dirá ao companheiro: "Vem, bendito de meu Pai, entra na minha alegria: estava esmagado sob o peso da cruz e tu Me aliviaste".

 

ORAÇÃO

 

Jesus, tomastes resolutamente o caminho que conduz a Jerusalém (Lc 9, 51); os vossos sofrimentos tornaram-Vos o guia dos homens pelo caminho da salvação (Heb 2, 10). Sois o nosso precursor pela estrada da vossa Páscoa (Heb 6, 20). Vinde em ajuda de todos aqueles que, conscientemente ou constrangidos por fatos obscuros, seguem os vossos passos, Vós que dissestes: "Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados" (Mt 5, 4), Jesus, aliviado do peso da cruz por Simão de Cirene, para que ele, ignaro companheiro no caminho do sofrimento, se tornasse vosso amigo e hóspede na morada da glória eterna.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Tui Nati vulnerati,
tam dignati pro me pati,
poenas mecum divide.

 

 

 

NONA ESTAÇÃO


Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 23, 27-31

 

Seguiam-n'O uma grande massa de povo e umas mulheres que se lamentavam e choravam por Ele. Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: "Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos, pois virão dias em que se dirá: 'Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram'. Hão-de então dizer aos montes: 'Caí sobre nós!', e às colinas: 'Cobri-nos'. Porque se tratam assim a madeira verde, o que acontecerá à seca?"

 

MEDITAÇÃO

 

O cortejo do condenado avança. Como escolta: soldados e um punhado de mulheres em lágrimas, mulheres que subiram da Galileia a Jerusalém com Ele e os discípulos. Conhecem aquele homem. Ouviram a sua palavra de vida, amam-n'O como mestre e profeta. Esperavam que fosse Ele quem havia de libertar Israel? (Lc 24, 21).

 

Não o sabemos, mas agora choram por aquele homem como se chora por uma pessoa amada, como Ele tinha chorado pelo amigo Lázaro. Ele irmana-as no seu sofrimento, uma nova luz ilumina a dor que sentem. A voz de Jesus fala de juízo, mas chama à conversão; anuncia sofrimentos, mas como as dores de um parto. A madeira verde há-de reaver a vida e a madeira seca terá parte nela.

 

ORAÇÃO

 

Jesus, rei glorioso, coroado de espinhos, o rosto coberto de sangue e escarros, ensinai-nos a buscar incessantemente o vosso rosto (Sal 27/26, 8) para que a sua luz ilumine o nosso caminho (Sal 89/88, 16); ensinai-nos a discerni-lo sob os traços do homem ferido pela doença, prostrado pelo desânimo, envilecido pela injustiça. Fazei que estejam impressos nos nossos olhos os traços do vosso rosto amável, de que vossos "irmãos mais pequeninos" (Mt 25, 40) são um luminoso reflexo, sacramento da vossa presença no meio de nós. Jesus, acompanhado até à colina do Calvário por um cortejo de mulheres em lágrimas: elas conheceram o vosso rosto de luz, a vossa palavra de graça.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.


Eia, mater, fons amoris,
me sentire vim doloris
fac, ut tecum lugeam.

 

 

DÉCIMA ESTAÇÃO


Jesus é crucificado
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 23, 33.47b

 

Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n'O a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. (...) O centurião deu glória a Deus, dizendo: "Verdadeiramente, este homem era justo!"

 

MEDITAÇÃO

 

Uma colina fora da cidade, um abismo de dor e humilhação. Suspenso entre o céu e a terra está um homem: cravado na cruz, suplício reservado aos amaldiçoados de Deus e dos homens. Junto d'Ele, outros condenados que já não são dignos do nome de homem. E no entanto Jesus, que sente o seu espírito a abandoná-Lo, não abandona os outros homens, estende os braços para acolher a todos, Ele que já ninguém quer acolher.

 

Desfigurado pela dor, ferido pelos ultrajes, o rosto daquele homem fala ao homem de uma outra justiça. Derrotado, escarnecido, difamado aquele condenado restitui a dignidade a todo o homem: A quanta dor pode levar o amor! Por quanto amor, o resgate de toda a dor! "Verdadeiramente, aquele homem era justo" (Lc 23, 47b).

 

ORAÇÃO

 

Jesus, no seio do vosso povo, só um pequenino rebanho, ao qual aprouve ao Pai dar o seu Reino (Lc 12, 32), Vos reconheceu como Senhor e Salvador mas o vosso Espírito depressa fará deles testemunhas "em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até aos confins do mundo" (Atos 1, 8). Concedei àqueles que pela terra inteira anunciam a vossa Palavra, ousadia (Fil 1, 14) e liberdade (Flm 8) gloriosas, pelas quais o vosso Espírito irrompe com a força da Páscoa e a linguagem da cruz, escândalo aos olhos do mundo, torna-se sabedoria para aqueles que acreditam (I Cor 1, 17ss).

 

Jesus a vossa morte, oblação pura para que todos tenham a vida, revelou a vossa identidade de Filho de Deus e Filho do homem.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Fac ut ardeat cor meum
in amando Christum Deum,
ut sibi complaceam.

 

 

DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO


Jesus promete o seu Reino ao bom ladrão
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 23, 33-34.39-43

 

Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n'O a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: "Perdoa-lhes, ó Pai, porque não sabem o que fazem". (...)Um dos malfeitores, que tinham sido crucificados, insultava-O, dizendo: "Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também". Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: "Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça pois recebemos o castigo que as nossas ações mereciam, mas Ele nada praticou de condenável". E acrescentou: "Jesus, lembra-Te de mim quando estiveres no teu reino". Ele respondeu-lhe: "Em verdade te digo: Hoje estarás Comigo no Paraíso".

 

MEDITAÇÃO

 

O lugar do Calvário, sepulcro de Adão, o primeiro homem, patíbulo de Jesus, o homem novo. O madeiro da cruz, instrumento de morte exibida, arca de perdão concedido. Junto de Jesus, que passou por entre o povo fazendo o bem, dois homens condenados por terem feito o mal. Outros dois tinham pedido para estarem um à direita e outro à esquerda de Jesus, declararam-se inclusive dispostos a sofrer o mesmo batismo, a beber do mesmo cálice (Mc 10, 38-39).

 

Mas, nesta hora, não estão aqui, outros os precederam no lugar do Calvário. Destes um invoca um Messias que Se salve a Si mesmo e a eles dois, ali e já, o outro recomenda-se a Jesus para que Se lembre dele quando entrar no seu Reino.

 

Quem compartilha as zombarias da multidão não recebe resposta, quem reconhece a inocência de um condenado à morte obtém uma promessa imediata de vida.

 

ORAÇÃO

 

Jesus, amigo dos pecadores e dos publicanos (Mt 9, 11; 11, 19; Lc 15, 1-2), Vós viestes salvar, não os justos, mas os pecadores (Mt 9, 13) e quisestes dar-nos a prova do vosso "amor desmedido" (Ef 2, 4 Vulgata) e da abundância da vossa misericórdia, aceitando morrer por nós quando éramos ainda pecadores (Rom 5, 8). Pousai sobre nós o vosso olhar de bondade e, depois de termos saboreado a amargura purificadora da humilhação, acolhei-nos nos vossos braços, seguros da misericórdia paterna, e transformai com o vosso perdão a lama do pecado em veste de glória. Jesus, proclamado inocente por um malfeitor, companheiro de pena: para Vós e para o vosso companheiro chegou a hora de entrar no Reino.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Sancta Mater, istud agas,

Crucifixi fige plagas
cordi meo valide.

 

 

DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO

 

Jesus na Cruz, a Mãe e o Discípulo.

 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São João 19, 25-27

 

Junto da cruz de Jesus, estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria de Magdala. Ao ver sua mãe e, junto dela, o discípulo que Ele amava, Jesus disse a sua mãe: "Mulher, eis aí o teu filho". Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua mãe". E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-A em sua casa.

 

MEDITAÇÃO

 

Em redor da cruz, gritos de ódio, ao pé da cruz, presenças de amor.

 

Está ali, firme, a mãe de Jesus. Com ela, outras mulheres, unidas no amor pelo moribundo. Junto dela, o discípulo amado, não outros. Só o amor soube superar todos os obstáculos, só o amor perseverou até ao fim, só o amor gera outro amor.

 

E ali, aos pés da cruz, nasce uma nova comunidade, ali, no lugar da morte, surge um novo espaço de vida: Maria acolhe o discípulo como filho, o discípulo amado acolhe Maria como mãe. "Acolheu-a como um dos seus bens mais queridos" (Jo 19, 27), tesouro inalienável do qual se fez guardião. Só o amor pode guardar o amor, só o amor é mais forte do que a morte (Ct 8, 6).

 

ORAÇÃO

 

Jesus, Filho dileto do Pai, aos tormentos sofridos na cruz junta-se o de ver junto de Vós a vossa Mãe abatida pela dor. Confiamo-Vos a desolação e a revolta dos pais desvairados diante dos sofrimentos ou da morte de um filho; confiamo-Vos o desalento de tantos órfãos, de filhos abandonados ou deixados sozinhos. Vós estais presente nos seus sofrimentos como o estáveis na cruz, junto da Virgem Maria. Venha o dia do encontro, quando toda a lágrima será enxugada e a alegria não terá fim. Jesus, moribundo na cruz confiais a Mãe ao Dileto, o Apóstolo virgem, à Virgem pura que Vos trouxe no seio.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Fac me vere tecum flere,
Crucifixo condolere,
donec ego vixero.

 

 

DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO


Jesus morre na Cruz
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 23, 44-46

 

Por volta da hora sexta, as trevas cobriram toda a terra, até à hora nona, por o sol se haver eclipsado. O véu do Templo rasgou-se ao meio, e Jesus exclamou, dando um grande grito: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". Dito isto, expirou.

 

MEDITAÇÃO

 

Depois da agonia do Getsêmani, Jesus, na cruz, está de novo diante do Pai.


No auge de um sofrimento indizível, Jesus volta-Se para Ele, reza-Lhe. A sua oração é primeiramente uma imploração de misericórdia para os algozes. Depois, aplicação a Si mesmo da palavra profética dos Salmos:manifestação de um sentimento de abandono dilacerante, que chega no momento crucial, quando se experimenta com todo o ser o desespero a que conduz o pecado que separa de Deus.

 

 Jesus bebeu até às borras o cálice da amargura. Mas daquele abismo de sofrimento eleva-se um grito que rompe a desolação: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23, 46). E o sentimento de abandono muda-se em entrega nos braços do Pai; o último respiro do moribundo torna-se grito de vitória, a humanidade, que se afastara na vertigem da auto-suficiência, é de novo acolhida pelo Pai.

 

ORAÇÃO

 

Jesus, irmão nosso, com a vossa morte reabristes-nos a estrada que a culpa de Adão fechara. Precedestes-nos no caminho que conduz da morte à vida (Heb 6, 20). Tomastes sobre Vós o medo e os tormentos da morte, mudando radicalmente o seu sentido: invertestes o desespero que eles provocam, fazendo da morte um encontro de amor. Confortai aqueles que hoje estão para empreender o mesmo caminho que Vós. Tranqüilizai aqueles que procuram evitar o pensamento da morte. E quando chegar para nós também a hora dramática e bendita, acolhei-nos na vossa alegria eterna, não por causa dos nossos méritos, mas em virtude das maravilhas que a vossa graça realiza em nós.

 

Jesus, ao exalar o último respiro, entregais a vida nas mãos do Pai e derramais sobre a Esposa o dom vivificante do Espírito.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Vidit suum dulcem Natum
morientem, desolatum,
cum emisit spiritum.

 

 

DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO


Jesus é depositado no sepulcro
 

V. Nós Vos Adoramos, JESUS CRISTO, e Vos bendizemos.

 

R. Que pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

 

Evangelho segundo São Lucas 23, 50-54

 

Um membro do Conselho, chamado José, homem reto e justo, não tinha concordado com a decisão nem com o procedimento dos outros. Era natural de Arimatéia, cidade da Judéia, e esperava o Reino de Deus. Foi ter com Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus e, descendo-o da cruz, envolveu-O num lençol e depositou-O num sepulcro talhado na rocha, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Era o dia da Preparação e já brilhavam as luzes do sábado.

 

MEDITAÇÃO

 

Primeiras luzes do sábado. Aquele que era a luz do mundo desce ao reino das trevas. O corpo de Jesus é engolido pela terra, e com ele é engolida toda a esperança. Mas a sua descida à mansão dos mortos não é uma descida para a morte mas para a vida. É para reduzir à impotência aquele que detinha o poder da morte, o diabo (Heb 2, 14), para destruir o último inimigo do homem, a própria morte (I Cor 15, 26), para fazer resplandecer a vida e a imortalidade (II Tim 1, 10), para anunciar a boa nova aos espíritos prisioneiros (I Ped 3, 19).
 

Jesus desce até alcançar o primeiro casal humano, Adão e Eva, curvados sob o fardo da sua culpa. Jesus estende-lhes a mão e o rosto deles ilumina-se com a glória da ressurreição. O primeiro Adão e o Último são parecidos e reconhecem-se; o primeiro reencontra a própria imagem n'Aquele que havia de vir um dia libertá-lo juntamente com todos os outros (Gen 1, 26). Aquele Dia finalmente chegou. Agora, em Jesus, cada morte pode, a partir daquele momento, desaguar na vida.

 

ORAÇÃO

 

Jesus, Senhor rico de misericórdia, fizestes-Vos homem para Vos tornar nosso irmão, e, com a vossa morte, vencer a morte. Descestes aos infernos para libertar a humanidade, para fazer-nos novamente viver convosco, ressuscitados chamados a sentar-se nos Céus junto de Vós (cf. Ef 2, 4-6). Bom Pastor, que nos guiais às águas tranqüilas, tomai-nos pela mão ao atravessarmos as sombras da morte (Sal 23/22, 2-4), para ficarmos convosco e contemplar eternamente a vossa glória (Jo 17, 24). Jesus, envolvido num lençol e depositado no sepulcro, esperai que, rolada a pedra, o silêncio da morte seja quebrado pelo júbilo do aleluia perene.

 

R. A Vós o louvor e a glória para sempre.

 

Todos:


Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como é no céu. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.

 

Em Latim:

 

Pater noster, qui es in cælis; sanctificetur nomen tuum; adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo.

 

Quando corpus morietur
fac ut animae donetur
paradisi gloria. Amen.

 

 

O Santo Padre fala aos presentes.


No final do discurso, o Santo Padre dá a Bênção Apostólica:

 

V. Dominus vobiscum.
R. Et cum spiritu tuo.

 

V. Sit nomen Domini benedictum.
R. Ex hoc nunc et usque in sæculum.

 

V. Adiutorium nostrum in nomine Domini.
R. Qui fecit cælum et terram.

 

V. Benedicat vos omnipotens Deus,
Pater a et Filius a et Spiritus a Sanctus.
 

R. Amen.