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Sobre Conventos e Igrejas.

 

No final da via-sacra que eu estava rezando, Nosso Senhor começou a se queixar das almas religiosas e sacerdotais, da falta de amor nas almas eleitas. – Permitirei que sejam destruídos conventos e igrejas. – Respondi: “Jesus, mas tantas almas Vos glorificam nos conventos”. – O Senhor respondeu: Essa glória fere o Meu Coração, porque o amor foi expulso dos conventos. Almas sem amor e dedicação, almas cheias de egoísmo e amor-próprio, almas orgulhosas e presunçosas, almas cheias de perversidade e hipocrisia, almas tíbias, que têm calor apenas para elas mesmas manterem-se vivas. O Meu Coração não pode suportar isso. Todas as graças que diariamente derramo sobre elas, escorrem por elas como por uma rocha. Não posso suportá-las porque não são boas nem más. Instituí os conventos para santificar por eles o mundo. Deles deve brotar uma forte chama de amor e sacrifício. E se não se converterem e não se inflamarem do amor primitivo, Eu os entregarei ao extermínio deste mundo... Como poderão sentar-se na prometida sede do julgamento do mundo, se as suas culpas são mais graves que as do mundo – se não há penitência nem reparação? ... Ó coração que Me recebeste pela manhã e já ao meio-dia suspira ódio contra Mim sob as mais diversas formas! Ó coração escolhido especialmente por Mim, será que foste escolhido pra Me fazeres sofrer mais? Os grandes pecados do mundo ferem o Meu Coração como que superficialmente, mas os pecados da alma eleita transpassam o Meu Coração... (Diário de Santa Faustina nº 1702)

 

Quando quis interceder por eles, não pude encontrar nada para sua justificação e, não podendo pensar em nada naquele momento para sua defesa, a dor apertou-me o coração e eu chorava amargamente. Então, o Senhor olhou-me bondosamente e consolou-me com estas palavras: "Não chores, existe ainda um grande número de almas que Me amam muito, mas o Meu Coração deseja ser amado por todos, e, porque o Meu amor é grande, por isso os ameaço e castigo." (Diário de Santa Faustina nº 1703)

 

Resumo do Catecismo sobre os votos religiosos

 

P. O que é o voto?

R. O voto é uma promessa voluntária, feita a Deus, de realizar a ação mais perfeita.

 

P. O voto obriga em coisas ordenadas pelos mandamentos?

R. Sim. A realização da ação em coisas ordenadas pelos mandamentos é de dúplice valor e mérito, enquanto sua negligência é uma dupla transgressão e maldade, porque, quando se transgride o voto, se acrescenta então ao pecado contra o mandamento ainda o pecado do sacrilégio.

 

P. Por que os votos religiosos têm valor tão elevado?

R. Porque constituem o fundamento da vida religiosa, aprovada pela Igreja, na qual os membros, unidos numa sociedade religiosa, se comprometem a buscar incessantemente a perfeição através dos três votos religiosos: da pobreza, castidade e obediência, de acordo com as regras.

 

P. O que significa buscar a perfeição?

R. Buscar a perfeição significa que o estado religioso por si só não exige perfeição já adquirida, mas obriga, sob pena de pecado, ao trabalho diário para consegui-la. Portanto, o religioso que não queira aperfeiçoar-se negligencia a principal obrigação do seu estado.

 

P. O que são votos religiosos solenes?

R. Os votos religiosos solenes são tão estritos que, apenas em casos extraordinários, só o próprio Santo Padre pode dispensá-los.

 

P. O que são votos simples?

R. São votos menos rigorosos. Dos perpétuos e anuais dispensa a Santa Sé.

 

P. Qual a diferença entre o voto e a virtude?

R. O voto abrange apenas o quem é ordenado sob pena de pecado, ao passo que a virtude se eleva mais alto e facilita o cumprimento do voto. E ao contrário – transgredindo o voto, comete-se uma falta e uma transgressão a virtude.

 

P. A que obrigam os votos religiosos?

R. Os votos religiosos obrigam a buscar as virtudes e a total submissão aos superiores e às regras, em virtude em virtude do que o religioso entrega a sua pessoa à Ordem, renunciando a todos os direitos sobre si próprio e as suas atividades que dedica ao serviço de Deus.

 

Do voto de pobreza

 

O voto de pobreza é a espontânea renúncia ao direito à propriedade, ou ao seu uso, com o objetivo de agradar a Deus.

 

P. Que bens estão relacionados com o voto da pobreza?

R. Todos os bens e objetos pertencentes à Congregação. Não se tem direito ao que foi dado, coisas ou dinheiro, desde que tenha sido aceito. Todos os donativos ou presentes a título de gratidão ou outro, pertencem à Congregação. Quaisquer ganhos pelo trabalho, ou mesmo rendas, não podem ser utilizados sem violar o voto.

 

P. Quando se transgride ou viola o voto segundo o sétimo mandamento?

R. Transgride-se quando, sem permissão, alguém se apodera, para si ou para outros, de uma coisa pertencente à casa. Quando se retêm alguma coisa sem permissão, com objetivo de apoderar-se dela. Quando, sem autorização, se vende ou se troca alguma coisa pertencente à Congregação. Quando se utiliza uma coisa para outro fim, que não o indicado pelas Superioras, ou quando se dá a alguém, ou se aceita sem licença. Quando, por negligência, destrói-se ou estraga alguma coisa. Quando, transferindo-se de uma casa a outra, leva-se alguma coisa sem permissão. Nos casos de transgressão do voto da pobreza, o religioso é igualmente obrigado à restituição à Congregação.

 

Da Virtude de Pobreza

 

É uma virtude evangélica que obriga o coração a desprender-se dos apegos às coisas temporais; a ela, o religioso, em virtude da profissão, está estritamente obrigado.

 

P. Quando se peca contra a virtude da pobreza?

R. Quando se desejam coisas contrárias a essa virtude. Quando se tem apego a alguma coisa, quando se usa de coisas supérfluas.

 

P. Quantos e quais são os graus de pobreza?

R. Praticamente, são quatro os graus de pobreza na profissão. Não dispor de algo independente dos superiores (matéria estrita de voto). Evitar o supérfluo, contentar-se com as coisas indispensáveis (constitui a virtude). De boa vontade dar preferência às coisas piores, e isto com satisfação interior tais como a cela, o vestuário, a alimentação, etc. Alegrar-se com a indigência. 

 

Do voto de Castidade

 

P. A que obriga esse voto?

R. A renunciar ao casamento e a evitar tudo que seja proibido pelo sexto ou pelo nono mandamento.

 

P. A falta contra a virtude é violação do voto?

R. Toda a falta contra a virtude é ao mesmo tempo violação do voto, porque aqui não existe a diferença entre o voto e a virtude como na pobreza ou na obediência.

 

P. Todo mau pensamento é pecaminoso?

R. Nem todo mau pensamento é pecaminoso, mas torna-se tal quanto à consideração da mente une-se a aquiescência da vontade e o consentimento.

 

P. Além dos pecados contrários à pureza, existe alguma coisa que traz prejuízo à virtude?

R. Traz prejuízo à virtude a dissipação dos sentidos e da imaginação e a liberdade dos sentimentos, a familiaridade e as amizades particulares.

 

P. Quais são as maneiras de preservar a virtude?

R. Subjugar as tentações interiores com o pensamento da presença de Deus e também com a luta sem temor. E quanto às tentações exteriores, evitar as ocasiões. Geralmente existem sete maneiras principais. Vigiar os sentidos, evitar as ocasiões, evitar a ociosidade, afastar rapidamente as tentações, evitar todas as amizades particulares, ter o espírito da mortificação, revelar todas as tentações ao confessor. Além disso existem cinco meios de garantir a virtude: a humildade, o espírito de oração, a preservação da modéstia, a fidelidade à Regra, a sincera devoção à Santíssima Virgem Maria. 

 

Do voto de Obediência

 

O voto de obediência é superior aos dois primeiros, porque ele propriamente constitui uma oferta total, um holocausto, e é o mais necessário, porque constrói e vivifica todo o organismo da vida religiosa.

 

P. A que obriga o voto de obediência?

R. O religioso, através do voto de obediência, promete a Deus que obedecerá aos legítimos superiores em tudo que lhe ordenarem de acordo com as regras. O voto de obediência torna o religioso dependente do superior em virtude das regras, em toda a sua vida e em todas as questões. — O religioso comete pecado grave contra o voto todas as vezes que não obedece a uma ordem dada (43) em virtude da obediência ou das regras.

 

Da virtude da Obediência

 

A virtude da obediência eleva-se acima do voto e abrange as regras, os regulamentos e até mesmo os conselhos dos superiores.

 

P. A virtude da obediência é indispensável ao religioso?

R. A virtude da obediência é tão necessária ao religioso que, mesmo que faça o bem, se o fizer contrariando a obediência, [os seus atos] tornam-se maus, ou sem mérito.

 

P. Pode-se pecar gravemente contra a virtude da obediência?

R. Peca-se gravemente quando se despreza a autoridade, ou a ordem do superior, e quando da desobediência decorrer prejuízo espiritual ou temporal para a congregação.

 

P. Que faltas ameaçam o voto?

R. Preconceitos e antipatias para com o superior, murmurações e críticas; lentidão e negligência.

 

Graus da Obediência

 

Execução pronta e plena. — Obediência da vontade, quando a vontade leva a mente a submeter-se ao juízo do superior. Santo Inácio apresenta, além disso, três meios que facilitam a obediência. No superior, quem quer que ele seja, ver sempre a Deus. Justificar diante de si mesmo a ordem ou a opinião do superior. Aceitar toda ordem como se fosse de Deus, sem discutir ou analisar. O meio geral é a humildade. Não há coisas difíceis para o humilde. (Diário de Santa Faustina nº 93).

 

Pecados da língua.

 

A língua é um membro pequeno, mas realiza grandes coisas. A religiosa que não sabe calar-se nunca atingirá a santidade, ou seja, jamais será santa. Que não se iluda — a não ser que através dela esteja falando o Espírito de Deus; neste caso, não é permitido calar-se. Mas, para ouvir a voz de Deus, é preciso ter o silêncio na alma e permanecer em silêncio, não com um silêncio sombrio, mas com o silêncio na alma, isto é, estar recolhido em Deus. Pode-se falar muito e não interromper o silêncio e, ao contrário, pode-se falar pouco e sempre romper o silêncio. Oh, que dano irreparável implica a inobservância do silêncio! Faz-se um grande mal ao próximo, porém ainda maior à própria alma. (Diário de Santa Faustina N° 118).

 

Do meu ponto de vista e experiência, a regra do silêncio deveria estar em primeiro lugar. Deus não se comunica à alma tagarela que, como o zangão na colmeia, zumbe muito, mas não fabrica mel. A alma tagarela é vazia interiormente. Não há nela nem virtudes sólidas, nem familiaridade com Deus. Não há nela condições para levar uma vida mais profunda, para a doce paz e silêncio, em que reside Deus. A alma que não saboreou a doçura do silêncio interior é um espírito inquieto e perturba o silêncio dos outros. Vi muitas almas nos abismos do inferno por não terem observado o silêncio. Elas mesmas me disseram isso, quando lhes perguntei qual tinha sido a causa da sua perdição. Eram almas de religiosas. Meu Deus, que grande dor, pois afinal poderiam não apenas estar no céu, mas até mesmo serem santas! Ó Jesus, Misericórdia! Tremo quando penso que devo prestar contas da minha língua. Nela está a vida, mas também a morte; muitas vezes matamos com a língua, cometemos verdadeiros homicídios, e ainda consideramos isso como coisa pequena? Realmente, não compreendo consciências assim. Conheci uma pessoa que, tendo sabido de certa coisa que dela se falava... adoeceu gravemente, e resultou disso que perdeu muito sangue e derramou muitas lágrimas. E esse triste resultado não foi causado por uma espada, mas apenas pela língua. Ó meu Jesus silencioso, tende misericórdia de nós! (Diário de Santa Faustina N° 119).