Os atributos de Deus
† Durante o Advento, despertou no meu coração uma grande saudade de Deus. O meu espírito ansiava por Deus com toda a força do meu ser. Nesse tempo o Senhor concedeu-me muitas luzes, para conhecer os Seus atributos. O primeiro atributo que o Senhor me deu a conhecer é a Sua santidade. Essa santidade é tão elevada que tremem diante Dele todas as potestades e virtudes. Os espíritos puros cobrem o seu rosto e mergulham em incessante adoração, e têm apenas uma palavra para expressar a maior honra, isto é “Santo...” A santidade de Deus derrama-se sobre a Sua Igreja e sobre toda a alma que nela vive — embora nem sempre com a mesma intensidade. Existem almas inteiramente divinizadas, porém há também outras que tão somente vivem. O segundo atributo que o Senhor me deu a conhecer é a Sua justiça. E esta é tão imensa e penetrante que atinge o fundo do ser, e tudo diante Dele é manifesto em toda a nudez da verdade, e nada Lhe pode resistir. O terceiro atributo é o amor e a misericórdia. E compreendi que o amor e a misericórdia é o maior atributo. É ele que une a criatura ao Criador. O mais imenso amor e abismo da misericórdia eu reconheço na Encarnação do Verbo, na Sua Redenção; e foi aqui que conheci que este é o maior atributo em Deus. (Diário, 180).
“Tudo o que é nobre e belo está em Deus (...). Ó sábios do mundo e grandes inteligências, conhecei que a verdadeira grandeza está em amar a Deus” (Diário, 990).
“A verdadeira grandeza da alma está no amor a Deus e na humildade” (Diário, 427).
“Jesus, Vós me dais a conhecer e compreender em que consiste a grandeza da alma: não em grandes ações, mas em um grande amor. O amor tem valor e ele dá grandeza aos nossos atos. Embora as nossas ações sejam banais e vulgares por si mesmas, pelo amor tornam-se importantes e poderosas diante de Deus” (Diário, 889).
“Quando a alma se aprofunda no abismo da sua miséria, Deus utiliza Sua onipotência para enaltecê-la. Se existe na Terra uma alma verdadeiramente feliz, é apenas a alma verdadeiramente humilde. De início, sofre muito com isso o amor próprio, mas Deus, após o corajoso combate, concede à alma muitas luzes, pelas quais ela conhece como tudo é desprezível e cheio de ilusão” (Diário, 593).
“Para a alma humilde estão abertas as comportas do Céu, e cai sobre ela um mar de graças (...). Deus nada nega a uma alma assim. Uma alma assim é onipotente, ela influi no destino do Mundo inteiro. Deus exalta uma alma assim até o Seu Trono e, quanto mais ela se rebaixa, tanto mais Deus se inclina para ela, persegue-a com Suas graças e acompanha-a em todos os momentos com Seu poder. Uma alma assim está unida com Deus da maneira mais profunda” (Diário, 1306).
“...no coração puro e humilde reside Deus, que é a própria Luz, e todos os sofrimentos e adversidades existem para que se manifeste a santidade da alma” (Diário, 573).
“... a humildade é tão só a verdade. Na autêntica humildade não existe servilismo. Embora me considere a menor em todo o convento, alegro-me com a dignidade de esposa de Jesus” (Diário, 1502).
“... três virtudes devem adornar-te especialmente: humildade, pureza de intenção e amor” (Diário, 1779).
Ó Deus inconcebível, como é imensa a Vossa misericórdia! Ela ultrapassa todo o entendimento humano e angélico juntos. Todos os anjos e homens saíram das entranhas da Vossa misericórdia. A misericórdia é a flor do amor. Deus é amor; e a misericórdia, a Sua obra. No amor se concebe; na misericórdia se manifesta. Tudo que vejo me fala da Sua misericórdia. Até a própria justiça de Deus fala-me da Sua imperscrutável misericórdia, porque a justiça nasce do amor. (Diário de Santa Faustina N° 651)
“Exteriormente, o teu sacrifício deve ter esta aparência: oculto, silencioso, repleto de amor, embebido de oração. Exijo de ti, Minha filha, que o teu sacrifício seja puro e cheio de humildade, para que Eu possa ter predileção por ele. (...) Aceitarás com amor todos os sofrimentos. Não te preocupes, se o teu coração, muitas vezes, sentir aversão e má vontade para com esse sacrifício. Todo o seu poder está contido na vontade e, portanto, esses sentimentos contrários não diminuirão a Meus olhos esse sacrifício, mas até o aumentarão o seu valor.” (Diário, 1767).
“Sei, Minha filha, que as compreendes e fazes tudo que está ao teu alcance, mas escreve-o para muitas almas que às vezes se preocupam por não possuírem bens materiais, para com elas praticar a misericórdia. A misericórdia do espírito, porém, tem um mérito muito maior e para a mesma não é preciso ter nem autorização nem depósito, é acessível a todos. Se a alma não praticar a misericórdia de um ou de outro modo, não alcançará a Minha misericórdia no dia do Juízo. Oh! Se as almas soubessem armazenar os tesouros eternos, não seriam julgadas, prevenindo o Meu julgamento com obras de misericórdia.” (Diário, 1317).
“Minha filha, se por teu intermédio peço aos homens o culto à Minha misericórdia, por tua vez deves ser a primeira a distinguir-te pela confiança na Minha misericórdia. Estou exigindo de ti atos de misericórdia, que devem decorrer do amor para Comigo. Deves mostrar-te misericordiosa com os outros, sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te. Eu te indico três maneiras de praticar a misericórdia para com o próximo: a primeira é a ação, a segunda a palavra e a terceira a oração. Nesses três graus repousa a plenitude da misericórdia, pois constituem uma prova irrefutável do amor por Mim. É deste modo que a alma glorifica e honra a Minha misericórdia. Sim, o primeiro domingo depois da Pascoa é a Festa da Misericórdia, mas deve haver também ação, e estou exigindo o culto à Minha misericórdia pela solene celebração desta Festa e pela veneração da Imagem que foi pintada. Por meio desta Imagem concederei muitas graças às almas. Ela deve lembrar as exigências da Minha misericórdia, porque mesmo a fé mais forte de nada serve sem as obras.” (Diário, 742).
“Ó meu Deus, quanta pena tenho das pessoas que não creem na vida eterna, como rezo por elas para que também elas sejam envolvidas pelo raio da misericórdia e mereçam o abraço paterno de Deus” (Diário, 780).
“... conduzida por um Anjo, fui levada às profundezas do Inferno. (...) Eu teria morrido vendo esses terríveis tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus. Que o pecador saiba que será atormentado com o sentido com que pecou, por toda a eternidade. Estou escrevendo isso por ordem de Deus, para que nenhuma alma se escuse dizendo que não há Inferno, ou que ninguém esteve lá e não sabe como é. Percebi, no entanto, uma coisa: o maior número das almas que lá estão é justamente daqueles que não acreditavam que o Inferno existisse. Quando voltei a mim, não podia me refazer do terror de ver como as almas sofrem terrivelmente ali e, por isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores” (Diário, 741).
“Encontrei-me num lugar enevoado, cheio de fogo e, dentro deste, uma multidão de almas sofredoras. Essas almas rezavam com muito fervor, mas sem resultado para si mesmas; apenas nós podemos ajudá-las. (...) O maior sofrimento delas era o anseio de Deus. Vi Nossa Senhora que visitava as almas no Purgatório. As almas chamam a Maria “Estrela do Mar.” Ela lhes traz alívio” (Diário, 20).
“... Hoje estive no Céu, em espírito, e vi as belezas inconcebíveis e a felicidade que nos espera depois da morte. Vi como todas as criaturas prestam incessantemente honra e glória a Deus. Vi como é grande a felicidade em Deus, que se derrama sobre todas as criaturas, tornando-as felizes: e então toda a glória e honra procedente da felicidade voltam à sua fonte e penetram na profundeza de Deus, contemplando a Sua vida interior. (...) Essa Fonte de felicidade é imutável em sua essência, mas sempre nova, jorrando para a felicidade de toda criatura” (Diário, 777).
“Não tenho muitas visões desse tipo, mas mais frequentemente convivo com o Senhor de maneira mais profunda. Os sentidos ficam adormecidos e, ainda que de um modo invisível, todas as coisas se tornam mais reais e mais claras do que se as visse com os meus olhos. A mente conhece mais num momento desses do que por longos anos de profunda reflexão e meditação, tanto em relação à natureza de Deus, como em relação às verdades reveladas, e também quanto ao conhecimento da própria miséria” (Diário, 882).
“Na minha vida há instantes e momentos de conhecimento interior, ou seja, luzes divinas pelas quais a alma recebe um ensinamento interior sobre coisas que nem leu em livros, nem foi instruída por qualquer pessoa. São momentos de conhecimento interior, que o próprio Deus concede à alma. São grandes mistérios” (Diário, 1102).
“Deus aproxima-se da alma duma maneira especial, conhecida apenas por Ele e pela alma. Ninguém percebe essa união misteriosa. Nessa união preside o amor e é só o amor que realiza tudo. Jesus se comunica com a alma de forma delicada e doce e, no Seu âmago, há a paz. Jesus lhe concede muitas graças, torna a alma capaz de participar dos Seus pensamentos eternos e, algumas vezes, desvenda à alma Seus divinos desígnios” (Diário, 622).
“... O Senhor, se exige alguma coisa da alma, dá-lhe a possibilidade de executá-la e, pela graça, torna-a capaz de realizar o que dela exige. E, assim, ainda que a alma seja a mais miserável, pode por ordem do Senhor empreender coisas que ultrapassam o seu entendimento. O sinal pelo qual se pode conhecer que o Senhor está com essa alma é que nela se manifesta esse poder e essa força de Deus que a torna corajosa e valente. Quanto a mim, sempre de início me atemorizo um pouco com a grandeza do Senhor, mas depois penetra na minha alma uma paz profunda e imperturbável, uma força interior para o que o Senhor está exigindo em determinado momento” (Diário, 1090).
“Deus se comunica à alma de maneira amorosa e a atrai para a profundeza inescrutável da Sua divindade, mas, ao mesmo tempo, a deixa aqui na Terra unicamente para que sofra e agonize de anseio por Ele. E esse amor forte é tão puro que o próprio Deus se deleita nele, e o amor-próprio não tem parte nas suas ações, (...) e assim [a alma] é capaz de grandes feitos por Deus” (Diário, 856).
“As almas eleitas são como luzes em Minhas mãos, luzes que lanço na escuridão do mundo e o ilumino. Como as estrelas iluminam a noite, assim as almas eleitas iluminam a Terra, e quanto mais perfeita é a alma, tanto mais luz lança em torno de si e alcança mais longe. Pode ser oculta e desconhecida até pelos mais próximos, porém a sua santidade reflete-se nas almas até nos mais distantes confins do mundo” (Diário, 1601).
“Abri o Meu Coração como fonte viva de misericórdia; que dela tirem vida todas as almas, que se aproximem desse mar de misericórdia com grande confiança. Os pecadores alcançarão justificação, e os justos serão confirmados no bem” (Diário, 1520).
“A conversão e a perseverança são uma graça da Minha misericórdia. (...) As graças da Minha misericórdia coIhem-se com o único vaso, que é a confiança. Quanto mais a alma confiar, tanto mais receberá” (Diário, 1578).