A Hora da Morte.
Um dia, vi duas estradas: uma larga, atapetada de areia e flores, cheia de alegria e de música e de vários prazeres. As pessoas caminhavam por essa estrada dançando e se divertindo — chegavam ao fim, sem se aperceberem disso. E, no final dessa estrada, havia um enorme precipício, ou seja, o abismo do inferno. Essas almas caíam às cegas na voragem desse abismo; à medida que iam chegando, assim tombavam. E seu número era tão grande que não era possível contá-las. E avistei uma outra estrada, ou antes, uma vereda, porque era estreita e cheia de espinhos e de pedras, por onde as pessoas seguiam com lágrimas nos olhos e sofrendo dores diversas. Uns tropeçavam e caíam por cima dessas pedras, mas logo se levantavam e iam adiante. E no final da estrada havia um magnífico jardim, repleto de todos os tipos de felicidade e aí entravam todas essas almas. Já no primeiro momento, esqueciam-se de seus sofrimentos. (Diário de Santa Faustina Nº 153.)
“Muitas vezes, faço companhia a almas agonizantes, peço para elas confiança na misericórdia divina e suplico a Deus aquela grande abundância da graça de Deus que sempre vence. A Misericórdia de Deus atinge o pecador de maneira surpreendente e misteriosa às vezes no último instante. Exteriormente vemos como se tudo estivesse perdido, mas não é assim. A alma, iluminada pelo forte raio de uma extrema graça divina, dirige-se a Deus no último instante com tanta força de amor que imediatamente recebe de Deus [o perdão] das culpas e dos castigos, e exteriormente não nos dá nenhum sinal nem de arrependimento nem de contrição, visto que já não reage a coisas exteriores. Oh! quão inconcebível é a Misericórdia de Deus. Mas oh! horror − existem também almas que voluntária e conscientemente afastam essa graça e a desprezam. Embora já em meio à própria agonia, Deus misericordioso dá à alma esse momento de luz interior com que, se a alma quiser, tem a possibilidade de voltar a Deus. Mas, muitas vezes, as almas têm tamanha dureza de coração que conscientemente escolhem o Inferno, anulam todas as orações que as outras almas fazem por elas a Deus, e até os próprios esforços de Deus...” (Diário de Santa Faustina nº 1698)
Em determinado momento, fui chamada para o julgamento divino. Achei-me diante do Senhor, face a face. Jesus estava com a aparência que tinha na Paixão. Após um momento, desapareceram as Chagas, e ficaram apenas cinco: nas mãos, nos pés e no lado. Imediatamente, vi todo o estado da minha alma, da forma como Deus a vê. Vi claramente tudo o que não agradava a Deus. Não sabia que é preciso prestar contas ao Senhor, mesmo de faltas tão pequenas. Que momento! Quem poderá descrevê-lo? — Encontrar-se diante do Três Vezes Santo! — Jesus perguntou-me: “Quem és?” Respondi: “Sou Vossa serva, Senhor”. “És culpada de um dia de fogo no purgatório”. Queria jogar-me imediatamente nas chamas de fogo do purgatório, mas Jesus deteve-me e disse: “O que preferes: sofrer agora por um dia, ou, por pouco tempo, na terra?”. Respondi: “Jesus, quero sofrer no purgatório e quero sofrer na terra os maiores tormentos, ainda que seja até o fim do mundo”. Jesus disse: “Será suficiente uma só coisa. Tu descerás à terra e sofrerás muito, mas não por muito tempo, e cumprirás a Minha vontade e os Meus desejos, e um fiel servo Meu te ajudará a cumpri-los”. Agora reclina a tua cabeça sobre Meu peito, sobre o Meu Coração, e tira dele força e vigor para todos os sofrimentos, porque em nenhum lugar encontrarás alívio, ajuda ou consolo. Deves saber que muito, muito, terás que sofrer, mas não te assustes com isso: Eu estou contigo. (Diário de Santa Faustina Nº 36)