Os Atos de Misericórdia para com o próximo - Ação, Palavra e a Oração.
“Sei, Minha filha, que as compreendes e fazes tudo que está ao teu alcance, mas escreve-o para muitas almas que às vezes se preocupam por não possuírem bens materiais, para com elas praticar a misericórdia. A misericórdia do espírito, porém, tem um mérito muito maior e para a mesma não é preciso ter nem autorização nem depósito, é acessível a todos. Se a alma não praticar a misericórdia de um ou de outro modo, não alcançará a Minha Misericórdia no dia do Juízo. Oh! Se as almas soubessem armazenar os tesouros eternos, não seriam julgadas, prevenindo o Meu julgamento com Obras de Misericórdia.” (Diário, N°1317).
“Minha filha, se por teu intermédio peço aos homens o culto à Minha Misericórdia, por tua vez deves ser a primeira a distinguir-te pela confiança na Minha Misericórdia. Estou exigindo de ti atos de misericórdia, que devem decorrer do amor para Comigo. Deves mostrar-te misericordiosa com os outros, sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te. Eu te indico três maneiras de praticar a misericórdia para com o próximo: a primeira é a ação, a segunda a palavra e a terceira a oração. Nesses três graus repousa a plenitude da Misericórdia, pois constituem uma prova irrefutável do amor por Mim. É deste modo que a alma glorifica e honra a Minha Misericórdia. Sim, o primeiro domingo depois da Pascoa é a Festa da Misericórdia, mas deve haver também ação, e estou exigindo o culto à Minha Misericórdia pela solene celebração desta Festa e pela veneração da Imagem que foi pintada. Por meio desta Imagem concederei muitas graças às almas. Ela deve lembrar as exigências da Minha Misericórdia, porque mesmo a fé mais forte de nada serve sem as obras.” (Diário, N°742).
"O médico não permitiu que eu fosse à capela para a devoção da Paixão; embora tivesse um ardente desejo, fiquei rezando no meu próprio quarto. De repente, ouvi a campainha no quarto vizinho, entrei e prestei um favor a uma pessoa gravemente doente. Quando voltei ao meu quarto, vi de repente Nosso Senhor, que me disse: Minha filha, destes-Me a maior alegria prestando-me esse serviço do que se tivesses rezado por muito tempo. Eu respondi: “Não foi a Vós, meu Jesus, que prestei um serviço, mas a esse doente.” - E respondeu-me o Senhor: Sim, Minha filha, tudo o que fazes ao próximo - é a Mim que o fazes." (Diário N°1029)
"O Senhor deu-me a conhecer Sua vontade como que em três matizes, mas é uma só coisa. O primeiro é aquele no qual as almas separadas do mundo, arderão em sacrifício diante do Trono de Deus e pedirão misericórdia para o mundo inteiro... E pedirão a bênção para os sacerdotes e, por sua oração, prepararão o mundo para a última vinda de Cristo. O Segundo é a oração unida com a obra de misericórdia. Especialmente defenderão do mal as almas das crianças. A oração e as obras de misericórdia encerram em si tudo que essas almas devem fazer; e na sua comunidade podem ser aceitas até as mais pobres, e, no mundo egoísta, procurarão despertar o amor, a misericórdia de Jesus. O Terceiro é a oração e a atitude de misericórdia não obrigatórias por voto, mas, pela realização, as pessoas possam participar de todos os méritos e privilégios da Comunidade. A este grupo podem pertencer todas as pessoas que vivem no mundo. O membro deste grupo deve praticar ao menos uma obra de misericórdia por dia, mas pode haver muitas, pois cada um, por mais pobre que seja pode realizá-las com facilidade, porque existe uma tríplice forma de praticar a misericórdia: em primeiro a palavra misericordiosa — pelo perdão e pelo consolo; em segundo — quando não é possível pela palavra; pela oração — e isso também é misericórdia; terceiro — obras de misericórdia. E, quando vier o último dia, seremos julgados segundo tais disposições e, de acordo com isso, receberemos a sentença eterna" (Diário, N° 1155 a 1158).
“Hoje, durante a devoção da Paixão, vi Jesus martirizado, coroado de espinhos, nas mãos segurava um caniço. Jesus permanecia calado e os soldados rivalizavam em atormentá-Lo. Jesus não dizia nada, apenas olhava para mim. Nesse olhar senti o Seu martírio, tão terrível que nós nem fazemos idéia, do que Jesus sofreu por nós antes de ser crucificado. A minha alma estava cheia de dor e saudade. Senti na alma uma grande aversão pelo pecado e a minha menor infidelidade se apresenta como uma elevada montanha, e procuro desagravá-Lo pela mortificação e por penitências. Quando vejo Jesus martirizado, o meu coração se dilacera e penso o que será dos pecadores se não souberem tirar proveito da Paixão de Jesus. Na Sua Paixão vejo todo um mar de Misericórdia.” (Diário, N°948)
“Minha filha, quero ensinar-te como deves salvar as almas pelo sacrifício e pela oração. Pela oração e pelo sofrimento salvarás mais almas do que o missionário apenas pelos ensinamentos e sermões. Quero ver-te como vítima de amor vivo, que só assim tem poder diante de mim. Deves ser aniquilada, destruída, vivendo como morta, no mais oculto do teu ser. Deves ser destruída nesse recôndito que o olhar humano jamais atinge, e então serás um sacrifício agradável a Mim, um holocausto cheio de doçura e perfume, e o teu poder será grande para todo aquele por quem intercederes. Exteriormente, o teu sacrifício deve ter esta aparência: oculto, silencioso, repleto de amor, embebido de oração. Exijo de ti, Minha filha, que o teu sacrifício seja puro e cheio de humildade, para que Eu possa ter predileção por ele. Não te pouparei a Minha graça, para que possas cumprir o que estou exigindo de ti.
Agora te ensinarei em que vai consistir esse holocausto na vida diária, para te livrar da ilusão. Aceitarás com amor todos os sofrimentos. Não te preocupes, se o teu coração, muitas vezes, sentir aversão e má vontade para com esse sacrifício. Todo o seu poder está contido na vontade e, portanto, esses sentimentos contrários não diminuirão a Meus olhos esse sacrifício, mas até o aumentarão o seu valor. Fica sabendo que o teu corpo e a tua alma muitas vezes se sentirão em fogo. Ainda que em certas horas não me sintas, Eu estarei junto de ti. Não temas, a Minha graça estará contigo…” (Diário, N° 1767)
1934. Em determinado momento, quando vim à cela eu estava tão cansada que, primeiro, tive que descansar um momento antes de tirar a roupa, e, quando já estava despida, uma das irmãs pediu-me que lhe trouxesse água quente. Apesar do cansaço, vesti-me bem depressa e levei a água que ela desejava, embora da cozinha até a cela fosse um bom trecho, cheio de lama, que me chegava até os tornozelos. Quando regressei à minha cela vi um cibório com o Santíssimo Sacramento e ouvi esta voz: Pega este cibório e leva-o ao sacrário. A princípio hesitei, mas depois me aproximei e, quando toquei o cibório, ouvi estas palavras: Com o mesmo amor com que te aproximas de Mim, aproxima-te de cada uma das irmãs, e tudo o que lhes fizeres — fazes a Mim. Um momento depois vi que estava sozinha. (Diário de Santa Faustina, N°285)
Uma vez conheci uma pessoa que pretendia cometer um pecado grave. Pedi ao Senhor que me fizesse sofrer os maiores tormentos para que aquela alma fosse salva. Então, de repente, senti a dor terrível de uma coroa de espinhos na cabeça. Isso demorou bastante, mas aquela pessoa permaneceu na graça de Deus. Ó meu Jesus, com quanta facilidade nos podemos santificar — é preciso apenas um pouquinho de boa vontade. Se Jesus percebe na alma esse pouquinho de boa vontade, apressa-se em entregar-se à alma, e nada pode detê-Lo, nem os erros, nem as quedas — absolutamente nada. Jesus tem pressa em ajudar a essa alma e, se a alma é fiel a essa graça de Deus, em pouco tempo pode atingir o mais alto grau de santidade que uma criatura é capaz de alcançar aqui na terra. Deus é muito generoso e a ninguém nega a Sua graça — até dá mais do que Lhe pedimos. A fidelidade às inspirações do Espírito Santo — é o caminho mais curto. (Diário de Santa Faustina, N°291)